O que influenciou para o preço do trigo ultrapassar os R$ 100?
#souagro| Se você acompanha as cotações nos últimos dias, deve percebido que o preço do trigo está subindo no Paraná, inclusive a saca de 60 quilos, passa dos R$ 110 em várias cidades do estado.
Para se ter uma ideia em Cascavel no Oeste do estado o valor da saca chegou a R$ 115, e a maioria das cidades ficou na média dos R$110 de acordo com a última cotação divulgada nesta quarta-feira (15) pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento. Esse aumento do preço do trigo tem muita relação com o preço do dólar que tem subido nos últimos dias. Além disso, segundo o Deral, a perspectiva de rentabilidade é muito boa, afinal muitos produtores compraram insumos antecipadamente, ou seja, escaparam da alta registrada nos últimos meses, causada principalmente por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia, o que dá aos agricultores um resultado de renda ainda maior.
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O diretor presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, diz que este é um bom resultado para o produtores já que o trigo é uma cultura muito representativa no Paraná que também tem capacidade de expandir a produção: “O trigo é uma cultura muito importante para o estado do Paraná, porque o estado é o segundo produtor nacional. Esse ano de 2022 nós teremos uma produção em torno de 3,3 milhões de toneladas de trigo em grãos. Além da grande produção de trigo, o Paraná tem uma capacidade moagem muito grande. Os moinhos no estado do Paraná necessitam de 4,5 milhões de toneladas e o estado vai produzir 3,3 milhões de toneladas e existe aí uma capacidade pra ser preenchida na moagem de trigo que o produtor pode aproveitar essa oportunidade, já que o trigo nos últimos 24 meses teve um aumento de 100% no valor da saca para os produtor rurais. Então, além desse valorização do trigo extraordinário, também você tem essa oportunidade de aumentar a cultura do trigo, aumentar a produção porque há uma demanda nos moinhos para mais trigo no estado do Paraná”, detalhou.
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Segundo Dilvo Grolli, o trigo é o produto que mais agrega valor e é uma cultura que gera muitas oportunidades aos produtores rurais: “O trigo é o produto que mais agrega valor. Quando produtor vende um quilo de trigo em grãos por R$ 2, a Coopavel faz a sua moagem e quando chega no consumidor final, a pessoa que vai comprar o pãozinho de cada dia, ele chega por vinte reais o quilo. Todo esse valor agregado, desde a porteira da propriedade, R$ 2 por quilo de trigo até a mesa do consumidor para o café da manhã ou qualquer outra refeição do dia a um incremento de 10 vezes do valor que vai ficar entre indústrias, a cadeia de logística, a cadeia de supermercado, toda essa parte de empregabilidade e também no recolhimento de impostos.
Atualmente o Brasil utiliza mais trigo do que produz, fazendo com que seja necessário comprar o produto de outros países o que segundo Dilvo, poderia ser resolvido com mais plantio da cultura: “O Brasil tem uma necessidade de 13 milhões de toneladas de trigo por ano e em todos os estados do Brasil nós temos uma produção de 8 milhões de toneladas. Então existe uma necessidade de importação em torno de 5 milhões de toneladas. E os estados do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são responsável por 90% por cento de todo o trigo plantado e colhido no Brasil”, disse.
“Então existe oportunidade de busque novas tecnologias, existe a capacidade das indústrias para mais trigo, o Brasil também tem necessidade de trigo e quando o Brasil não produz, o estado do Paraná não produz, nós preenchemos essa falta do trigo com importações, é dinheiro que sai de fora, é dinheiro que nós poderemos girar a cadeia aqui internamente na região Sul e no Brasil
proporcionando melhores condições ao produtor rural, à parte urbana das nossas comunidades, na geração de emprego, na geração de impostos e faz com que o agronegócio seja mais fortalecido na cadeia de trigo tão necessário para o Brasil e tão necessária também como alternativa de renda para as cultura no período de inverno”, finalizou Dilvo.
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PLANTIO DO TRIGO
De acordo com o último boletim do Deral (Departamento de Economia Rural) da Seab (Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná), divulgado nesta semana, 69% das áreas de trigo estão plantadas no Estado, 97% em condição boa. Do total plantado, 90% já estão em fase de desenvolvimento vegetativo.
O plantio deste ano deve ter uma redução de 5% de área cultivada comparada com a última safra de inverno de 2021. Isso se dá por conta do crescimento de áreas da safrinha de milho em 2022. Mesmo assim, o Deral é otimista com relação aos resultados da colheita, pois as condições climáticas deste ano já estão mais favoráveis que o ano passado.
(Débora Damasceno/Sou Agro)