Saiba mais sobre o teste que mostra se peixes são machos ou fêmeas

Tatiane Bertolino
Tatiane Bertolino

Um teste mostra se peixes são machos ou fêmeas e auxiliam na produção. Os produtores de alevinos de pirarucu  e tambaqui  poderão contar com um serviço de teste genético para a identificação do sexo desses peixes, permitindo um manejo eficaz tanto na formação de plantel de reprodutores, como na formação precoce de famílias para programas de melhoramento genético. Essa tecnologia de sexagem precoce é inédita para peixes nativos do Brasil.

É pouco confiável diferenciar o sexo apenas pela aparência dos animais. A identificação do sexo no tambaqui só é possível pela inspeção visual do peixe adulto. No caso específico do pirarucu, os métodos disponíveis são invasivos, limitados ao período reprodutivo, e de alto custo. Por isso, a tecnologia deve auxiliar as cadeias produtivas das duas espécies, ambas com enorme potencial de mercado na piscicultura nacional.

 

A nova solução tecnológica consiste em testes de sexagem molecular para identificação individual do sexo dos peixes pirarucu e tambaqui. O teste de sexagem genética de pirarucu será realizado na Embrapa Amazônia Ocidental, em Manaus (AM) e o teste de sexagem genética de tambaqui será realizado na Embrapa Pesca e Aquicultura, em Palmas (TO).

A sexagem molecular tem como vantagens oferecer acurácia no resultado e a possibilidade de ser realizada em peixes jovens, além de não ser invasiva. A tecnologia, também conhecida por genotipagem do sexo, permite a disponibilização no mercado de formas jovens já com o sexo identificado, o que agrega valor ao produto.

 

Para desenvolver os testes, os pesquisadores da Embrapa estudaram a fisiologia das espécies, com foco nos aspectos genéticos que levam os indivíduos a se tornarem machos ou fêmeas. A técnica é resultado de pesquisas realizadas em colaboração com o Institut National de la Recherche Agronomique (INRA), na França, a Universidade de Würzburgo, na Alemanha, e a Universidade de Stirling, na Escócia.

A pesquisadora Fernanda Loureiro de Almeida O’Sullivan, da Embrapa, que trabalhou na coordenação do projeto e na experimentação dos testes, considera que as parcerias com universidades e institutos de pesquisas internacionais foram fundamentais para o desenvolvimento da tecnologia, principalmente porque as pesquisas na área estão bem mais avançadas nos países em que produtos aquícolas já são tratados como commodities, como Noruega, Escócia, China e Canadá.

 

“A união de esforços com instituições é de extrema importância para acelerar o desenvolvimento dessas tecnologias”, concorda o pesquisador Mateus Contar Adolfi,  pós-doutorando na universidade alemã de Würzburgo, que contribuiu com o desenvolvimento do trabalho relacionado ao pirarucu envolvendo esta universidade e a Embrapa. “O Brasil tem uma enorme capacidade técnico-científica, além de uma das maiores costas do mundo e uma rede hidrográfica majestosa. É urgente o desenvolvimento de uma ciência aplicável à produção de peixes, assim como a utilização desse conhecimento na manutenção de espécies ameaçadas de extinção”, defende Adolfi, que, com pesquisadores da Embrapa e de outras instituições, é coautor no artigo que descreveu o marcador para machos em pirarucu.

Como funciona
A tecnologia de sexagem precoce dos peixes é baseada em marcadores moleculares do DNA associados ao sexo, utilizando a técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR, na sigla em inglês). O’Sullivan explica que essa identificação é fundamental para a reprodução do pirarucu em cativeiro, pois é necessária a formação de casais que devem ficar isolados em tanques menores para se reproduzirem. “A oferta de um teste simplificado e eficiente de sexagem de pirarucu vem finalmente amparar os produtores de alevinos a montarem seus casais corretamente, evitando erros e perdas de produção por identificação equivocada de machos e  fêmeas”, comenta.

 

O pesquisador Eduardo Sousa Varela, da Embrapa, que também participou do trabalho, destaca que a tecnologia irá beneficiar substancialmente os produtores de formas jovens de tambaqui que necessitam fazer o manejo de plantéis. Um diferencial inovador é a identificação rápida e precoce do sexo dos animais jovens e adultos, com acurácia acima de 90%. Varela ressalta que o procedimento nos animais é de baixíssima invasividade, sendo coletada uma amostra de muco ou uma amostra de 0,5 centímetro (cm) de nadadeira caudal. Com a amostra no laboratório, o resultado do sexo é gerado rapidamente.

“Esse é um teste bastante robusto e eficiente porque, com algumas amostras do animal (sangue ou nadadeira) e baseados em um teste de PCR, conseguimos identificar objetivamente machos e fêmeas”. O pesquisador destaca que o teste permitirá ao piscicultor melhor planejamento em sua atividade. “O produtor vai sair dessa zona da subjetividade para identificar o sexo de cada peixe e poder fazer um planejamento mais objetivo”. A previsão é que a adoção dos testes permitirá uma redução muito importante de custos e aumento de produtividade.

 

De acordo com os pesquisadores, a coleta de amostra para esse teste é fácil e rápida, podendo ser feita pelo próprio produtor durante o manejo dos peixes. Entretanto, eles ressaltam que cada peixe deve ser previamente identificado por meio de microchips. O teste pode ser realizado em peixes de qualquer idade e em qualquer fase do ciclo produtivo.

(Tatiane Bertolino/Sou Agro – com Embrapa)

(Tatiane Bertolino/Sou Agro)

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