Instabilidade jurídica no campo abre margem para invasões; indígenas já ocuparam terras no PR
Nesta semana, uma fazenda localizada em Tamarana, região norte do Paraná, foi invadida por aproximadamente 300 indígenas da etnia Kaingang. A ação gerou mobilização das autoridades locais, com a Polícia Militar (PM) e a Polícia Federal (PF) atuando no local para garantir a segurança e buscar uma solução para o impasse.
De acordo com as lideranças indígenas presentes no local, a área em questão pertence ao povo Kaingang, e eles argumentam que houve erros na demarcação das terras, o que justificaria a invasão. A fazenda em questão abriga dois silos, cinco casas de funcionários e duas garagens, e está situada em uma região de disputa histórica entre povos indígenas e proprietários de terras.
Na 11ª sessão sobre o tema STF derruba marco temporal
Aprovado marco temporal para demarcação de terras indígenas
Comissão de Justiça do Senado vota hoje projeto do Marco Temporal
Os trabalhadores que estavam na fazenda durante a invasão afirmaram não ter sofrido agressões ou ameaças por parte dos indígenas, e decidiram permanecer no local. “Essa fazenda era dos nossos avós, ou seja, é nossa. Foi por isso que invadimos”, afirmou Aparecido Marcolino, um dos representantes do grupo indígena, destacando a ligação ancestral com a área.
O comandante do 5º Batalhão da PM, Marcos Tordoro, declarou que as equipes policiais permanecerão na propriedade até que a situação seja resolvida e que buscam uma solução pacífica para o conflito.
Os advogados dos proprietários da fazenda alegaram que a área em questão é altamente produtiva, foi adquirida legalmente e devidamente registrada. Eles anunciaram que entrarão com um pedido de reintegração de posse na Justiça, buscando resolver a disputa de terras de acordo com as leis vigentes.
O caso ressalta a complexidade dos conflitos de terra envolvendo povos indígenas e proprietários rurais, evidenciando a necessidade de uma abordagem dialogada e justa para solucionar essas questões sensíveis que afetam comunidades e territórios em todo o Brasil. A expectativa é que as autoridades competentes busquem uma resolução que leve em consideração os direitos e interesses de ambas as partes envolvidas.
Instabilidade jurídica para produtores
O tema Marco Temporal percorre caminhos paralelos, com desfechos diferentes, o que leva a uma insegurança jurídica momentânea dos produtores. No Supremo Tribunal Federal (STF), na semana passada, a tese foi rejeitada, por 9 votos a 2. Ontem (27) o Senado aprovou o projeto por 43 votos a 21. E agora? O que acontece?
Além de polêmico, o caso ganhou uma complexidade extra por tramitar na Suprema Corte do Poder Judiciário ao mesmo tempo em que a tese, no formato de Projeto de Lei, seguia seu curso no Congresso Nacional.
O STF entendeu que o marco temporal está em desacordo com a Constituição e que esse entendimento deve valer para todos os casos sobre demarcações. Ocorre que esta decisão do STF não determina que o Poder Legislativo siga a definição do Supremo. A lacuna permite o Congresso a legislar sobre o tema e cada um dos poderes atuou dentro do que lhe compete. Fato é que 226 processos aguardam julgamento, mas para isso, a regra deve ser definida.
O relator do PL, senador Marcos Rogério (PL-RO), destacou que há um sentimento de insegurança e desconforto no meio rural. “Nós estamos apertados no tempo e vivendo uma situação complicada imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Isso gerou violência nas áreas de contencioso, para produtores e indígenas, inclusive. Conseguimos, através do Parlamento, reafirmar o papel desta Casa e trazer paz ao meio rural”.
O Senado aguarda agora a sanção presidencial. “Caso a presidência promova o veto, o Congresso vai derrubar”, afirma o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Pedro Lupion (PP-PR).
Com agências