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Pesquisa mostra grande potencial alimentar na farinha de sorgo

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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#souagro| Uma pesquisa da Embrapa e da Universidade Federal de Viçosa (UFV) demonstrou que a farinha integral feita com o sorgo BRS 305, desenvolvido pela Embrapa, reduziu o acúmulo de gordura  no fígado em ratos, uma condição médica conhecida como esteatose hepática.

Os cientistas ainda registraram vários outros efeitos benéficos promovidos pelo sorgo, como o auxílio no controle do excesso de gordura no organismo (adiposidade) e a redução de triglicérides e de ácido úrico. O sorgo também promoveu melhora na sensibilidade à insulina e na tolerância à glicose. Os animais analisados receberam dieta rica em gordura e em frutose, conhecida pela sigla HFHF.

 

O resultado desta pesquisa integra a tese de doutorado de Oscar David Medina Martinez e foi publicado no periódico internacional Journal of Cereal Science.

“Observamos que as alterações metabólicas ocasionadas pela dieta rica em gordura saturada e frutose foram revertidas pelo tratamento com a farinha do sorgo BRS 305, substituindo-se 50% das recomendações diárias de fibra alimentar, por dez semanas”, relata a professora Hercia Stampini Duarte Martino, do Departamento de Nutrição e Saúde da UFV.  Além desses benefícios, registrou-se nos animais tratados menor acúmulo e maior quebra de gordura corporal,  e ainda menor inflamação e estresse oxidativo no fígado e no plasma sanguíneo. O objetivo desse estudo foi verificar o efeito da farinha de sorgo BRS 305 no tratamento das alterações metabólicas ocasionadas por uma dieta rica em gordura e frutose em ratos Wistar.

 

Segundo Martino, o estudo mostra que o sorgo pode ser um alimento em potencial para contribuir na reversão dos prejuízos ao organismo ocasionados pela dieta rica em gordura saturada e frutose, característica da dieta ocidental observada nos dias atuais.

A pesquisadora Valéria Queiroz, da Embrapa Milho e Sorgo, ressalta que esses resultados estão associados à alta concentração de taninos e amido resistente, ao perfil de compostos fenólicos e à elevada capacidade antioxidante presentes nesse híbrido de sorgo.

Ela conta que a Embrapa, há mais de uma década, desenvolve pesquisas visando agregar valor nutricional e funcional aos grãos de sorgo para uso na alimentação humana. O híbrido BRS 305 foi selecionado, entre centenas de genótipos avaliados, como material superior nessas características de interesse, e seu potencial funcional vem sendo comprovado por outras pesquisas como essa.

 

“A melhora no metabolismo de glicose, associada à redução da inflamação, do estresse oxidativo e do excesso de gordura corporal, promovida pelo consumo do sorgo, é vital para a redução do risco de desenvolvimento de doenças crônicas, como a diabetes mellitus, o câncer, doenças cardiovasculares, entre outras. Portanto, o sorgo, como um alimento de baixo custo e excelente composição nutricional, pode contribuir diretamente para a saúde e a qualidade de vida da população”, complementa Hércia Martino.

Um sorgo desenvolvido para alimentação humana


O BRS 305 é um híbrido de sorgo granífero, desenvolvido pela Embrapa ainda na década de 1990, para uso na alimentação de bovinos. A pesquisadora Valéria Queiroz explica que, em 2010, a Embrapa Milho e Sorgo, em parceria com diversas universidades, iniciou uma linha de pesquisa com o objetivo de valorar e difundir o uso do sorgo na alimentação humana no Brasil. “Centenas de genótipos de sorgo, incluindo linhagens, variedades e híbridos foram avaliadas quanto à composição em substâncias bioativas. Entre esses, o híbrido BRS 305 se destacou com altos teores de compostos fenólicos totais, taninos, amido resistente e elevada capacidade antioxidante; portanto, com alto potencial de uso na produção de alimentos com alegação de propriedades funcionais, ou seja, que podem trazer benefícios para a saúde”, disse Queiroz.

Entre os resultados obtidos, um estudo em parceria com o Departamento de Nutrição e Saúde da UFV mostrou que o genótipo BRS 305 continha concentração oito vezes maior de fenólicos totais e 21 vezes maior de taninos em relação ao sorgo BRS 309, e níveis sete vezes maiores de fenólicos totais e cinco vezes maiores de taninos em relação ao sorgo BRS 310 (veja artigo). Além disso, de acordo com o melhorista de sorgo da Embrapa Cícero Beserra de Menezes, esse híbrido também apresentou características agronômicas interessantes, pois, entre 12 materiais avaliados sob deficiência hídrica, o sorgo BRS 305 foi um dos dois mais produtivos.

(Débora Damasceno/Sou Agro com Embrapa)

 

(Fotos: Embrapa)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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