Foto: Bpfron

Caminhão carregado com vinho ilegal é apreendido no PR

Débora Damasceno
Débora Damasceno
Foto: Bpfron

#souagro| O contrabando de vinho está cada vez mais intenso no Paraná. Teve mais um flagrante da bebida entrando ilegalmente no Brasil, desta vez foi na cidade de Santo Antônio do Sudoeste. 

Policiais militares do BPFRON – Batalhão de Polícia de Fronteira, em ação conjunta com policiais militares do 21ºBPM receberam uma informação via disque denúncia sobre um caminhão que estaria sendo carregado com bebidas estrangeiras.

vinho

Os policiais se deslocaram até local onde foi realizada a abordagem de uma carreta conduzida por um homem de 45 anos. O veículo estava carregado com 298 caixas de bebidas ilegais.

Diante dos fatos condutor foi identificado e liberado, a carreta com a carga apreendida foi entregue na Receita Federal do Brasil em Dionísio Cerqueira, Santa Catarina para demais procedimentos.

 

PREOCUPAÇÃO COM CONTRABANDO DE VINHO

Polícia Rodoviária Federal já demonstrou preocupação com esse aumento das apreensões de vinho com entrada irregular no Brasil. É que segundo a PRF o perfil de quem traz o vinho ilegalmente tem mudado nos últimos anos. Se no início das apreensões era mais comum o “pequeno contrabandista”, pessoas transportando pequenas cargas, agora o crime organizado é o dono o comércio do vinho ilegal. A utilização de veículos roubados, clones, batedores e olheiros são alguns dos artifícios praticados pelos contrabandistas e quadrilhas.

As quadrilhas do tráfico de drogas estão diversificando o leque de crimes com o comércio ilegal de vinho, uma forma de investimento criminoso para capitalizar as organizações. É o que aponta um levantamento realizado pelos setores operacionais da PRF no Paraná. “Não é o pequeno muambeiro que vai ali comprar um pouco de vinho e trazer, são quadrilhas altamente organizadas“, comenta um policial rodoviário federal que atua em operações contra esse tipo de crime.

 

Para quem compra o vinho ilegal, a impressão que se tem é a de que apenas está burlando as leis fiscais e não pagando imposto, e assim tendo a vantagem de comprar o vinho por preços mais acessíveis. Entretanto, quem compra o vinho que entra ilegalmente  pode estar contribuindo diretamente para a manutenção da saúde financeira de quadrilhas do crime organizado.

PORQUE O VINHO ARGENTINO  É ATRATIVO?

Segundo a Receita Federal, o que torna o vinho argentino atrativo para praticar esse tipo de crime é o gap cambial – a desvalorização da moeda argentina frente à brasileira.  “A diferença cambial é gigantesca, então o importador regular que utiliza o câmbio oficial para suas importações acaba saindo em desvantagem em relação ao contrabandista”, explica o delegado da Receita Federal na região.

Grupos de Whatsapp, marketplaces digitais e até distribuidoras de bebidas e restaurantes são pontos de distribuição de vinho ilegal. Ao comparar os valores de algumas garrafas de vinho vendidas nestes grupos de Whatsapp com o de venda das mesmas garrafas no mercado nacional, percebe-se que o preço praticado pelos contrabandistas é muito abaixo do praticado pelas importadoras lícitas.

 

Em alguns casos, os vinhos dos contrabandistas têm um valor de venda até 72% menor do que os vendidos por importadores regularizados. De acordo com o delegado, “dificilmente você consegue achar vinho argentino sendo importado licitamente hoje, os importadores oficiais quase não trabalham com vinho argentino mais”.

Vinhos que são comprados na Argentina por R$30 – na cotação do câmbio paralelo – são vendidos pelos contrabandistas a R$150 em grupos de Whatsapp. Estes mesmos vinhos são vendidos por R$350 a R$800 no mercado lícito no Brasil. De acordo com um levantamento feito pela Receita Federal em Santa Catarina, o lucro obtido pelos contrabandistas já chegou a ser até cinco vezes maior do que o valor de compra do produto argentino.

Hoje em dia, devido a grande quantidade de contrabandistas no mercado, a margem de lucro é um pouco menor, chegando na casa dos 300%. “Essa margem tem caído porque agora é criminoso concorrendo com criminoso”, comenta o servidor da Receita Federal na região.

(Com Bpfron e PRF)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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