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Conab segue sustentando a informação de recorde de safra no Brasil

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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#souagro| O Mato Grosso do Sul, juntamente com parte de São Paulo e os três estados do sul do país enfrentam uma das piores secas da história refletindo diretamente nos resultados da safra. Paralelo a isso temos os estados da Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro que são castigados pelo excesso de chuvas, dois cenários opostos, mas que possuem uma coisa em comum: as perdas.

Trazendo para o mundo do agronegócio, as estimativas de perdas na soja, milho e feijão por conta da seca no Paraná por exemplo, está em torno de R$ 24 bilhões, com tendência de aumento. Isto é o que diz o último levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, divulgado no começo do ano.

 

“As perdas conferidas pelos técnicos no campo estão sendo surpreendentes em evolução. Refizemos algumas contagens nos últimos dias e os valores são superiores aos que tínhamos verificado e anunciado anteriormente”, disse o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. “É uma perda muito relevante para nossa economia, certamente uma renda que fará falta.”

Vamos a uma rápida análise dos dados preliminares da safra no Paraná:

 

SOJA

De forma preliminar, estima-se que, até agora, a soja, principal cultura deste período na safra 2021/22, teve percentual de perdas de 37%. Somente nessa cultura, a estimativa de prejuízo monetário é de R$ 21,5 bilhões. Inicialmente, projetou-se colheita de pouco mais de 21 milhões de toneladas. No entanto, pelo levantamento, aproximadamente 7,9 milhões não serão mais colhidas, restando uma produção de 13 milhões de toneladas.

 

MILHO

No milho de primeira safra, a previsão ainda parcial é de que haverá quebra de 34%, baixando das 4,2 milhões de toneladas previstas inicialmente para 2,7 milhões de toneladas. Os produtores deixarão de receber R$ 2 bilhões.

 

FEIJÃO

A estimativa parcial é de redução de 107,6 mil toneladas (39%) na produção inicial de 275.795 toneladas. Em valores, as perdas devem superar R$ 429,2 milhões.

Estamos citando aqui apenas a estimativa de perdas do Paraná, mas tem todos os outros estados que também tiveram muitos reflexos  negativos por conta das condições climáticas. Inclusive nesta semana, a Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina está com agenda marcada para visitar os estados afetados pela estiagem. Além disso, uma comitiva do MAPA está fazendo um novo levantamento de perdas.

 

Pois bem, apesar de todo este cenário a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgou uma nova estimativa de safra, o relatório tem o seguinte título: “Soja e trigo garantem aumento na produção nacional de grãos”

Leia a estimativa completa

A quarta estimativa da safra 2021/22, divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nesta terça-feira (11), aponta para um crescimento na produção de grãos frente à temporada 2020/21. De acordo com o levantamento, o Brasil deve produzir um volume total de 284,4 milhões de toneladas, um incremento de 12,5% ou 32 milhões de toneladas. O destaque ficou por conta da soja, com aumento de área semeada de 3,8%, e para a safra do trigo, que foi encerrada com recorde de produção.

“As expectativas da produção do centro oeste contribuíram para a manutenção da expectativa de crescimento da produção de grãos, mesmo com as condições climáticas desfavoráveis no Sul do país, que impactarão na produção de milho primeira safra e soja, o milho ainda está estimado em 24,8 milhões de toneladas”, explica o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Sergio De Zen. “No Rio Grande do Sul, o cenário climático apresentado em dezembro de 2021 foi bastante seco em diversas regiões produtoras e prejudicou a situação de algumas lavouras. No entanto, vale ressaltar que a safra passada também foi bastante prejudicada por intempéries climáticas e por problemas fitossanitários, o que pode equilibrar os comparativos feitos entre as estimativas de produtividade e produção obtidas nesses dois períodos.” Atualmente, a produção total de milho, considerando a primeira, segunda e terceira safras, está estimada em 112,9 milhões de toneladas.

 

Com um crescimento de 3,8% na área e produção estimada de 140,5 milhões de toneladas, a soja mantém o país como o maior produtor mundial da oleaginosa. “A liderança do Brasil na agricultura mostra os avanços conquistados na produção brasileira de grãos”, ressalta o presidente da Conab, Guilherme Ribeiro. “Além da versatilidade dos produtores, que estão cada vez mais estruturados a partir de informações de inteligência agrícola da Companhia, outros ganhos são resultado da organização e da parceria de instituições públicas e privadas para o desenvolvimento tecnológico da agropecuária nacional.”

No caso do trigo, a safra 2021 foi concluída e o volume total de produção é de 7,7 milhões de toneladas. O resultado final ficou acima do obtido na temporada passada, mesmo com as adversidades climáticas, com períodos prolongados de estiagem e a incidência de geadas registradas em parte do ciclo, que reduziram o potencial produtivo. No entanto, o bom incremento de área plantada, visualizado neste ano, favoreceu o desempenho da cultura.

