Grão-de-bico é alternativa para diversificar lavouras

Tatiane Bertolino
Tatiane Bertolino

#souagro| Cultura ainda incipiente no Brasil, o grão-de-bico, leguminosa rica em proteína, pode ser uma alternativa de uso em sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta e também para diversificar lavouras, inclusive por agricultores familiares e médios produtores rurais.

É o que mostrou o dia de campo realizado pela Embrapa e o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) na Embrapa Hortaliças (DF) neste mês, com participação de 180 pessoas, entre produtores rurais, técnicos, professores e estudantes.

No local do evento, uma área de 13,5 ha que estava sem culturas, a Embrapa Cerrados  e a Embrapa Hortaliças implantaram um sistema de integração com grão-de-bico. “Estamos apresentando uma alternativa de diversificação, principalmente para o período de safrinha”, explicou Warley Nascimento, chefe geral da Embrapa Hortaliças. Ele homenageou Osmar Artiaga, produtor em Cristalina (GO), pelo pioneirismo na cultura do grão-de-bico na região.

 

Sebastião Pedro, chefe geral da Embrapa Cerrados, agradeceu a parceria com a Embrapa Hortaliças e destacou que o mundo vive um momento ímpar, no qual a produção de alimentos se mostra como a indústria mais importante da humanidade e, nesse sentido, o Brasil se materializa como um grande celeiro.

“Com o nosso clima e a amplitude de terras, temos a oportunidade, ao realizar este dia de campo, de mostrar que estamos conduzindo a produção agrícola e pecuária para um modelo sustentável, utilizando o solo da melhor forma possível. Temos aqui a oportunidade de mostrar efeito da ILPF como alternativa na sustentabilidade, na agricultura de baixo carbono, e a chance de conhecer o grão-de-bico, que faz parte de um grupo de culturas importantes que são os pulses*”, afirmou.

 

Práticas sustentáveis

O pesquisador Carlos Pacheco, da Embrapa Hortaliças, abordou, na primeira estação técnica, o Sistema Plantio Direto (SPD), que promove sequestro de carbono e aumento da resiliência dos cultivos, com melhoria da estrutura do solo e menor perda de água e nutrientes. Ele informou que foram iniciadas avaliações com o grão-de-bico na área com ILPF e em outra área com SPD. “A ideia é trazer essa cultura, que está sendo inserida no País, já para o contexto de baixa emissão de carbono, tornando nossa agricultura mais competitiva e mais sustentável”, disse, lembrando que o SPD em hortaliças foi incluído em políticas de agricultura de baixa emissão de carbono.

Pacheco também apresentou o trabalho de elaboração da parte técnica do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) para o grão-de-bico realizado pela Embrapa. O ZARC identifica, por decêndios (períodos de 10 dias), as melhores épocas e plantio e os períodos de risco mais elevado para o plantio, informações que balizam a concessão de crédito e do seguro agrícolas.

 

“É uma poderosa ferramenta de gestão de risco. Queremos reduzir ao máximo os riscos de perda da cultura por fatores ambientais. A ideia é orientar tanto o produtor como o órgão financiador como o que vai fornecer o seguro sobre os riscos relevantes da atividade, como deficiência hídrica, a ocorrência de temperaturas muito baixas, chuva excessiva na colheita e durante o desenvolvimento da lavoura, granizo e vendaval, e doenças que podem ter alguma correlação com o clima”, explicou, citando, ainda, as variáveis climáticas, os tipos de solo e os fatores relativos à cultura consideradas na construção do ZARC.

João Nicanildo dos Santos, chefe da Divisão de Fomento a Tecnologias Sustentáveis da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação (SDI) do MAPA, falou sobre agricultura de baixo carbono. Ele apontou os diferentes sistemas, práticas, produtos e processos de produção sustentável que contribuem para adaptar a agropecuária brasileira às mudanças climáticas e a mitigação dos gases de efeito estufa, com aumento da eficiência e da resiliência dos sistemas produtivos, por meio da gestão integrada da paisagem – práticas para recuperação e renovação de pastagens degradadas, SPD, manejo de resíduos da produção animal, florestas plantadas, Sistemas de ILPF e agroflorestais (SAFs), bioinsumos, sistemas irrigados e terminação intensiva de animais.

 

“Entre os benefícios, além do maior sequestro de carbono, haverá redução do desmatamento, a recuperação dos sistemas produtivos, com diminuição de erosão, maior infiltração de água e a conservação do solo. E o mais importante: estamos contribuindo para a sustentabilidade do agro, responsável por quase 30% do nosso PIB”, disse.

(Tatiane Bertolino/Sou Agro – com Embrapa)

Fonte e foto: Embrapa

(Tatiane Bertolino/Sou Agro)

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