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“Tentamos manter abaixo dos dois dígitos, mas não foi possível”, diz Mapa sobre juros do Plano Safra

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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#souagro| Nesta semana o Governo Federal lançou o Plano Safra 2022/23 com liberação de R$ 340, 88 bilhões o volume de recursos foi comemorado pelo setor, mas também gerou muitas dúvidas e questionamentos, principalmente quando se fala em juros.

O secretário de agricultura do Paraná, Norberto Ortigara fala com alívio sobre a liberação do novo Plano, mas aponta os juros como uma questão preocupante: ” O ano agrícola no Brasil vai de primeiro de julho a trinta de junho do ano seguinte. E o Brasil e o Paraná estavam com dificuldades de crédito rural desde o dia sete de fevereiro.  Reconhecendo que nós tivemos um brutal aumento de custos de sementes, de combustíveis, de fertilizantes, de máquinas, de implementos, de equipamentos, o Governo Federal aumentou o limite, o valor a ser financiado para a agricultura brasileira. O lado ruim é que vem com o aumento de taxa de juros, todas as linhas tiveram aumento”, detalha Ortigara.

 

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OPINIÕES DIVIDIDAS

Mesmo com a preocupação da taxa de juros, Ortigara defende que os produtores rurais vão conseguir se destacar novamente.

“Isso nos impõe mais dificuldades, mas com certeza a agricultura vai retomar um ritmo normal procurando também fazer uma grande safra 2022/23 que é o caminho natural do Paraná e do Brasil, fortalecer a produção de alimentos e fibra lá na roça, processando na nossa agroindústria e também obviamente visando alcançar os mercados mundiais. É um plano bastante realista porque ele reconhece custos, ele reconhece dificuldades, o Brasil voltou a viver um drama da inflação, os agricultores também tem a sua inflação forte e por isso, o lado bom do plano é que destinou mais dinheiro. Mais dinheiro a um custo mais elevado, mais dinheiro a taxa livre de juros a ser pactuada entre agricultor e o banco financiador. O lado bom que acaba protegendo os mais vulneráveis do campo, que é a nossa agricultura familiar, pelo Pronaf e os médios agricultores. Esse é o lado bom, mas todos nós teremos custos mais elevados pra fazer a agricultura. Tomara que haja um fluxo normal de financiamento, não haja interrupção e que as coisas possam fluir normalmente visando continuar esse processo de crescimento da produção de alimentos aqui no Brasil e no Paraná”, detalhou Ortigara.

 

 

Vânia Marques Pinto, secretária de Política Agrícola da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), defende que as taxas de juros poderiam ter sido planejadas de outra maneira.

“Manter as taxas como estavam já seria algo que pudesse contribuir para o agricultor, para a agricultura familiar. Uma vez que esse processo de produção no campo hoje está muito caro, está muito alto para o agricultor e para a agricultura familiar conseguir manter os custos com a produção, com insumos e todo o processo de gastos que se tem com a produção. Era que se mantivessem os juros como estava na safra passada 2021/22. Não aumentou um valor tão alto, mas o pouco que aumentou ele já é suficiente pra poder impactar na vida do agricultor e da agricultura familiar”, explicou.

 

Essa questão dos juros divide opiniões e segundo Luiz Carlos Corrêa Carvalho, Presidente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), este foi um Plano Safra possível.

“É um plano que caracteriza estrategicamente a questão da sustentabilidade, o foco da competitividade, atendendo aqueles que mais precisam, reduzindo aquela pressão de concentração. Acho que foi um plano possível”, disse Luiz.

A Sociedade Rural Brasileira também fez a sua avaliação sobre o novo Plano Safra: “O Plano Safra vem em volume bom, muito bom, com aumento expressivo do volume e com taxas de juros que eu posso dizer são civilizadas, taxas abaixo da Selic, privilegiando a agricultura familiar, depois o pequeno e médio com juros de 5 a 12% ao ano que parece e bastante razoável. O importante agora é fazer com que esses recursos cheguem nas mãos dos produtores e que possamos plantar e colher e mais uma vez gerar superávit para o Brasil e colocar alimento no mundo conforme a nossa missão”, disse Renato Junqueira, Vice-presidente da SRB (Sociedade Rural Brasileira).

 

O QUE DIZ O MAPA

O Ministério da Agricultura afirma que os esforços não foram medidos para que os juros não fossem tão prejudiciais aos produtores.

“É claro que tentamos para algumas linhas tentar manter abaixo dos dois dígitos, mas não foi possível. Tínhamos aqui um dilema da gente poder ter taxas um pouco mais elevadas, mas ainda abaixo da Selic, abaixo das taxas de mercado, mas com isso daí poder garantir mais recursos para essa próxima safra. Então esse foi um desafio realmente e mantivemos com aquilo que havia disponível de para equalização, estivéssemos um foco pra manter as taxas mais reduzidas dos pequenos e médios produtores”, disse Guilherme Sória Bastos, Secretário de Política Agrícola do Mapa.

ATENÇÃO DURANTE AS CONTRATAÇÕES

Com os recursos disponibilizados, o produtor deve ficar atento na hora das contratações:  “Tomar muito cuidado porque essas taxas que são passadas pelo crédito rural com recursos do governo, não existe tantas inserções de taxas para obtenção de crédito. Então tome cuidado para ver se você não está sendo cobrado de alguma taxa a mais de atualização de cadastro
justamente pra essa taxa não fugir do padrão. Só tome o recurso realmente se houver a necessidade. Não vai tomar o recurso só porque ele está disponível, não vá nessa linha porque se você está conseguindo manter seu negócio, a sua produção dentro de uma normalidade, você não precisa se endividar, o endividamento sempre é perigoso”, disse Alessandro Azzoni, advogado.

 

Uma das orientações ao produtor é sobre dar mais atenção às atividades sustentáveis.

“Agora é a hora de o produtor procurar um bom técnico e montar o seu plano de pecuária de baixo carbono que inclui reforma de pastagens para você ter mais produtividade por hectare, melhorar a divisão de pastagens, adubar, calcariar, recuperar nascentes e se for o caso até comprar matrizes melhoradas, porque a agricultura de baixo carbono nada mais é que produzir mais arrobas de carne por hectare”, explicou Marcos Rezende, Médico veterinário.

 

(Débora Damasceno/Sou Agro com Terra Viva)

 

(Foto: Envato)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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