não choveu

Produtor retém o estoque de milho esperando valorização ainda maior

Sirlei Benetti
Sirlei Benetti
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#souagro | O milho vive dois extremos e situações nunca vistas historicamente. De um lado, a cotação da saca de 60 quilos atinge um patamar de R$ 100. Do outro, o valor tem provocado um desequilíbrio na cadeia de proteína animal, principalmente em relação a aves e suínos. O milho e a soja, são os principais insumos utilizados para suprir a carência alimentar dos animais.

O economista e analista de mercado da Granoeste, Camilo Motter, faz uma análise do cenário atual e o que vem por aí. “Vivemos um momento inédito em relação à formação de preços do milho. Temos uma combinação positiva tripla”. A primeira, segundo ele, envolve a taxa cambial, que subiu 40% e não há sequer sinal de que ela regrida. Em segundo lugar, a influência dos preços internacionais, que desde setembro do ano passado, subiram 60% e a terceira combinação positiva para a formação do preço do milho é a demanda chinesa. Para ser ter uma ideia, em 2020 a China importou 7 milhões de toneladas de milho. Para esse ano, a perspectiva é de chegar a 25 milhões de toneladas, ou seja, três vezes mais.

Lavoura de Milho em Jesuítas, Oeste do PR, sofre com a seca

Motter confirma a redução de alojamento de animais, tanto de aves como de suínos. Isso ocorre por conta dos insumos e para que o repasse dos aumentos não chegue agora ao consumidor. Com relação às exportações, com a alta do câmbio e o aumento do preço das carnes no mercado internacional, boa parte da produção será destinado ao exterior.

“Os preços não devem cair, o que acho bem pouco provável, se haver uma boa segunda safra no Brasil, atualmente uma possibilidade um pouco distante por conta das intempéries climáticas atribuídas ao clima seco e à falta de armazenamento hídrico no solo”.

 

Com saca de milho beirando R$ 100, custo de produção assusta produtor

Cigarrinha do milho deixa o campo em alerta

Os problemas climáticos não se restringem apenas ao Brasil. Os Estados Unidos também se deparam com previsões não muito animadoras. “As temperaturas baixas deverão afetas o cinturão produtor americano, situação ao norte daquele país”.


Ainda sobre o Brasil, daqui até a entrada da safrinha, teremos um período bem crítico no que diz respeito ao abastecimento interno de milho. “O produtor tem retido o milho, por conta das altas constantes no preço e devido às questões de clima. Ele enxerga uma perspectiva melhor de preços nos próximos meses. Outro ponto: ele está bastante capitalizado, porque vendeu a soja a preços bons e um volume de soja antecipado muito maior, fazendo com que ele adote essa postura de retenção”.
(Vandré Dubiela)

Fotos: Sueli Bortoletto

 

(Sirlei Benetti/Sou Agro)

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