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Mais contrabando de gado argentino é flagrado no Paraná e preocupação aumenta

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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#souagro| Em abril nós falamos aqui no Sou Agro sobre a preocupação do contrabando de gado vindo da Argentina para o Brasil. Na época, a Operação Boi Viajante da Polícia Federal no Paraná e Santa Catarina, foi deflagrada com foco no contrabando de gado vindo da Argentina para o Brasil. As investigações apontaram que aproximadamente 5,7 mil bovinos entraram ilegalmente no Brasil por meio de propriedades localizadas na divisa entre os dois países, o valor estimado ultrapassava os R$ 14 milhões.

Só que agora, meses depois, a polícia flagrou um novo contrabando de gado, desta vez, no sudoeste do Paraná. Isso não significa que haja ligação com o mesmo grupo da operação anterior, mas o crime é o mesmo.

 

O caso de agora foi na cidade de Santo Antônio do Sudoeste, as equipes receberam denúncia de que estaria acontecendo o contrabando de gado Argentino, a polícia foi até o endereço, onde encontrou o caminhão boiadeiro, saindo da Argentina e entrando o Brasil, após abordagem foi constatado que o veículo era conduzido por um homem de 18 anos, e tinha um passageiro de 23 anos.

 

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No caminhão estavam 21 cabeças de gado, sem a G.T.A. (Guia de Transporte Animal). Conforme orientação do Delegado da Polícia Federal, o condutor e o passageiro foram identificados e liberados no local, o veículo com os animais foram entregues na Receita Federal do Brasil de Santo Antônio do Sudoeste para demais providências.

 

FEBRE AFTOSA

No fim de julho a Polícia já havia realizado outra apreensão de gado argentino entrando ilegalmente no Brasil. Na época, em entrevista a jornalista Débora Damasceno, Allan Pimentel, gerente de trânsito agropecuário da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná) falou sobre a preocupação com a febre aftosa. É que em maio do ano passado, o Paraná conquistou o reconhecimento internacional como área livre de febre aftosa sem vacinação.  Mas será que estes casos de ingresso ilegal de gado podem ameaçar isso de alguma maneira?

“O primeiro risco que nós temos é o risco do ingresso do vírus da aftosa,  então um animal doente acaba ingressando no estado e acaba criando um foco numa determinada região e esse foco num raio de 15 quilômetros ele terá todos os seus animais abatidos tanto suínos quanto bovinos. Pense no prejuízo econômico que isso pode causar em uma região”, detalha Allan.

 

“A nossa principal preocupação é que devido aos aspectos econômicos que tem tido na Argentina em especial a desvalorização do peso frente ao real tem estimulado esse ingresso de forma totalmente ilegal. Lembrando que não existe forma regular, formal ou legalizada da importação desses animais devido a diferença de status sanitário. Então assim, a nossa preocupação maior é que a a devido a questões financeiras e econômicas, até mesmo o programa de vacinação obrigatório na Argentina está passando por dificuldades de execução. Então pra nós do Paraná, o risco sanitário do aumento de ingresso desses animais é realmente preocupante”, complementa Allan.

OUTRAS DOENÇAS 

Só que além da febre aftosa, existem outras doenças que geram alerta sobre a entrada ilegal de gado no Brasil: “O principal problema que eu vejo com relação a esses animais que são trazidos da Argentina, é que esses animais geralmente eles tem além da questão da gente não saber de onde veio, eles podem trazer em sua maioria outras doenças. Em especial, a tuberculose e a brucelose. O principal impacto que esses animais vindo da Argentina podem causar para o rebanho paranaense é um questionamento com relação a vigilância ativa que é feito nas fronteiras do estado. Lembrando que as fronteiras internacionais são de competência do Ministério da Agricultura. A Adapar faz uma vigilância ativa nessas áreas por justamente entender que a partir do momento que os animais ingressam no estado, o problema passa a ser do estado também”, explica Allan.

 

RISCO AO MERCADO PARANAENSE DE CARNES

Se o Paraná perder o status de livre de febre aftosa, pode também perder a conquista de mercados importantes para a carne paranaense: “É um aspecto mercadológico, esses animais na na Argentina eles devem ser obrigatoriamente vacinados contra a febre aftosa. A diferença de status significa que o Paraná fornece animais que não possuem o o antígeno ou o anticorpo contra febre aftosa, ou seja,  o animal não tem esse esse anticorpo dentro do seu organismo. E alguns mercados exigem isso. Se nós permitirmos o ingresso e a mistura, vamos dizer assim, desses animais ao nosso plantel, no caso de um exame laboratorial, pode ser identificado a presença desse antígeno. Isso significa uma quebra de um acordo comercial. Que isso sim  pode pode ter como consequência o fechamento de determinados mercados que o Paraná conquistou e mais uma vez um impacto econômico significativo em toda a cadeia de carne do estado”, diz Allan.

 

O QUE É FEITO COM OS ANIMAIS APREENDIDOS

Mas também há outros fatores preocupantes quando se fala em contrabando de gado. É que na Argentina, alguns medicamentos não autorizados no Brasil são utilizados nos rebanhos de lá e uma das preocupações é que nos animais que entram ilegalmente no Brasil, não tem como saber como foi esse uso, por isso, os animais são abatidos: “Os rebanhos comerciais, principalmente de bovinos e até mesmo os não comerciais, os de subsistência, os criadores são obrigados a fazer uma série de exames e de vacinações. Dentre eles a vacinações contra brucelose e febre aftosa. As duas principais e exames de tuberculose. Quando nós apreendemos animais que não tem origem conhecida que são o caso dos animais de origem argentina, nós não sabemos que manejos sanitários foram feitos junto a esses animais. Se os mesmos utilizaram alguma algum medicamento que é proibido no Brasil ou até mesmo anabolizantes. Por isso, que quando nós apreendemos esses animais, nós encaminhamos para abate sanitário onde que os produtos obtidos deles são destinados para o descarte, ou seja, não são destinados para consumo humano. Isso é basicamente feito pra resguardar a saúde humana. Nós não podemos permitir com que produtos com origem duvidosa seja fornecido a população. Por isso que Adapar toma iniciativa de destruir esses produtos”, detalha Allan.

REFORÇO NA FISCALIZAÇÃO

Para tentar evitar transtornos maiores e até mesmo a perda de área livre de febre aftosa, a Adapar tem unido forças para reforçar a fiscalização para que situações de contrabando de gado não se repitam: “Nós estamos monitorando possíveis outros casos de contrabando de forma permanente. A Adapar tem uma parceria muito forte com as instituições de segurança pública tanto federal quanto estadual e além disso, nós estamos numa parceria com a Receita Federal. Por que eu falo isso? Porque nós temos mecanismos,  nós temos vários mecanismos que permitem a identificação do ingresso, seja através de voos com drone, durante o período noturno, seja através de serviços de inteligência desses órgãos. Nós conseguimos identificar vários casos de ingresso ou possíveis tentativas de ingresso. Coibir isso antes que ocorra, né? então a ADAPAR ela tem atuado de forma muito presente na região de fronteira com a Argentina. E isso tem trazido esses resultados. Essa
essa apreensão dessa semana ocorreu basicamente dessa forma, aonde que o Serviço de Inteligência da Polícia Militar identificou o ingresso desses animais e montou um esquema pra fazer a apreensão dos mesmos e após a apreensão comunicou a da par pra tomar as medidas cabíveis.”, finaliza Allan.

(Débora Damasceno/Sou Agro )

 

(Fotos: Bpfron)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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