Foto: Mapa

Reconhecimento de Indicação Geográfica valoriza a produção nacional de vinhos

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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#souagro|Nós falamos aqui no Sou Agro que a Indicação de Procedência para vinhos dado pelo Instituto Nacional foi concedido para Bituruna, município paranaense conhecido pela produção de vinhos.

De acordo com a documentação apresentada ao Instituto, a história dos vinhos de Bituruna teve início em meados de 1940. Imigrantes instalados no Rio Grande do Sul mudaram-se para a Colônia Santa Bárbara, que viria a se tornar Bituruna. Os patriarcas dessas famílias, com sua tradição de beber vinho, levaram consigo mudas de videiras para consumo próprio. Anos mais tarde, decidiram iniciar a produção de vinhos para comercializarem na cidade.

Bituruna produz o vinho tradicional bordô e o de uvas Casca Dura Martha, de coloração rosa, peculiar da região. Entre os fatores que contribuíram para o reconhecimento de sua produção estão a melhoria genética das uvas, a industrialização das práticas artesanais e a Festa do Vinho, que atrai milhares de turistas para o município todos os anos. Em 2020, o governo do estado do Paraná concedeu a Bituruna, por meio de lei, o título de “Capital do Vinho”.

Vale do São Francisco recebe reconhecimento de Indicação Geográfica para vinhos da região

Agora o Vale do São Francisco também recebeu o registro de Indicação Geográfica (IG) na modalidade Indicação de Procedência (IP) para vinhos finos, nobres, espumantes naturais e moscatel espumante. A área de produção dos vinhos compreende cinco municípios localizados em dois estados do Nordeste: Lagoa Grande, Petrolina e Santa Maria da Boa Vista, em Pernambuco; e Casa Nova e Curaçá, na Bahia.

 

“O reconhecimento oficial da Indicação de Procedência Vale do São Francisco para vinhos é resultado de um trabalho articulado entre produtores, universidades e instituições públicas de pesquisa. Para a valorização dos produtos típicos de um país é imprescindível essa articulação, sendo que a participação do Estado ocorre no sentido de fomentar o desenvolvimento rural e regional das cadeias de valor”, disse o chefe de Divisão de Projetos de Indicação Geográfica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Wellington Gomes.

Nesta IG em questão, destaca-se a contribuição da Embrapa Uva e Vinho na condução dos estudos técnicos. Junto com outras instituições parceiras, foi elaborado o dossiê que fez parte do pedido de registro junto ao INPI. Por sua vez, o Mapa, através da sua Coordenação de Indicação Geográfica, foi responsável pela emissão do Instrumento Oficial de Delimitação da IG. Esse documento atesta a coerência e conformidade da área territorial da IG para fins deste registro.

Para o pesquisador Jorge Tonietto, da Embrapa Uva e Vinho, esse registro é um evento de interesse mundial pois esta é a primeira região de vinhos tropicais do mundo a reconhecer uma Indicação Geográfica com altos padrões de exigência da produção, assemelhados às IGs dos países da União Europeia.

“Para o Brasil, além de ser a primeira região a obter a Indicação Geográfica em zona tropical, sinaliza pelo crescimento da importância desta zona intertropical na produção de vinhos que tem crescido, inclusive no Brasil central, com uma viticultura diferenciada de mais de um ciclo da videira por ano. Do ponto de vista dos vinhos do Vale do São Francisco, agora eles poderão ampliar sua diferenciação por origem e qualidade, sob a tutela de controle dos produtores. Para os consumidores será uma oportunidade de encontrar vinhos genuínos e típicos da região semiárida.

Segundo o pesquisador, a expectativa é que a IG amplie não somente a visibilidade da região no mercado interno e internacional, como também estimule novos investimentos que irão ampliar a capacidade competitiva da produção. “No médio e longo prazos, estima-se que o desenvolvimento territorial seja impactado positivamente, fortalecido não somente pela produção vitivinícola, como também pela ampliação do enoturismo e atividades afins, com estímulo a novos investimentos, com alcance sobre a infraestrutura regional”, comemorou Tonietto.

Indicações Geográficas Brasileiras

A Indicação Geográfica é um instrumento de reconhecimento da origem geográfica, conferida a produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem, que detêm valor intrínseco, identidade própria, o que os distingue dos similares disponíveis no mercado.

Além do Vale do São Francisco e Bituruna, outras regiões receberam reconhecimento de Indicação Geográfica pela produção de vinhos. É possível realizar uma rota do vinho e degustar todas as Indicações Geográficas da região Sul do Brasil, não deixando de ir a Pernambuco provar do primeiro vinho tropical do mundo. Confira aqui a lista de IGs nacionais e internacionais.

Com estas concessões, o Brasil possui agora 105 registros de Indicação Geográfica, sendo 72 Indicações de Procedência (todas nacionais) e 32 Denominações de Origem (23 nacionais e nove estrangeiras).

(Com MAPA)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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