Photo: Kamila Dantas

Seminário discute a política nacional de bioinsumos

Emanuely
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“Precisamos transformar os bioinsumos em uma política pública que permita que a agricultura familiar se aproprie desta tecnologia para a sua produção, com baixo custo e fácil aquisição”. A afirmação é do ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, durante o Seminário Nacional: Bioinsumos e o Fortalecimento da Agricultura Familiar, que acontece de 2 a 4 de agosto, no Instituto São Boaventura, em Brasília.

O diretor de Pesquisa e Inovação da Embrapa, Clenio Pillon participou do ato de abertura com o ministro e representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Anater, Conab, Contag, Fetraf e movimentos sociais como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), além de parlamentares da Câmara dos Deputados e Senado Federal.

“A missão deste governo é alimentar o povo brasileiro, com comida farta e variedade de alimentos referenciada na cultura alimentar da população. E a agricultura familiar é capaz de responder a essa missão. Temos atualmente uma boa parcela da população em situação de insegurança alimentar. Precisamos tirar o Brasil do mapa da forme, oferecendo alimentos e recuperando a tradição cultural da alimentação popular”, disse o ministro.

Para ele é importante que se valorize as sementes tradicionais locais, investindo mais em assistência técnica para a agricultura familiar e na transição agroecológica. “Se de um lado temos conseqüências decorrentes das mudanças do clima, de outro temos situações de saúde da população em função dos alimentos de má qualidade. Apostamos na agricultura regenerativa”, afirmou.

Para Clenio Pillon, a construção da política de bioinsumos constitui um grande campo de investimento na ciência. “Desde a década de 1970, temos um dos produtos de base biológica que se tornou referência mundial: a Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN). Economizamos, por ano, no Brasil, cerca de 15 bilhões de dólares só com essa tecnologia que tem como base o uso de microrganismos que retiram nitrogênio da atmosfera e, a partir de espécies com potencial de associação com a planta, conseguem produzir o seu próprio nitrogênio, aproveitando o que existe de nitrogênio gasoso na atmosfera. Isso é fruto de investimento em ciência”, disse.

Na sua análise, segurança alimentar está relacionada diretamente com soberania e o Brasil ainda depende de importação de fertilizantes para a cultura de alimentos. “Importamos em torno de 84% de nitrogênio, fósforo e potássio utilizados em nossos campos de produção. Portanto, investir nessa agenda de produção de bioinsumos é uma estratégia portadora de futuro. Segurança alimentar não é só consumo, mas acesso à genética e cultivares para a agricultura familiar”, declarou.

Ele enfatizou a democratização da genética e a produção de bioinsumos como vertentes fundamentais para a agricultura familiar. Também destacou como um dos pilares importantes para a política de bioinsumos, a produção de insumos em biofábricas, de forma cooperativa e associativa, em pólos estratégicos, com políticas que estimulem essa produção de base associativa. Outra estratégia é a produção de bioinsumos na modalidade on farm, na base produtiva do produtor, sustentada em protocolos, assistência técnica, e licença agronômica para a produção. Para o diretor, os projetos de lei em discussão na Câmara dos Deputados e no Senado Federal são fundamentais como base regulatória fundamental para a construção da política nacional de bioinsumos.

Ele apontou a necessidade de o País ter soberania sobre o conhecimento. “Um país que não investe na ciência, nos seus estudos, nas universidades, nos institutos de pesquisa não consegue ter soberania sobre a produção de conhecimentos, base para a oferta da produção de alimentos saudáveis e sustentáveis. Estamos felizes com essa retomada dos investimentos públicos pelo governo federal”.

Por fim, ressaltou a importância da produção da própria energia nas propriedades rurais, a partir de sistemas de produção integrados, aproveitando melhor os resíduos como fontes de matérias-primas para a geração de energia e o uso de co-produtos para a produção de insumos e bioinsumos. “Estamos falando de uma nova agenda e a pauta dos bioinsumos é fundamental. A agricultura de base biológica será a nova revolução da agricultura”.

(Com EMBRAPA)

(Emanuely/Sou Agro)

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