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Pressão nos preços da soja é reflexo de vários fatores

Débora Damasceno
Débora Damasceno

#souagro| Hoje nós vamos falar sobre o preço da soja. Neste começo de ano, agora no início de fevereiro. Os preços da soja tem gerado uma certa preocupação por conta da baixa nos preços. Por isso, conversamos com o especialista que explicou o motivo disso estar acontecendo e quais as perspectivas para os próximos meses.

“Este começo de ano está sendo marcado realmente por uma pressão bastante acentuada nos preços da soja e tem várias razões. Primeira delas a gente pode citar que tem a ver com a safra velha. A safra velha, apesar de uma quebra acentuada que teve problemas climáticos do ano passado. Assim mesmo nós tivemos exportações bem abaixo do que em anos anteriores, cerca de 10 a 12% do que no ano anterior. E as indústrias também se prepararam melhor para esse período de entressafra, não houve aquela corrida pra compra dos estoques remanescentes. Isso já deixou as indústrias melhores preparadas pra esperar a safra nova. Portanto não houve um sobressalto maior de preços”, explica Camilo Motter, analista de mercado.

 

Mas é importante se atentar a outros fatores que também influenciam no cenário atual.

“Nós temos uma evolução da safra brasileira bastante dentro da normalidade, devemos chegar aí a 148, 150 talvez até acima disso, milhões de toneladas e claro a gente tem que falar de um suporte de preços antes de falar de outros fatores que estão induzindo a queda de preços agora. Que fatores estão dando suporte? A quebra na Argentina, se fala numa quebra superior a dez milhões de toneladas, portanto eles devem produzir uma safra ao redor de 40, talvez até um pouco abaixo de quarenta milhões de toneladas. O Paraguai deve perder alguma coisa, talvez dois a três milhões de toneladas, se imaginava algo em torno de dez milhões, vai saber, talvez caiu pra nove ou oito milhões de toneladas. Rio Grande do Sul também perde um pouco, mas vai ser compensado no Brasil, nós estimamos pela melhor produtividade, especialmente nos estados do Centro-Oeste. Isso está deixando no mercado fatores de suporte, aliados também a uma boa demanda especialmente da China.

A pressão na baixa dos preços é levada por muitos motivos.
“Apesar deste suporte, vamos falar então dos fatores de pressão que é exatamente essa boa oferta que tivemos em safra velha, inclusive na entressafra, apesar da quebra do ano passado
Este é o primeiro fator. O segundo, uma queda acentuada nos portos brasileiros se a gente voltar lá pra setembro, outubro os prêmios estavam ao redor de dois dólares acima de Chicago
na faixa de quarenta, quarenta e cinco centavos acima de Chicago. Portanto há uma queda acentuada nos prêmios, a boa evolução da safra brasileira conforme falamos antes do dólar de câmbio que veio caindo se manteve muito próximo com cinco. Então esse é um outro ponto negativo e uma certa acomodação da indústria nesse momento aqui dentro que
está bem abastecida, então nós vamos depender basicamente de preço de exportação nesse começo, né? E por aí nós vamos andar, eu não vejo que no curto prazo a gente tenha modulos pra alta, tá? A entrada forte da safra brasileira agora é em fevereiro, e portanto vamos conviver relativamente pressionadas”, explica Camilo.

 

Com todo este cenário, o ano deve ser marcado por muita instabilidade no mercado da soja.

“Ao longo do ano, aí nós vamos ter muita oscilação de preços. Porque câmbio pode vir com muita instabilidade dado a questão do novo Governo, as questões mais econômicas, definições de política econômica do novo Governo. Então a gente pode ter embates muito sérios nessa linha”, detalha Camilo.

Assista o vídeo para ouvir a explicação completa de Camilo.

 

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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