 

Outras culturas também apresentaram bons números, como o algodão, que obteve crescimento de 12,5% na área a ser semeada, em um total de 1,5 milhão de hectares, e com a produção de pluma estimada em 2,7 milhões de toneladas. Já o arroz teve redução de 0,7% na área a ser semeada devido ao cenário mercadológico e produção prevista de 11,38 milhões de toneladas. O feijão primeira safra seguiu a tendência e teve redução de 2% na área a ser semeada e volume 988,4 mil toneladas, já a produção total de feijão no país, somando-se as três safras, está estimada em 3,08 milhões de toneladas.

Em dezembro, com a finalização da semeadura da maioria das culturas de primeira safra, a estimativa da área total a ser cultivada no país em 2021/22 é de 72,1 milhões de hectares, um crescimento de 4,5% sobre a safra anterior. Nesse contexto, estão incluídas as culturas de segunda safra, com os plantios entre janeiro e abril, e as culturas de terceira safra, entre abril e junho. Para o cálculo das estimativas de produção das culturas de segunda e terceira safras do ciclo 2021/22, foram utilizadas metodologias estatísticas específicas, uma vez que ainda há indefinições sobre a área a ser cultivada, assim como a produtividade das culturas. As áreas destinadas às culturas de segunda e terceira safras serão atualizadas ao longo dos próximos levantamentos.

 

Com relação ao clima, o mês de dezembro fechou o ano de 2021 com grandes volumes de chuva, chegando a ultrapassar a média em diversas regiões do Brasil. “No norte de Minas Gerais e no sul da Bahia, onde esse quadro foi mais extenso, o total de chuvas foi o maior das séries históricas de dezembro, especialmente nas localidades de Lençóis, Ilhéus e Caravelas”, ressalta o gerente de Acompanhamento de Safras, Rafael Fogaça. “No Centro-Oeste, as condições atmosféricas foram favoráveis, mas no Sul, a chuva registrada não foi suficiente para atingir a média em grande parte da região, o que prejudicou a produção no estado.”

Mercado

No âmbito do mercado externo, os destaques são para o algodão em pluma, que fechou o ano com exportações acima de 2 milhões de toneladas pelo segundo ano consecutivo, número 58% acima da média dos últimos 5 anos. Já para a soja em grãos, o Brasil exportou 86,1 milhões de toneladas, superando o recorde observado para o ano de 2018.

 

Neste levantamento, a Conab também aumentou a estimativa de exportações de algodão para o próximo ano em 2,5%, esperando que seja alcançado um volume de 2,05 milhões de toneladas, enquanto que para soja, a estimativa é um novo recorde com exportações previstas em 89 milhões de toneladas. Para o milho, espera-se fechar a safra 2020/21, no acumulado de fevereiro a janeiro, em 20,5 milhões de toneladas exportadas, contra 19,2 milhões de toneladas no último levantamento. Com isso, a previsão é que o ano-safra de milho feche com estoques finais de 8,8 milhões de toneladas. Para a safra 2021/22, diante do aumento da produção e de uma moeda doméstica desvalorizada, a Conab estima que 36,7 milhões de toneladas serão exportadas. Por outro lado, para a safra 2021/22 a Companhia espera que o estoque final deverá ser de 9,6 milhões de toneladas, valor 8,7% superior ao esperado para a safra 2020/21, porém menor do que o último levantamento, considerando a redução da primeira safra de milho no ciclo 2021/22 divulgado neste levantamento.

Além disso, a Conab eleva sua projeção de importação de milho para 3,2 milhões de toneladas da safra 2020/21, e para 1,3 milhão de toneladas para a safra 2021/22, devido ao maior volume em desembaraço aduaneiro nos portos e a necessidade de abastecimento nacional, com a possibilidade da produção de milho durante a primeira safra de 2021/22 inferior ao esperado.

 

Quanto ao trigo, houve redução da estimativa de safra em relação ao último levantamento. A previsão é que os estoques de passagem fechem o ano em 280 mil toneladas, volume superior ao que foi observado na safra 2020/21, porém com redução em relação ao último levantamento, quando se previa a finalização do ano-safra com 410 mil toneladas de estoques de passagem.

Em relação aos preços dos produtos nas principais praças, observou-se, no mês de dezembro em comparação com o mês de novembro, redução de 4,5% nas cotações do arroz no RS, redução de 4,9% no preço do feijão cores SP e elevação de 2,1% no feijão preto PR, redução de 5% no preço do milho em MT e elevação de 5% no trigo do PR, elevação de 0,5% no preço da soja em MT e de 2,5% no PR e ainda a elevação de 4,8% nos preços do algodão em MT.

 

(Débora Damasceno/ Sou Agro – com Conab)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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