Ciência é aliada na produção de camarão longe do litoral

Débora Damasceno
Débora Damasceno

A Embrapa definiu a composição da água necessária para a criação de camarão-branco-do-pacífico, permitindo a reprodução dele em ambiente longe do litoral. Natural da água salgada, essa espécie é geralmente cultivada em fazendas próximas à costa marinha. O avanço para os produtores é que a pesquisa científica definiu as doses ideais mínimas de minerais na água, como cálcio, magnésio e potássio, e um modelo simplificado para que o vannamei possa ser criado sem a necessidade de se usar a água do mar.

O modelo desenvolvido é para a fase de berçário em sistema simbiótico (o qual permite desenvolvimento de alimentos naturais importantes para o desenvolvimento das pós-larvas), em cativeiro, em pequenas propriedades.

 

Esse sistema é o mais usado no mundo na produção desse crustáceo, pois melhora a digestibilidade e absorção dos alimentos pelos animais e estabiliza a qualidade da água.

Os trabalhos foram desenvolvidos pelo engenheiro de pesca e analista da Embrapa Meio-Norte Valdemir Queiroz de Oliveira, em sua pesquisa de mestrado na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), no Recife. O estudo foi orientado pelos professores da universidade Alfredo Oliveira Gálvez e Luis Otávio Brito e pela pesquisadora da Embrapa Alitiene Moura Pereira.

 

A importância do farelo de arroz

Para chegar à conclusão do trabalho, cujos resultados parciais foram apresentados no IX Congresso Brasileiro de Aquicultura e Biologia Aquática (AquaCiência 2021); e na XVII Feira Nacional do Camarão (Fenacam 2021), Oliveira usou também o farelo de arroz fermentado.

No experimento, em laboratório, ele aplicou para cada metro cúbico de água 20 gramas de farelo de arroz peneirado, 2 gramas de açúcar demerara, 0,5 grama de probiótico (mix de bactérias: Bacillus subtilis, B. licheniformis e B. sp.), 0,25 grama de fermento e 4 gramas de bicarbonato de sódio. A água empregada tem de ser esterilizada.

 

A mistura, segundo o engenheiro de pesca, foi submetida à fermentação (processo anaeróbico) durante 24 horas e depois à respiração microbiana (processo aeróbico), por mais 24 horas. Depois foi aplicada na água de cultivo com um intervalo de dois dias, totalizando sete aplicações (14 dias) antes do povoamento com as pós larvas. Após o povoamento, a aplicação permaneceu com um intervalo de três vezes por semana.

Ele explica por que o uso do farelo de arroz é importante na alimentação dos camarões. “O farelo é colonizado por bactérias que equilibram a relação entre bactérias heterotróficas e nitrificantes, permitindo a estabilização dos compostos nitrogenados (amônia e nitrito) em níveis que não prejudicaram o crescimento dos camarões. O farelo aumenta a quantidade de bactérias benéficas no trato digestórios dos camarões, o que melhora a absorção dos nutrientes e o Fator de Conversão Alimentar [quantidade de alimento que o animal come para transformar em um quilo do corpo do animal,” esclarece.

 

Os sistemas intensivos de camarão em berçários, como o simbiótico, apresentam várias vantagens ao produtor de acordo com Oliveira. “Eles precisam de pouca troca, maior controle e reutilização da água”, evitam com isso a perda de minerais e aumentando assim os ciclos produtivos na engorda. “O processo – diz Oliveira – garante boa aclimatação das pós-larvas às condições de cultivo, produzindo um camarão mais resistente e com maior crescimento compensatório, além de um melhor desempenho zootécnico”.

A produção simplificada em cativeiro

Paralelamente à dissertação de mestrado, ele criou um modelo simplificado de produção de camarão para pequenas propriedades. O modelo consiste em unidades com tanques-bercários de 50 metros cúbicos. Cada um deles é capaz de produzir 85 mil juvenis de camarões a cada 30 dias.

Essa quantidade pode povoar um viveiro de 850 metros quadrados em sistema intensivo, com densidade de 100 animais por metro quadrado, com uma despesca prevista em torno de 760 quilos de camarões de 10 gramas a cada 100 dias. Ou um viveiro de 5,6 mil metros quadrados com uma densidade de 15 camarões por metro quadrado, com uma despesca em torno de 900 quilos de camarões, com 12 gramas cada, a cada 90 dias.

 

Com um tanque berçário, o produtor pode povoar um viveiro a cada 35 dias e, com isso, todo mês ele terá camarão produzido na fazenda. É necessário a instalação de três viveiros.

 

Poços garantem infraestrutura

O interior do Brasil tem infraestrutura para a produção de camarão em cativeiro. Segundo dados do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), órgão do Ministério das Minas e Energia, o País tinha até 10 de maio de 2022 nada menos do que 348.869 poços artesianos. O Nordeste tinha o maior número: 190.100, seguido do Sudeste (60.393), Sul (56.490), Norte (28.532) e Centro-Oeste (13.354).

Com salinidade próxima a 0,5% (juntamente com as variáveis de quantidade e qualidade de água), que garante satisfatoriamente uma boa produção de camarão, segundo Oliveira, são 83.606 poços espalhados nas cinco regiões do País: 63.915 no Nordeste -, 10.113 no Sul, 7.969 no Sudeste, 818 no Norte e 791 na Região Centro-Oeste. “Essa infraestrutura com poços já garante as condições mínimas para se produzir um camarão de qualidade em pequenas propriedades”, disse Oliveira.

A produção simplificada em cativeiro

Paralelamente à dissertação de mestrado, ele criou um modelo simplificado de produção de camarão para pequenas propriedades. O modelo consiste em unidades com tanques-bercários de 50 metros cúbicos. Cada um deles é capaz de produzir 85 mil juvenis de camarões a cada 30 dias. Essa quantidade pode povoar um viveiro de 850 metros quadrados em sistema intensivo, com densidade de 100 animais por metro quadrado, com uma despesca prevista em torno de 760 quilos de camarões de 10 gramas a cada 100 dias. Ou um viveiro de 5,6 mil metros quadrados com uma densidade de 15 camarões por metro quadrado, com uma despesca em torno de 900 quilos de camarões, com 12 gramas cada, a cada 90 dias.

Com um tanque berçário, o produtor pode povoar um viveiro a cada 35 dias e, com isso, todo mês ele terá camarão produzido na fazenda. É necessário a instalação de três viveiros.

 

Poços garantem infraestrutura

O interior do Brasil tem infraestrutura para a produção de camarão em cativeiro. Segundo dados do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), órgão do Ministério das Minas e Energia, o País tinha até 10 de maio de 2022 nada menos do que 348.869 poços artesianos. O Nordeste tinha o maior número: 190.100, seguido do Sudeste (60.393), Sul (56.490), Norte (28.532) e Centro-Oeste (13.354).

Com salinidade próxima a 0,5% (juntamente com as variáveis de quantidade e qualidade de água), que garante satisfatoriamente uma boa produção de camarão, segundo Oliveira, são 83.606 poços espalhados nas cinco regiões do País: 63.915 no Nordeste -, 10.113 no Sul, 7.969 no Sudeste, 818 no Norte e 791 na Região Centro-Oeste. “Essa infraestrutura com poços já garante as condições mínimas para se produzir um camarão de qualidade em pequenas propriedades”, disse Oliveira.

 

(Débora Damasceno/Sou Agro com Embrapa)

 

(Fotos: Embrapa)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

Entre em um
dos grupos!

Mais Lidas

Notícias Relacionadas