Foto: Envato

Saiba o que os produtores podem esperar do mercado da soja

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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#souagro| Safra de soja 2023, o que o produtor pode esperar do mercado para a comercialização? Bom, para conseguirmos entender as perspectivas é preciso uma análise geral, afinal os fatores externos refletem diretamente nos resultados das vendas do produto brasileiro. Além disso, tivemos uma grande quebra na safra que prejudicou a produção.

O Matheus Galisteu é consultor em Gerenciamento de Riscos da StoneX, como especialista ele trouxe uma visão em 360°C sobre as expectativas deste mercado e durante a entrevista, é simples entender que muitos fatores influenciam no cenário de preços do mercado da soja, inclusive a expectativa sobre a produtividade da safra norte-americana.

 

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“Precisamos lembrar da quebra que nós tivemos aqui na América do Sul na casa de 30 milhões de toneladas que fizeram que os preços subissem pra cima de 17 dólares por Bushel e fez também consequentemente combinado com o dólar mais alto e o preço em real por saca ser puxado pra cima no Brasil e com isso, após essa quebra a responsabilidade foi toda pra safra norte-americana
inclusive está em campo agora e tem a responsabilidade de performar muito bem e se eles performarem bem, nós podemos talvez ver as cotações em Chicago tendo novas reduções. Do contrário se eles não performarem bem e eles tiverem qualquer intempérie climática e inclusive os modelos climáticos estão mostrando isso pra gente agora um clima um pouco mais seco com poucas chuvas e temperaturas elevadas. Se a gente tiver um agosto um pouco mais seco a gente pode ver a uma redução e produtividade da safra norte-americana. Dentro desse cenário as cotações de Chicago podem subir um pouco mais. E dessa forma, se isso acontecer, a responsabilidade volta toda pra América do Sul e cai sobre a safra brasileira, Argentina, paraguaia, enfim, pra gente performar super bem”, explica Matheus.

 

OFERTA

Para a questão da oferta, então fica claro que a expectativa se mantém com a safra norte-americana e na espera que a América do Sul tenha bons resultados de produção para refletir nas cotações da soja.

“O próprio departamento de agricultura dos Estados Unidos projeta que o Brasil colha em 2023, 149 milhões de toneladas de soja, o que faria com que tivéssemos uma manutenção nos estoques  mundiais e isso a gente chegou num ponto como o maior exportador do mundo, o maior produtor de soja do mundo conseguir afetar as cotações em Chicago e consequentemente puxar os preços aqui em real por saca no Brasil pra baixo também. Então do lado da oferta, a gente tem o cenário no primeiro momento a safra norte-americana que precisa performar e a gente tem a safra da América do Sul na sequência que também precisa performar e precisaria colocar muito volume no mercado pras cotações virem abaixo”, detalha Matheus.

 

DEMANDA

Já quando falamos sobre a demanda, a China tem grande influência nos resultados do consumo mundial. Com a queda na compra do produto isso refletiu diretamente nas exportações brasileiras, mas este cenário tende a mudar.

“A China deu uma tirada do pé do acelerador nas compras de soja tanto dos Estados Unidos, quanto do Brasil devido as margens de esmagamento deles que estão negativas por lá. E também devido aos lockdowns contra Covid-19, naturalmente diminui a demanda. Só que quando a gente olha para os preços do suíno e para a demanda reprimida que tem no mercado chinês a gente entende que eles não vão deixar de consumir soja. O preço dos suínos vivos está muito alto lá e isso aciona um gatilho de que eles vão precisar consumir mais farelo de soja e mais soja consequentemente então a gente entende que logo eles precisam voltar para o mercado para comprar mais produto”, disse o consultor.

 

CUSTOS DE PRODUÇÃO

Outro fator que influencia nos preços da soja é o custo de produção que afetou diversos setores nesta safra.

“Os custos de produção da safra 2023 tiveram altas expressivas devido a inflação generalizada de preços dos insumos a nível mundial e isso de certa forma a gente entende que dá um suporte para preços no mercado interno aqui em real por saco não caírem muito aqui no Brasil”, detalhou Matheus.

OSCILAÇÃO DO DÓLAR

A mudança no preço do dólar gera preocupação, mas também abre oportunidades ao mercado de soja brasileiro.

“O dólar num ano de eleição a gente tem muita oscilação de preço o que apresenta um risco pra gente e também tem muitas oportunidades por trás dessa moeda estrangeir. Além desse ser o ano eleitoral nós estamos vendo nesse momento nos Estados Unidos com a maior inflação nos últimos 41 anos. O remédio pra isso é que eles precisam é que o Banco Central Norte-Americano precisa  subir a taxa de juros pra conter essa inflação. E a partir do momento que eles começam subir a taxa de juros, eles passam a ser um país mais atrativo para o investidor estrangeiro. E isso pode fazer com que as cotações do dólar se mantenham firmes para esse ano, enquanto eles estiverem aumentando as taxas de juros por lá.

 

CONTRATOS FUTUROS

Sobre os contratos futuros, mesmo com um cenário de incertezas, os produtores mantém a comercialização, o que para muitos agricultores vem sendo visto como uma segurança para a venda, já que tivemos muitas perdas causadas pelas questões climáticas.

No relatório da StoneX, é possível observar que da safra 2021/22 a comercialização foi de 74% com liderança do Pará onde a venda foi de 98% da soja. Falando em safra 22/23, as comercializações ainda estão tímidas com 13,7%, com o Pará também liderando a lista com 30% da safra vendida.

SOJA

OS PREÇOS DA SOJA

Com a união desses fatores é possível finalizar uma projeção para os preços da soja.

“Nesse cenário de boa safra norte-americana e boa safra brasileira, os preços eles podem chegar aí na casa dos R$ 160, R$165 por saca. No contrário se a gente tiver o extremo que é uma
redução de produtividade lá e aí o mesmo acontece aqui no Brasil, as cotações podem subir, puxando também os preços em dólar por saca. Partindo do princípio que o dólar pode se manter firme, a gente pode ter os preços subindo de forma generalizada, chegando a R$ 190, R$ 195 nos portos. Falando nesse cenário de combinação mais caótico. Já falando em meio termo, caso uma das safras performe bem e a outra não, a gente pode ter na casa dos R$ 175 a R$ 180 por saca para a safra 2023”, finaliza Matheus.

(Débora Damasceno/Sou Agro)

(Foto: Envato)

 

 

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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