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Plantios consorciados reduzem emissões de metano em até 70%

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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#souagro| O plantio consorciado pode reduzir a emissão de metano em até 70%. Exemplo disso é o uso eficiente do feijão Guandu consorciado com a cultivar Marandu de capim-pão e a cultivar Basilisk de capim-braquiária que aumentou o ganho de peso dos bovinos e emitiu menos metano por quilograma obtido.

A emissão diária de gases por quilograma de ganho de peso foi de 614,05 gramas na pastagem consorciada, cerca de 70% menor que na pastagem degradada, que teve 2.022,67 gramas. A produtividade também foi maior no tratamento consorciado com guandu – os animais ganharam 478 gramas por dia, enquanto na pastagem degradada o ganho médio de peso foi de 302 gramas por dia. Um aumento de 58% sobre a pastagem degradada.

 

A tecnologia pode representar vantagem não só para pecuaristas, mas também para o Brasil, que, em 2021, durante a 26ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas da ONU (COP26), em Glasgow, na Escócia, assumiu o compromisso de reduzir em 30% as emissões de metano até 2030.

Segundo o chefe-geral da Embrapa Pecuária Sudeste, Alexandre Berndt , qualquer tecnologia que reduza o metano, a baixo custo, e que contribua para a eficiência do sistema de produção e à sustentabilidade é desejável e deve ser implementada.

 

O estudo, que foi desenvolvido em parceria entre a Embrapa Pecuária Sudeste, a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo  e o Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo,  avaliou o desempenho e a emissão de metano entérico (resultante do processo digestivo) de novilhos Nelore em três diferentes sistemas de produção, incluindo o consórcio com feijão-guandu BRS Mandarim.

Inserção de leguminosa em consórcio é viável para pecuária sustentável

Para a pesquisadora da Embrapa  Patrícia Perondi Anchão Oliveira , a pastagem degradada é sempre o pior cenário. Em geral, o processo de degradação é caracterizado pelo aumento da perda de produtividade das pastagens (baixa produtividade), grandes áreas de solo exposto, ervas daninhas, erosão, sintomas evidentes de deficiência nutricional em plantas e animais e menor taxa de crescimento das plantas, que se refletem em problemas ambientais.

“Nessas condições, o solo fica exausto, o que compromete não só a produção e a qualidade da forragem, mas também o desempenho dos animais. Esses fatores aumentam a emissão de metano entérico e fazem com que o solo perca matéria orgânica, o que prejudica o sequestro de carbono”, afirma. aponta.

 

De acordo com Berndt, o metano é um gás de curta duração. “Se conseguirmos reduzir as emissões de metano, o impacto no aquecimento global será mais rápido. Sua vida útil é de 10 a 20 anos, enquanto a do dióxido de carbono – CO₂ – é de 100 anos”, explica.

Outros estudos da Embrapa Pecuária Sudeste avaliam tecnologias para enfrentar esse desafio. O centro de pesquisa investe em estudos de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) há mais de 20 anos, tanto em sistemas de produção de carne bovina quanto de laticínios, buscando baixas emissões de gases como o metano entérico, a fim de reduzir o impacto da atividade no planeta.

Muitos já estão disponíveis para os pecuaristas, como recuperação de pastagens degradadas, boas práticas de manejo animal e vegetal, uso adequado de insumos, bem-estar animal, redução do ciclo de vida e manejo nutricional. Para Berndt, a implementação dessas soluções tecnológicas e boas práticas, como sistemas integrados, manejo intensivo de pastagens e uso de aditivos na nutrição animal, é capaz de compensar as emissões geradas pela pecuária e tornar o sistema produtivo mais sustentável.

O consórcio de leguminosas é um bom exemplo de tecnologia que pode contribuir para a redução de metano no manejo de pastagens. Alguns, como o feijão guandu BRS Mandarim, possuem alguns compostos em suas estruturas, como taninos e saponinas, que podem atuar nos microrganismos do rúmen e, portanto, interferir na fermentação, reduzindo as populações de organismos metanogênicos, que produzem metano.

(Débora Damasceno/Sou Agro  com Embrapa)

(Foto: Embrapa)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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