Foto: Assessoria Governo de São Paulo

Criadores de ovinos e caprinos de SP querem organizar a cadeia produtiva para alavancar o setor

Redação Sou Agro
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Foto: Assessoria Governo de São Paulo

Preços atrativos e demanda garantida tanto no mercado externo, quanto interno. Esse é o atual cenário da ovinocultura mundial, cujos preços internacionais da carne ovina têm crescido gradualmente em relação à carne bovina, suína e de aves. E os analistas acreditam que permaneçam altos na próxima década.

De olho neste potencial mercado, os produtores paulistas de ovinos e caprinos têm uma meta: organizar a cadeia produtiva por meio de um diagnóstico do setor, com dados oficiais de produção e rebanho. “A ovinocultura está estagnada. Com informações reais sobre a importância econômica da atividade, podemos ter ações e políticas públicas que incentivem o setor”, afirma Francisco Manoel Nogueira Fernandes, presidente da Câmara Setorial de Ovinos e Caprinos.

O assunto vem sendo amplamente discutido nos encontros da câmara e também será abordado nesta quinta-feira, durante a reunião com representantes da cadeia produtiva de ovinos e caprinos, no Instituto de Zootecnia, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), órgão ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. “Precisamos de apoio para resgatar os produtores que deixaram a atividade. Nessa reunião vamos fortalecer o diálogo para criar uma agenda positiva para 2024”, ressalta Fernandes.

Segundo o coordenador das Câmaras Setoriais e Temáticas da Secretaria, Jose Carlos de Faria Junior, a caprinocultura e ovinocultura em São Paulo estão em crescimento, impulsionadas por iniciativas governamentais e a atuação da Câmara Setorial de Caprinos e Ovinos. “O estado busca diversificar a produção e agregar valor com foco na industrialização de produtos derivados, o apoio técnico da extensão e da pesquisa, são fundamentais para impulsionar a criação de ovinos e caprinos no Estado”, declarou Faria.

Uma estimativa não oficial revela que existem cerca de 10 mil criadores de ovinos no Estado de São Paulo, com um rebanho de aproximadamente 250 mil animais. Mas esse número pode ser ainda maior. “Existe muita informalidade no setor. Temos que incentivar os pequenos criadores a saírem da clandestinidade, com isso, aumentamos a demanda de abates nos frigoríficos oficiais”, explica o presidente da Câmara Setorial.


O secretário de Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai, acredita no potencial da produção de carne de cordeiro em São Paulo para competir com o produto importado. O trabalho incansável da Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo desempenha um papel crucial no crescimento desse setor. Além disso, a SAA vem impulsionando a criação de ovinos e caprinos por meio de linhas de financiamento específicas do FEAP, indicando um cenário promissor para o segmento.

Uma das propostas do setor é de organizar a cadeia produtiva por região, levando em consideração o potencial para o turismo rural, que ampliam a oferta de produtos da ovinocultura, como produtos artesanais a partir da lã e queijos produzidos com leite de ovelha.

Para se ter uma ideia do potencial desse mercado, segundo Francisco Fernandes, que cria ovinos há quase 40 anos, quando comparado com a pecuária bovina, a ovinocultura é muito mais rentável. “A carne de cordeiro tem alto valor agregado, o ciclo de produção é muito mais curto e o uso de pastagem para criação de matrizes, cinco vezes menor”, revela.

Mas, além da desorganização da cadeia produtiva, o setor paulista enfrenta outros entraves, como a falta de mão de obra qualificada, concorrência com a carne de cordeiro uruguaia – que chega ao mercado brasileiro com preços mais atrativos, e falta de experiência dos produtores. “Há alguns anos, houve uma mudança no perfil dos criadores, de pequenos para médios. Os pequenos produtores deixaram a atividade e o setor atraiu novos investidores”, explica o pesquisador científico Ricardo Lopes Dias da Costa, responsável pela Unidade de Ovinos do IZ.

Além de cursos de manejo e boas práticas de produção, segundo o pesquisador, o Instituto de Zootecnia, que é referência no manejo de ovinos, conta hoje com duas linhas de pesquisa com foco na redução de custos. A primeira, com ênfase na eficiência alimentar, usada na seleção de matrizes, garantiu ganho de peso dos animais com 30% menos ração. A outra, que utiliza plantas não convencionais na alimentação, como moringa e tetônia com alto valor proteico e de tanino, substitutas da soja e do milho.

 

(Com Agricultura/SP)

(Redação Sou Agro/Sou Agro)

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