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Uso de dejetos como fertilizante gera bons resultados e economia

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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O uso de dejetos de animais como fertilizantes é uma alternativa conhecida de muitos produtores rurais. Além de melhorar as propriedades do solo, a adubação orgânica vem se mostrando uma opção viável para substituir fertilizantes minerais, reduzindo os custos de produção e tornando o sistema agrícola ainda mais sustentável. Apesar da eficácia, a aplicação de dejetos exige acompanhamento, uma vez que o uso indiscriminado pode causar efeito reverso e resultar em problemas ambientais, como a contaminação de recursos hídricos.

É nesse contexto que está sendo desenvolvido o subprojeto “Monitoramento hidrossedimentológico em microparcelas com aplicação de dejetos de animais no Sudoeste do Paraná”, que faz parte da Rede de AgroPesquisa e Formação Aplicada Paraná (Rede AgroParaná), iniciativa que conta com apoio financeiro do SENAR-PR e do governo do Estado. O objetivo é avaliar o efeito do uso de dejetos na produtividade das culturas e nas perdas de solo, água e nutrientes por escoamento superficial em áreas de Sistema de Plantio Direto (SPD), no campus de Dois Vizinhos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

 

“O Paraná é um dos Estados que mais gera dejetos, tendo em vista que é o maior produtor de proteína animal do Brasil. Os produtores já aplicam os resíduos em larga escala. O problema é que, muitas vezes, utilizam em doses acima do recomendado. Com esse monitoramento será possível orientar o manejo e reduzir os impactos ambientais”, explica Carlos Alberto Casali, professor da UTFPR e responsável pelo subprojeto.

Para esse estudo, além da Rede AgroParaná, foram firmadas parcerias com a Embrapa Suínos e Aves, cooperativa Frimesa, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) e Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc-Lages).

 

Na área, foram instaladas calhas metálicas com três tratamentos: sem adubação; adubação mineral na linha; e adubação mineral a lanço, dejetos suíno, bovino e cama de aviário. Desde 2019, nos meses de maio e outubro, os tratamentos são aplicados nas culturas da soja e do trigo.

Nos cultivos, é avaliada a produtividade de massa da matéria seca da parte aérea e de grãos, além dos componentes de rendimento. Com a amostragem de solo da camada superficial (até 10 centímetros), também são medidos os parâmetros químicos e microbiológicos. A partir das amostras de escoamento, são avaliados o volume e a quantidade de sedimentos e nutrientes, além da caracterização química.

 

Resultados preliminares

Até o momento, os resultados da pesquisa apontam que houve menos escoamento superficial nos locais com aplicação de dejetos de animais. O aumento da produção de matéria seca da parte aérea gerou maior adição de resíduos nas parcelas, o que também pode amenizar o processo erosivo.

Em 25% das coletas realizadas até agora, foi verificado que o uso de dejetos diminuiu as perdas de volume escoado de solo e água, o que pode estar relacionado ao aumento da produção de biomassa vegetal, diminuindo os processos erosivos do solo e resultando em maior produtividade da cultura.

 

Em relação aos níveis de produtividade no período analisado até agora, um cultivo de trigo e dois de soja tiveram resultados similares, seja com adubação orgânica ou mineral. Um cultivo de soja com aplicação de fertilizantes orgânicos teve 15% a mais de produtividade em comparação ao uso de minerais.

“O fato de ter a mesma produtividade já é extremamente positivo. Isso mostra o potencial dos dejetos de animais para reduzir ou até substituir completamente a adubação mineral, sem comprometer os resultados da produção agrícola. Além de reciclar um passivo ambiental, o produtor também pode reduzir custos, ainda mais se considerarmos os preços atuais dos fertilizantes minerais”, conclui Casali.

(Fonte: Sistema Faep)

(Foto: Coamo)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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