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“Todo mundo precisa de ajuda, independente de quem for”, diz produtora rural que luta contra depressão

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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#souagro| Frescura, loucura, falta de Deus… Se você enfrenta a depressão certamente já ouviu algumas dessas frases, mas saiba que nenhuma delas é verdade e que a depressão é sim uma doença.

A depressão é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) o “Mal do Século”. No sentido patológico, há presença de tristeza, pessimismo, baixa autoestima, que aparecem com frequência. A doença provoca ainda ausência de prazer em coisas que antes faziam bem e grande oscilação de humor e pensamentos, que podem inclusive gerar atos suicidas. Está presente na literatura médica e científica mundial que a depressão também incita alterações fisiológicas no corpo, sendo porta de entrada para outras doenças. Pessoas com depressão podem, além da sensação de infelicidade crônica, apresentar baixas no sistema de imunidade e maiores episódios de problemas inflamatórios e infecciosos. A depressão, dependendo da gravidade, pode desencadear, também, doenças cardiovasculares, como infarto, AVC e hipertensão.

 

A situação é muita séria e quando falamos em nossa realidade de porteira para dentro, isso acaba complicando ainda mais. É que no agronegócio muitos produtores e produtoras acabam sendo ainda mais resistentes em relação aos sintomas depressivos e relutam em buscar ajuda, o que não deve ser feito, pois só com ajuda que é possível vencer essa doença.

Exemplo disso é a Bruna da Rolt, produtora rural e também trabalhadora da saúde em Jacinto Machado, Santa Catarina decidiu dividir um pouco da sua história com a gente.

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“Eu sou casada há 11 anos e eu fui morar com a família do meu marido. Tudo sobrou nas minhas costas e eu trabalho fora, a vida na roça e a gente planta um pouquinho de tudo. Antes eu não queria ser mãe, hoje que eu podia ser mãe, eu não posso mais, descobri que eu tenho um tumor onde tudo vai acumulando. Querendo ou não, a gente não quer se abater, mas aquela Bruna de dez anos atrás quando eu me casei, não existe mais. Eu me fechei muito, muita coisa e pouco apoio”, conta Bruna.

 

Bruna relata que além de ser produtora rural, o trabalho na área da saúde foi um grande apoio para a busca da ajuda.

“Eu consegui trabalhar na área da Saúde. Tenho colegas de trabalho que são psicóloga e terapeuta. Fiz algumas sessões, porém por conta de muitas coisas nas minhas costas eu não consegui participar de todas as sessões. A gente conversa pelo WhatsApp, está me ajudando bastante, mas já foi pior, hoje estou conseguindo aceitar mais esse problema”, detalha Bruna.

Bruna Da Rolt é produtora rural e luta contra a depressão

 

A IMPORTÂNCIA DE FALAR

O tratamento é feito com auxílio médico profissional, por meio de medicamentos, e acompanhamento terapêutico conforme cada caso. O apoio da família é fundamental. Deise Rosa é psicóloga e explica um pouco sobre o que é a depressão.

“O que é esta tal depressão que muitas pessoas, infelizmente, ainda não levam a sério? A depressão é uma doença muito grave que vai chegando aos poucos. Enfim, vai intensificando os sintomas depressivos. A gente costuma dizer não é o que diferencia sintomas depressivos de uma depressão, doença o tempo e a intensidade vão voltar. Vou tentar dar um exemplo aqui. Você teve uma perda significativa na sua vida, um namoro que não deu certo, um casamento que terminou, alguém, mudança de emprego, mudança de casa, aconteceu alguma coisa com seu filho, enfim, coisas que te deixaram tristes. A tristeza é um sintoma que reduz  nossas emoções e aí vem aí com ela não só tristeza vem essa irritabilidade. Muitas vezes essa raiva que aparece desânimo. Às vezes vem um pouco de dor no corpo, mas vai passando. Agora, todos os dias, há mais de 20, 20, 30 dias. Opa, sinal de alerta. É hora de buscar ajuda. Então, o que a gente precisa saber que a intensidade está atrapalhando na minha vida? Eu não consigo mais estar nos movimentos que eu gostava. Aquilo que eu gostava de fazer já não é mais como antes. É um alerta para buscar ajuda”, explica.

 

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Deise Rosa, Psicóloga

 

A ajuda é fundamental para quem precisa lutar contra a depressão.

“A ajuda ela pode ser de duas formas ou a ajuda medicamentosa que o profissional adequado para isso seria o médico psiquiatra. Ah, mas eu não estou louca, depressão não tem nada a ver com loucura. Fique bem sossegado com isso. Mas veja se eu estou com dor no joelho. Se eu estou com problemas de ordem da minha saúde mental, é o meu humor que está deprimido. Eu devo também procurar um médico especializado nesta área, certo? E é para isso que vem o psiquiatra. Por quê? Porque existem alguns casos de depressão. Não são todos, mas existem que são só questões químicas. E estes casos, principalmente, que não têm uma causa específica. Ou seja, não teve um desentendimento, não teve uma perda, não teve nada significativo. Estes casos têm de ser mais químicos e por isso eles precisam do medicamento para te ajudar. Às vezes a gente acha que vai dar conta de tudo sozinho. Procurar ajuda é fundamental. Além do psicólogo que é o profissional que vai tentar te auxiliar a entender de onde vem essas questões”, detalha Deise.

Buscar ajuda é o primeiro passo para conseguir passar por esse momento tão difícil.
“Procure ajuda. Está tudo bem a gente buscar auxílio”, finaliza Deise.

“Em primeiro lugar, sempre Deus. Eu sempre pego muito em Deus e procure ajuda. É muito bom. Tu não consegue sair de você estar sozinho, independente de aonde você esteja no ar. E se torna até mais difícil porque a gente não quer aceitar. A gente pensa que é frescura, principalmente aqui onde eu moro. A mulher vai na terapeuta e psicóloga é frescura. Homens mais ainda e não é. Todo mundo precisa de ajuda, independente de quem for. E Deus primeiro lugar, sempre”, finaliza Bruna.

(Débora Damasceno/Sou Agro )

(Foto: reprodução redes sociais)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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