Surtos de gripe aviária deixam países em alerta e abrem oportunidades ao Brasil
#souagro| Os casos de gripe aviária estão aumentando em todo mundo, milhares de aves foram sacrificadas em várias regiões da Europa, Ásia, África e EUA por conta do vírus. A situação está complicada, inclusive, em abril os Estados Unidos e a China, confirmaram o primeiro caso de gripe aviária H3N8 em humanos. Agora, o que acontece é que novos surtos foram registrados nos EUA e na Europa, o que não é comum para este período do ano e está deixando um alerta ainda maior.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos confirmou que cerca de 3 milhões de frangos foram afetados em uma granja em Ohio, região centro-oeste do país. A fazenda já está realizando o abate das aves infectadas.
- Com avanço da colheita, preço do trigo segue em queda
- Lavouras de milho e soja devem ter alta recuperação produtiva no Sul, diz Conab
O caso acontece após vários meses sem registros de surtos da doença, que até agora já resultou no abate de 43 milhões de aves nos EUA. Além da granja em Ohio, autoridades apontaram que houve confirmação de casos em Indiana, Minnesota, Dakota do Norte e Wisconsin na última semana. Vários surtos também foram identificados nos estados ocidentais dos Estados Unidos.
O surto no início do ano que contribuiu para o aumento dos preços dos ovos e da carne pareceu se dissipar em junho, mas as autoridades alertaram na época que poderia haver uma recuperação no final do ano.
EUROPA
Na Europa esse surto fora de época também tem gerado preocupação. Por lá os casos foram na ilha de Rouzic, na costa atlântica da França, matando aves marinhas, entre elas o ganso-patola, alarmando conservacionistas e avicultores.
Como dito, os surtos costumam ocorrer no outono e inverno no Hemisfério Norte da Europa, mas com registros no verão, isso levantou o temor de que a doença se torne um risco iminente durante o ano todo.
- Agronegócio brilha em desfiles em comemoração à Independência, no Paraná
- Mapa suspende produto usado na fabricação de alimentos para animais
Entre novembro do ano passado e maio deste ano, a França foi obrigada a abater mais de 19 milhões de aves por conta da gripe aviária: “A gripe aviária está atingindo as aves marinhas na primavera e no verão, o que é totalmente novo. Tradicionalmente, a gripe aviária atinge principalmente as aves aquáticas durante o inverno”, disse Pascal Provost, diretor da reserva de aves do arquipélago de Sept-Iles, que inclui a ilha de Rouzic.
O Ministério da Agricultura da França informou que de julho pra cá, foram confirmados sete novos surtos de gripe aviária.
“A situação é excepcional – nunca encontrada na França antes – devido à sua escala e ao período em que os casos estão sendo detectados”, disse o ministério em uma publicação online, alertando sobre o risco de contaminação das granjas.
- “Não dá para explicar o que aconteceu aqui”, diz produtor que teve barracão destruído por vento em Maripá
- Bezerros são atingidos por raio e morrem no Paraná
MERCADO BRASILEIRO
Quando falamos em todos esses casos de gripe aviária espalhados pelo mundo, muita gente questiona onde o Brasil entra nessa preocupação, mas a realidade é que neste cenário, o mercado brasileiro acaba sendo beneficiado, isso porque, o risco da doença em outros países exportadores, abre oportunidades ao Brasil.
“É importante a gente dizer que o Brasil é um país livre de influenza aviária e nunca tivemos o registro dessa enfermidade aqui no nosso país. Isso faz com que o Brasil tenha um status sanitário de excelência. Com isso, o Brasil pode hoje acessar mais de 150 mercados, estamos trabalhando na abertura de novos mercados, mas o Brasil hoje já é um país que acessa o maior número de mercados no exterior”, disse o diretor de mercados da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), Luis Rua em entrevista ao Sou Agro.
- Todas as estações em uma semana: como o produtor rural deve lidar com as mudanças climáticas?
- Animal contaminado com raiva morre no Oeste do Paraná
Como os surtos de gripe aviária geraram muitos bloqueios aos países afetados, o Brasil teve abertura de muitas portas para exportação: “Nesses últimos meses com a influenza aviária banindo alguns dos nossos competidores, os Estados Unidos foram banidos de alguns países, a própria Europa também banida de alguns países que exigem esse status de excelência, o Brasil tem vindo a ocupar um pouco desses espaços. Tem aumentado as suas exportações na casa de 8% no acumulado do ano e a expectativa é que com esse status sanitário de excelência, com todo o trabalho desenvolvido de qualidade, de sustentabilidade das agroindústrias é que o Brasil possa manter um caminho bastante importante quando a gente fala das exportações, o Brasil sendo cada vez mais chamado pelo mundo a contribuir com a segurança alimentar”, finalizou Luis.
FISCALIZAÇÃO REFORÇADA NO PARANÁ
No Paraná, grande responsável pela produção avícola brasileira, os olhos se voltam para a abertura de novos mercados, mas também por redobrar os cuidados sanitários.
“Ao mesmo tempo que esses focos de influenza aviária de alta patogenicidade em outros países são uma oportunidade para o Brasil, já que esses países perdem os mercados nos quais eles exportam seus produtos. Isso preocupa bastante o serviço veterinário aqui do país, em especial aqui no Paraná em função da disseminação na entrada da doença por meio de aves migratórias, importações de produtos contaminados, pessoas de fora do sistema visitando os aviários e tendo contato com as aves aqui produzidas entre outros meios de contaminação e disseminação da doença”, disse Rafael Gonçalves Dias, Médico Veterinário e Gerente de Saúde Animal da Adapar.
- Proibição da pesca do peixe pintado é adiada para dezembro
- Grupo de mulheres se une para vender flores e ajudar uma causa nobre
Para manter o Brasil sem casos da gripe aviária, a fiscalização é intensa e as equipes estão sempre em alerta: “A agência de Defesa Agropecuária do Paraná é responsável pela vigilância e prevenção de doenças de alto impacto na saúde animal como a influenza aviária. Essa doença que além de afetar de forma significativa a nossa economia ainda pode causar sérias consequências na saúde pública, já que pode ser transmitida para as pessoas. O Brasil é um dos principais produtores de carne de frango do mundo, sendo o maior exportador e a região Sul é responsável por 65% dessa produção. Sendo o Paraná responsável por 34% da produção nacional e 40% das exportações de carne de de frango do país. Acessamos mais de 150 países e esse trabalho portanto de prevenção e vigilância devem ser permanentes em especial aqui no Paraná já que a introdução de uma doença como a influenza aviária de alta patogenicidade pode causar sérios riscos econômicos para o estado”, finaliza Rafael.
(Débora Damasceno/Sou Agro com agências)
(Foto: Envato)