Embrapa apresenta milho transgênico totalmente desenvolvido no Brasil

Tatiane Bertolino
Tatiane Bertolino

A Embrapa e a Helix, empresa do grupo Agroceres, apresentaram, no fim do mês passado, cultivares de milho melhoradas com o evento transgênico de milho BTMAX, que apresenta alta eficácia contra as pragas lagarta-do-cartucho, considerada a principal praga da cultura do milho e broca-da-cana

Com resultados em laboratório e de campo conduzidos em regiões relevantes para o agronegócio do milho no Brasil, “o BTMAX foi tão eficiente quanto a melhor tecnologia existente no mercado e não apresentou nenhum dano em folhas ou no cartucho da planta, mesmo em regiões com alta pressão da lagarta-do-cartucho, como foi o caso de Rondonópolis, no estado de Mato Grosso, que talvez tenha sido o mais impactante para a tomada de decisão da equipe”, explica Cesar Moisés Camilo, pesquisador da Helix.

Ainda segundo o pesquisador, mesmo com a diluição da folha do milho transgênico BTMAX em dieta artificial de 25 vezes, 70% das lagartas estavam mortas em sete dias. Ao final de 14 dias, o BTMAX eliminou 99% das lagartas, sendo que 1% restante não completou o ciclo, “um ponto muito importante para o manejo de resistência da proteína”, reforça o pesquisador da Helix. “O milho BTMAX não apresenta resistência cruzada com as proteínas presentes em eventos comerciais que já apresentam quebra de resistência“, reitera Cesar Camilo.

Solução na biodiversidade brasileira

Urbano Ribeiral Júnior, diretor financeiro do grupo Agroceres, reforça o mesmo ponto de vista em relação ao ineditismo da tecnologia. “É um processo feito de forma extenuante pelas empresas concorrentes e você precisa identificar algo inédito, que os outros ainda não tenham feito”, diz. Segundo Urbano, outra explicação decisiva em relação ao desempenho do evento encontra resposta na própria biodiversidade brasileira. “Com os resultados desta parceria, demonstramos que há um diferencial, que é especificamente usar a biodiversidade brasileira para resolver, também de forma específica, problemas das nossas pragas nas plantas cultivadas, pragas do mundo tropical”, comenta. “Acredito que esse foco na agricultura tropical já faz o produto se viabilizar. Acredito nessa razão para o sucesso do primeiro evento, o BTMAX, assim como de outras tecnologias que estão por vir”, adianta.

Urbano também comentou sobre a relevância da ciência brasileira, desde a etapa inicial desse processo com as seguintes fases: bioprospecção de microrganismos e desenvolvimento tecnológico de interesse, identificação de dezenas de cepas de Bt com potencial toxicológico contra a Spodoptera frugiperda, identificação e síntese de centenas de genes, testes de validação, geração de dezenas de eventos de milho transgênico, ensaios em laboratórios, em casas de vegetação e no campo e a seleção de um “evento-elite” promissor.

Com Embrapa

(Tatiane Bertolino/Sou Agro)

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