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VÍDEO: entenda os motivos da pressão nos preços das commodities

Vandre Dubiela
Vandre Dubiela
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#souagro | Entenda o mercado: o sobe e desce dos preços das commodities, mais conhecido como efeito gangorra, tem gerado muitas dúvidas na cabeça dos produtores rurais. Para entender melhor o atual cenário em relação à soja, milho e trigo, a equipe de reportagem do Portal Sou Agro conversou com o consultor em gerenciamento de riscos da StoneX, Leonardo Martini Lima. Uma coisa é certa: o câmbio e a guerra entre Rússia e Ucrânia ainda mexem com o mercado internacional de grãos.

Há poucas semanas, a saca da soja atingiu a cotação histórica de R$ 201 em algumas praças da região oeste do Paraná. Em outros polos produtores, atingiu R$ 215 a saca. De uns dias para cá, a pressão do mercado fez os preços despencarem para R$ 169 e R$ 171.

Para o consultor da StoneX, o câmbio tem pressionado os preços para baixo. Já na Bolsa de Chicago, as cotações não foram influenciadas de maneira tão intensa. Chegaram a apresentar uma leve queda, mas logo voltaram aos patamares de US$ 17 e também o prêmio no porto, que é um dos indicadores de demanda, que mostra o apetite do comprador pela soja brasileira. “Os preços caíram um pouco mais, pois a soja chegou em um ponto que ficou inviável para o comprador seguir pagando aqueles níveis de preço. A soja brasileira ficou tão cara quanto a americana, levando o Brasil a perder competitividade e a ver parte da demanda migrando para os Estados Unidos”, observa Leonardo Martini.

Clique no vídeo abaixo e veja a explicação completa do especialista:

FATORES DE PRESSÃO NOS PREÇOS

Além dos fatores de pressão nos preços, agora com os olhos mais voltados para o cenário macro internacional, teve também a finalização da colheita de soja na maioria dos estados e com isso, o aumento da disponibilidade de grãos no mercado, gerando essa pressão natural. “Na medida em que a colheita vai terminando, em abril e maio, esse declínio é creditado também aos produtores que geralmente saldam as contas mais substanciais nesta época, forçando um volume forte de vendas de soja, e por consequência derrubando os preços da saca”.

O mercado tem se sustentado no patamar de R$ 170 a saca de soja. “Obviamente pode em algum momento pressionar um pouco mais, mas também não vejo o produtor vendendo abaixo disso”.

Os compradores de soja tendem a adotar uma postura mais agressiva nos próximos meses para suprir a indústria de esmagamento e cumprir com o cronograma até o fim do ano. “A safra americana está 100% aberta. Os produtores dos Estados Unidos vão plantar em extremo risco, com estoques baixíssimos. Se essa frustração se confirmar, o Brasil terá um reflexo positivo em relação aos preços da saca de soja.

O consultor de gerenciamento de risco da StoneX dá uma dica importante para o agricultor. “O sojicultor que ainda não vendeu, precisa ter um pouco mais de paciência. Acredito que os preços devem ter uma valorização ao longo do ano. O dólar não deverá ter um movimento maior de queda que vá influenciar diretamente nos preços”. Para ele, o cenário passa a ficar mais favorável para a venda do produtor. “Se os Estados Unidos tiverem uma quebra muito forte, a soja deve voltar a subir, uma vez que o Brasil será o único país com esse grão disponível”. Porém, ele salienta que o câmbio não está mais cotado a R$ 5,60, como no começo do ano. “Temos um dólar hoje na casa dos R$ 4,70, então isso também vai tirar um pouco do potencial. Mas acima dos níveis praticados hoje é uma possibilidade que vamos experimentar até o fim deste ano”.

 

MILHO: CENÁRIO DE OPORTUNIDADES

Sobre o mercado do milho, o consultor da StoneX aponta duas saídas: ou consumo interno muito forte, postura clara do produtor em manter o milho no mercado doméstico, respeitando um limite de consumo, ou seja, o que estamos vivendo agora. “Finalizamos a colheita da safra de verão. No primeiro semestre, o consumidor é quem dá o tom dos preços. Este ano, porém, é atípico, com perspectiva de exportação nestes primeiros seis meses do ano de mais de um milhão de toneladas de milho, mas é uma situação pontual por conta da guerra”. Mas em via de regra, o primeiro semestre quem manda nos preços é o consumidor. “Grandes consumidores vieram comprando milho, com aquisições garantidas até maio, alguns até junho, no aguardo da entrada do volume da safrinha”.

Paralelo a tudo isso, no segundo semestre haverá uma demanda forte no mercado externo. A Ucrânia não produzirá milho e por consequência, não atenderá a exportação, abrindo brecha para o Brasil. “A dinâmica do milho neste momento é muito parecida com a da soja. Estamos vivendo um momento forte de pressão. A estimativa é de colher entre 89 e 90 milhões de toneladas de milho”. O consultor da StoneX acredita que, no segundo semestre, com a liquidez que a exportação vai proporcionar e o mercado interno tendo que comprar esse milho para garantir o abastecimento até o fim do ano, oportunidades surgirão ao produtor.

 

 TRIGO: APROVEITAR O MOMENTO

O produtor de trigo vem vivendo um cenário sem precedentes, na ótica do consultor de grãos, Leonardo Martini. “Toda essa questão da guerra: estamos falando de dois grandes players produtores de trigo, então esse impacto no mercado do trigo é muito melhor comparativamente ao milho e soja. Dentre as três commodities, o trigo é a mais afetada diretamente”, analisa.

Essa fusão de fatores causou um boom nos preços do trigo até então inimaginável. “Aliado a isso, a safra americana apresenta um desempenho ruim, com baixa qualidade do grão, dando mostras de uma quebra considerável na safra, mantendo os patamares de preços elevados”, descreve Leonardo Martini, da StoneX.

Para ele, o produtor precisa aproveitar esse momento de cotação elevada do trigo. “Assim como na soja, quando a saca atingiu R$ 215 e muitos acabaram frustrados em não aproveitar o momento de venda”, comenta. “Não precisa vender tudo, mas sim usufruir da oportunidade de mercado favorável”.

(Vandré Dubiela/Sou Agro)

 

Foto: Divulgação

(Vandre Dubiela/Sou Agro)

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