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Nova cultivar de mandioca garante alta produtividade e muitos benefícios

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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A recomendação de uso da cultivar de mandioca de mesa BRS 429, variedade de polpa de raiz amarela mais produtiva, precoce e com arquitetura de planta que favorece os tratos culturais e a mecanização, foi apresentada a mais de 200 produtores, técnicos e demais interessados em Dia de Campo realizado pela Embrapa Cerrados em parceria com a Emater-DF.

O evento contou com o apoio da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF), do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), da Fundação Banco do Brasil e da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb).

 

Sebastião Pedro, chefe geral da Embrapa Cerrados, afirmou, na abertura do evento, que a instituição trabalha buscando respostas às questões colocadas pelos produtores. Ele lembrou que o lançamento de uma cultivar de mandioca é resultado de um longo trabalho de pesquisa em melhoramento genético, com cruzamentos e seleções de plantas.

“Estamos lançando um material com características muito especiais, como polpa amarela, estabilidade de cozimento e alta produtividade. Com certeza, o trabalho de melhoramento genético participativo da Embrapa junto com a Emater-DF e os produtores fez a mandioca se tornar a segunda maior cultura do DF, atrás apenas do milho”, disse. “O Brasil caminha a passos largos para ser um dos grandes fornecedores de alimentos, fibras e bioenergia do mundo. E isso começa aqui, num dia como hoje”, finalizou, agradecendo à família Aquiles, proprietária da chácara, por acolher a realização do evento.

 

“A mandioca é um produto com alto rendimento e tem um valor que o mercado hoje reconhece. Você pode investir e consegue colher e ter rentabilidade. E a BRS 429 é uma mandioca que vale a pena produzir”, comentou Loiselene Trindade, diretora-executiva da Emater-DF, agradecendo aos produtores, extensionistas rurais e pesquisadores que contribuíram para o desenvolvimento de tecnologias em mandioca para a região.

Leonardo Zimmer, analista de gerenciamento de projetos do Sebrae-DF, lembrou o papel da instituição no fomento ao empreendedorismo urbano e rural e elogiou a iniciativa. “Todos os presentes aqui estão investindo em conhecimento, que é o principal fator que faz com que vocês consigam evoluir como empreendedores. Todo o conhecimento aqui presente é novidade”, afirmou.

 

Melhoramento genético da mandioca e a cultivar BRS 429

Segundo o pesquisador Josefino Fialho, da Embrapa Cerrados, a Unidade tem fortalecido a pesquisa com a mandiocultura desde 1990, buscando atender à demanda crescente da cadeia produtiva da região. “O produtor precisa aumentar o rendimento, os beneficiadores precisam de um material de ótima qualidade e o consumidor quer comprar uma variedade de mandioca com boas propriedades culinárias. Isso nos leva a trabalhar para gerar novas variedades com essas características”, explicou.

Fialho lembrou que em 2015 a Embrapa lançou seis variedades de mandiocas de polpa amarela, creme e rosada, mas o cenário atual do mercado, que demanda aumento da qualidade, exige novos materiais. “A mandioca de mesa tem que ter alta produtividade de raízes e qualidade culinária. Tínhamos que desenvolver variedades para o plantio mecanizado, pois os produtores estão ampliando as áreas e plantando com máquinas; que sejam responsivas à irrigação e tenham uniformidade de raízes. Mas para juntar todas essas características, tivemos que lançar mão do melhoramento genético”, disse.

Também pesquisador da Embrapa Cerrados, Eduardo Alano detalhou a pesquisa de melhoramento genético, realizada a partir de 2008, para a obtenção da cultivar BRS 429. Na época, os dois materiais mais plantados no DF eram a IAPAR 19 (Pioneira) e a IAC 576-70 (Japonesinha), cultivares de média a alta produtividade e de polpa das raízes de cor creme, que se tornava amarela no cozimento.

 

 

“Precisávamos desenvolver materiais mais amarelos que ambas e combinar o que as duas tinham de bom: produtividade e resistência à bacteriose, importante doença da cultura na época”, contou Alano, acrescentando que essas cultivares, por outro lado, apresentam marcantes diferenças entre si quanto à altura da primeira ramificação, à responsividade à irrigação, à estabilidade de cozimento e ao nível de dificuldade de colheita.

Do primeiro cruzamento entre as duas cultivares foram obtidas 15 mil sementes que originaram 15 mil plantas, que por sua vez eram descartadas quando não apresentavam polpa de raiz amarela, resistência à bacteriose e arquitetura ereta. Ao longo de cinco safras, foram acrescentados como critérios de seleção a produtividade, uniformidade de raízes e a estabilidade de cozimento.

Na safra 2013/14, os clones elite foram selecionados na Embrapa Cerrados, tendo sido validados em conjunto com outras unidades da Embrapa e testados durante quatro safras (de 2018 a 2021) por 23 produtores do DF e Entorno selecionados pela Emater-DF. Os agricultores tinham a mandioca como um dos carros-chefes das propriedades e avaliaram os clones em comparação com os materiais que já plantavam. “Queríamos ter a resposta de quem comercializava mandioca quanto ao desempenho dos materiais. Além disso, teríamos a resposta dos consumidores”, lembrou Alano.

 

Nas áreas desses produtores, que utilizam diferentes sistemas de produção – irrigado e sequeiro; orgânico e convencional – em diferentes tipos de solo, a média de produtividade de raízes em quatro safras foi de 51,1 t/ha, enquanto a do material testemunha ficou em 36,1 t/ha. A maior produtividade alcançou mais de 105 t/ha em um ciclo de 11 meses, contra 56,7 t/ha da testemunha. “Isso significa que a cultivar responde à melhoria do ambiente. Você pode adubar, que ela vai responder. Existe a genética, mas também existe o manejo da adubação e da irrigação, que é fundamental”, frisou o pesquisador.

Além do DF e Entorno, a cultivar já foi recomendada para cultivo comercial em São Paulo e no Paraná. Além disso, vem se destacando em estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Roraima, Pará e Alagoas. Além da Emater-DF, as ações de pesquisa têm como parceiros a Emater-MG, a Emater Goiás, a Emater-MT, a equipe de pesquisa Simanihot, a Fundação Banco do Brasil, o CNPq e a FAPDF.

Alano recomendou aos interessados em desenvolver projetos de plantio a compra de mudas certificadas produzidas pelas empresas licenciadas pela Embrapa. O produto é vendido livre de pragas e doenças para todo o Brasil. Os viveiros de mudas licenciados são:

Clona-Gen – (47) 3439-6607 e WhatsApp (47) 99784-4023 e-mail [email protected]
Vivetech Agrociências – (45) 99916-1488 e-mail [email protected]
Benedito Dutra Luz de Sousa – ME (91) 98876-4760

Leia a pesquisa completa AQUI.

(Débora Damasceno/Sou Agro com Embrapa)

 

(Foto:  Embrapa)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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