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Cenário da produção de leite é desafiador

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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O preço do leite pago ao produtor em dezembro de 2021, referente à captação de novembro, fechou a R$ 2,1210/litro na “Média Brasil” líquida do Cepea, recuos de 3,7% frente a novembro/21 e de 9,4% em relação ao mesmo período de 2020, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de dezembro/21).

O ano de 2021 ficará marcado pelos altos patamares de preços do leite no campo; porém, de rentabilidade baixa para o produtor. Para a indústria, 2021 será lembrado pela dificuldade de repassar a valorização da matéria-prima aos derivados, visto que a perda do poder de compra do brasileiro freou a demanda por lácteos.

 

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De acordo com as pesquisas em andamento, na “Média Brasil”, o preço do leite pago ao produtor em janeiro/22 deve permanecer próximo aos patamares de dezembro/21. Quanto à produção, os efeitos do fenômeno La Niña, com fortes chuvas no Sudeste e estiagem no Sul, devem impactar diretamente o volume de leite no campo nos próximos meses, visto que a baixa qualidade das pastagens prejudica a alimentação do rebanho.

Os custos de produção devem continuar espremendo as margens dos pecuaristas em 2022. As expectativas para os preços de grãos são de patamares um pouco mais baixos que os atuais; porém, os gastos com fertilizantes, suplementos minerais, combustível e energia devem permanecer elevados.

 

Esse cenário pode continuar reduzindo investimentos produtivos, como já ocorreu em 2021, limitando ainda mais o potencial de crescimento da atividade. Quanto à relação de troca do leite com o milho, de janeiro a dezembro, foram precisos 42,5 litros de leite para adquirir uma saca de 60 kg de milho, frente a 34 litros no mesmo período de 2020, recuo de 24,8% no poder de compra do pecuarista.

Com relação às importações de lácteos, os patamares elevados da moeda norte-americana podem limitar as aquisições em 2022, como ocorreu no ano anterior, tornando a oferta de leite mais enxuta.

 

Do lado da demanda, o cenário macroeconômico sinaliza um ano mais desafiador, por conta do alto patamar de desemprego, das elevações da inflação e da taxa de juros e do maior endividamento das famílias. A demanda por lácteos é fortemente impactada pela perda do poder de compra do consumidor brasileiro, sobretudo para produtos com maior valor agregado.

etudo para produtos com maior valor agregado. De janeiro a dezembro de 2021, as médias de preços de leite UHT e queijo muçarela subiram apenas 0,6% e 0,4% frente a 2020, respectivamente, em termos reais. A demanda enfraquecida limitou o repasse da valorização dos preços no campo aos produtos lácteos, que apresentou ligeiro aumento de 2020 para 2021, resultando em margens espremidas para as indústrias de laticínios. Para o leite em pó (400g), por outro lado, houve valorização real de 7,1% em 2021.

 

Assim, em um contexto de competição acirrada tanto para a compra de matéria-prima quanto para a venda de lácteos em 2022, a cadeia produtiva em geral terá um ano desafiador que pode frear investimentos no setor.

Cenário externo e alta do dólar impulsionam custos em quase 19% no ano

O COE (Custo Operacional Efetivo) da pecuária leiteira avançou 18,67% em 2021 na “Média Brasil” (BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP) e, entre novembro e dezembro, especificamente, a alta foi de 0,84%. Os grupos de custos que apresentaram aumentos mais significativos no ano foram adubos e corretivos (79,85%), combustíveis (53,28%) e suplementação mineral (32,37%).

De modo geral, os preços dos principais insumos da atividade pecuária foram afetados pelo movimento de alta global das commodities, principalmente do petróleo, que encareceu a produção, o transporte e a distribuição dos produtos. Além disso, a valorização de 7,36% do dólar frente ao Real em 2021 encareceu a importação das matérias-primas para suplementos minerais, adubos, agroquímicos e medicamentos.

 

Na “Média Brasil”, os adubos e corretivos se valorizaram 5,47% em dezembro e 79,85% no ano. Para esse grupo, a elevação esteve atrelada a um conjunto de fatores: aumento da demanda no campo, oferta mundial restrita, encarecimento dos fretes marítimos e rodoviários, além da alta do dólar frente ao Real. Nesse mesmo cenário, os preços dos suplementos minerais avançaram 3,23% em dezembro e 32,37% no acumulado do ano de 2021, na “Média Brasil”.

Os estados que apresentaram as elevações mais expressivas para esse grupo ao longo do ano foram Bahia (53,31%), Paraná (44,71%) e Minas Gerais (41,70%).

 

Quanto aos concentrados, por outro lado, registraram ligeira queda de 0,46% em dezembro na “Média Brasil”, reflexo da desvalorização dos grãos entre outubro e novembro. Esse cenário, entretanto, se inverteu no decorrer de dezembro devido à confirmação das perdas de produtividade nas lavouras do Sul do País, devido à forte estiagem. A cotação da soja (Indicador ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá) subiu 3,35% e a do milho (Indicador ESALQ/BM&FBovespa, Campinas/ SP) registrou alta de 6,97% em dezembro. No acumulado de 2021, os aumentos nos valores da soja e do milho foram de 11,60% e 16,86%, respectivamente.

Em dezembro, o poder de compra do produtor de leite frente ao milho diminuiu em razão da valorização do grão no mercado interno. Foram necessários 41,50 litros de leite para adquirir uma saca de 60 kg do cereal, contra 38,52 litros registrados no mês anterior. O preço do leite pago no campo recuou 2,96% em dezembro, indo de R$ 2,1857/litro em novembro para R$ 2,1210/l no encerramento de 2021.

LEIA AQUI a íntegra do boletim.

 

(FONTE: Cepea)

 

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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