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“A situação é bem mais grave do que parece”, diz presidente da APS sobre crise na suinocultura

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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#souagro| Quando se fala em crise na suinocultura, os produtores já apontam o atual momento como um dos piores da história. A situação é preocupante e tem gerado muitas mobilizações para tentar amenizar os impactos.

A gente tem acompanhado de perto essa crise, inclusive já falamos aqui no Sou Agro sobre a preocupação que atinge os produtores de suínos. A Associação dos Criadores de Suínos do Oeste do Paraná – Assuinoeste está se mobilizando para levar ao conhecimento de autoridades e lideranças a situação de desespero de produtores independentes e semi-independentes diante do atual cenário, motivado pelos altos custos de produção e agravada pela decisão unilateral de empresas pelo rompimento de contratos, sem aviso prévio.

A presidente da Assuinoeste, Geni Bamberg, enfatiza que, mais do que um pedido, a suinocultura está dando um grito de socorro, diante do endividamento que está levando ao fechamento de granjas, com efeitos impactantes para toda a cadeia produtiva e reflexos não só no comércio de fornecimento de insumos para a suinocultura, mas no comércio em geral e na arrecadação dos municípios.

 

Além dos custos de produção elevados, algumas empresas suspenderam as compras de leitões, com rompimento de contratos sem aviso prévio: “O produtor está com a bomba na mão. Existe todo um ciclo produtivo, onde as fêmeas prenhas estão criando semanalmente. Em Toledo, oito mil leitões a cada semana ficam sem destino, pois não existe estrutura física para a manutenção dos animais nas granjas”, diz Geni Bamberg.

De acordo com ela, a Assuinoeste e a Associação Paranaense de Suinocultores estão apelando às empresas que absorvam essa produção, ao mesmo tempo pedindo a intervenção do governo para que sejam proteladas as dívidas contraídas na atividade e também que os juros sejam zerados. “Os prejuízos já são enormes. Não é possível buscar mais recursos com juros da ordem de 2% ao mês, ou mais”, finaliza.

Crise na suinocultura afeta setores que dependem do bom desempenho das granjas

A crise que atualmente atinge a suinocultura afeta outros setores da economia dos municípios. Os reflexos já são sentidos nos setores que dependem da produção de suínos, como é o caso dos fornecedores de ração, medicamentos e demais insumos e equipamentos.

 

Para muitos produtores do mercado independente, a situação dramática resulta em um prejuízo médio por animal terminado para o abate de até R$ 300. “Isso causa reflexos em toda a cadeia produtiva e para a economia em geral. E vimos isso em nossa loja, com a queda nas vendas de produtos, além de observarmos o crescimento da inadimplência”, afirma o médico veterinário Francisco Dalcastel.

Controle da produção

Na opinião das lideranças do setor suinícola, que têm lutado para externar à opinião pública a necessidade de auxílio aos produtores, para minimizar as consequências, o caminho passa por questões tributárias que deveriam vir em auxílio ao setor, como também por medidas que limitassem a produção para evitar tanto excedente no mercado, que é um dos fatores que geram o quadro de crise atual.

O produtor Nei Stuani, de Toledo, lamenta a expansão dos plantéis sem critérios, o que aumenta o passivo ambiental com os dejetos, além de gerar mais oferta de carne no mercado. “Isso precisaria ser controlado”, afirma.

 

Situação é muito mais grave do que parece, diz presidente da APS

Para o presidente da Associação Paranaense de Suinocultores (APS), Jacir Dariva, caso o cenário atual não sofra mudanças significativas e rápidas, as consequências podem ser catastróficas, começando pela diminuição de matrizes, do consumo de milho e farelo, até o encerramento de atividades por muitos produtores. “Sem uma solução, vamos perder os produtores, mas também seus fornecedores de insumos. São muitas empresas que trabalham com os produtores independentes”, prevê.

Além disso, as indústrias integradoras ajustaram os seus plantéis e dispensaram produtores que estão sem saber o que fazer, agravando o problema.  Em outra ponta, indica o líder da APS, os governos em todas as instâncias fomentaram a produção de embutidos e, com a crise, centenas de pequenas indústrias de pequeno porte nos três estados do Sul estão prestes a sumir do mercado, tirando o acesso do consumidor a produtos com valor mais acessível.

“A situação é bem mais grave do que parece. Ao redor do produtor, existem muitas pessoas que dependem da atividade e que estão se esvaindo”, ressalta Dariva.

 

Prejuízos na arrecadação dos municípios

Os efeitos da crise já extrapolam a cadeia produtiva com prejuízos inestimáveis também para o comércio e afeta a arrecadação dos municípios, especialmente nos quais a suinocultura tem um peso muito forte na composição das receitas, caso de Toledo, no Oeste do Paraná.

“Somos solidários aos produtores e queremos contribuir para o debate”, diz o prefeito de Toledo, Beto Lunitti, ao salientar que “no âmbito municipal há muito pouco a ser fazer, já que questões tributárias estão mais nas alçadas dos governos federal e estadual”.

Por outro lado, Lunitti lamenta a alta dependência da produção suína brasileira do mercado externo, assim como a queda do poder de compra do brasileiro: “especialmente nas classes que são as mais numerosas, o que contribui para a redução do consumo”, diz.

Toledo lidera o ranking do Valor Bruto da Agropecuária do Paraná com cerca de R$ 3,5 bilhões em 2020, dos quais 43% advêm da suinocultura. O município é o maior produtor de suínos do Brasil, com um plantel de 1,2 milhão de cabeças, ou 2,9% do total nacional.

 

(Débora Damasceno/Sou Agro com Assessoria APS)

 

 

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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