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Boletim Climático

La Niña é persistente e deve continuar dando dor de cabeça aos produtores

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Débora Damasceno
Débora Damasceno

#souagro| A La Niña tem sido uma verdadeira pedra no sapato dos agricultores. Afinal o fenômeno tem trazido muitas incertezas e reflexos no clima, resultando em muita instabilidade. Tudo está desregulado, seja com seca demais ou chuvas em excesso, mas sem distribuição uniforme, ou até mesmo geadas precoces mas o que todo mundo quer saber é: Até quando a La Niña fica? Quem responde isso é o especialista no assunto, Ronaldo Coutinho, engenheiro agrônomo. Mas eu já adianto que as previsões são de que a La Niña se mantém persistente.

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La Niña é persistente e deve continuar dando dor de cabeça aos produtores

 

“No Sul nós vamos ter regularidade da chuva. Agora nós estamos num período em que vai ter uma chuva mais frequente entre o norte do Rio Grande Sul, Santa Catarina e Paraná, Paraguai, Mato Grosso do Sul e parte de São Paulo. Entre essa segunda parte de setembro e outubro, novembro começa a reduzir a chuva. Então vai ter essa irregularidade da chuva que ela faz. Ela diminui aquele período que normalmente seria úmido durante boa parte da primavera. Então uma parte da nossa primavera aqui no sul vai ser úmida e fria. Nós já tivemos quatro, cinco episódios de geada forte aqui pelo sul no mês de agosto, já tivemos um agora em setembro e vamos ter mais outra agora no domingo e talvez segunda-feira. Então vamos ter essa irregularidade na chuva e na temperatura”, diz Coutinho.

 

Na região Sul, a atenção se volta também para grandes alterações com chuva e frio tardio.

“O Sul vai ter que tomar cuidado, que tem uma possibilidade de ter uma boa redução de chuva entre o final de outubro e início de novembro para frente, que é característica da nossa região, geralmente reduz a chuva em novembro e começo de janeiro, o que faz ela largue esse período. A parte da chuva que normalmente tem mais esse final de setembro até início de maio e outubro e novembro ela reduz. Então vamos ter alguma chuva em excesso na primavera. Vamos jogar num período mais curto e problemas com o frio ainda tardio, mesmo nas áreas altas do Sul, ainda teremos problemas com geada no final de outubro, novembro e mesmo em dezembro”, explica.

 

 

Mas segundo Coutinho, o verão deste ano tende a ser melhor que 2021, mas mesmo assim é preciso se manter alerta na agricultura.

“Não deve ser um verão tão ruim quanto foi o ano passado, então nós vamos ter um pouco de cada. Por isso, o escalonamento do plantio também da safra de verão para que? Para não pegar essa chuva na hora errada, na hora da colheita ou para não pegar o período de seca na hora da florada ou enchimento de grãos, então sempre escalonado dentro do possível, conversando com seu técnico. Na fruticultura, o problema já está sendo agora. As geadas têm feito um estrago grande na fruta de caroço. Nós de variedades mais precoces, de uva de ameixa e pera, a própria maçã também ainda vamos ter problemas. Entre setembro e a primeira quinzena de outubro, ainda há risco de geadas, com potencial de danos grande na fruticultura e nos cereais de invernos mais tardios, a começar nesse próximo domingo, que vai ser outra madrugada problemática nas áreas principais de produção aqui dos campos de Palmas, Santa Catarina e em boa parte do Rio Grande do Sul. Mas vamos ficar com dois pés atrás. Ela está ganhando força E isso pode talvez prejudicar ou mudar esse quadro”, detalha Coutinho.

 

Bom, mas o que se tem certeza até agora é que a La Niña não vai embora tão cedo.

“Até até fevereiro continuamos com água, mas de novo neutro, neutro, frio a La Niña e só em março, abril e maio, que continua neutro, completo. Mas do jeito que está indo, não duvido que logo, logo não apareça a água fria que em março e abril, talvez nas atualizações ali de outubro, novembro. Então, por enquanto, sem perspectiva de fim da La Niña”, finaliza Coutinho.

 

O QUE É A LA NIÑA?

La Niña consiste em uma alteração periódica das temperaturas médias do Oceano Pacífico. Essa transformação é capaz de modificar uma série de outros fenômenos, como a distribuição de calor, concentração de chuvas e a formação de secas.

Quando a alteração da temperatura das águas do Oceano Pacífico aponta para uma redução das médias térmicas, o fenômeno é nomeado de La Niña, basicamente o efeito La Niña está ligado ao resfriamento das temperaturas médias das águas do Oceano Pacífico, representando exatamente o oposto do fenômeno El Niño, que produz um aquecimento anormal de suas temperaturas

 

(Débora Damasceno/Sou Agro )

(Foto: Envato)

(Débora Damasceno/Sou Agro)