Propriedade é modelo na criação de bezerros em áreas declivosas

Sirlei Benetti
Sirlei Benetti

 

A pecuária de corte no Paraná precisa melhorar seus indicadores de produtividade para se manter como uma atividade lucrativa. Para os pecuaristas terminadores, que engordam os animais para o abate, o maior problema é adquirir bezerros. Calcula-se que no Estado exista uma deficiência de 600 mil animais para a reposição do rebanho. A Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento e IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater) desenvolvem o Projeto Estadual Pecuária Moderna que visa dar novos indicativos de produtividade para os pecuaristas. Para suprir a falta de animais de reposição foi criado o Programa de Produção de Bezerros em Áreas Declivosas. A intenção é explorar locais onde não é possível fazer o plantio de grãos. Segundo os técnicos, seria possível criar até dois milhões de matrizes nessas áreas e garantir a criação de 1,4 milhão de bezerros.

Endrigo Antonio de Carvalho, extensionista do IDR-Paraná de Cascavel, informou que as áreas declivosas precisam de alguns cuidados antes de receber os animais. Segundo ele, é necessário investir na recuperação do solo, além de intensificar a produção de pastagens. Desta forma, o pecuarista conseguiria aumentar a lotação de matrizes, gerando bezerros de qualidade voltados à demanda do mercado. Atualmente, três propriedades no estado iniciaram este trabalho junto ao Propbad: em Ampére, Lindoeste e Cascavel.  Neste mês, foram iniciadas as ações numa propriedade em Nova Laranjeiras, numa parceria firmada entre ao IDR-Paraná e a prefeitura, que vai servir como Unidade de Referência para criadores da região.

 

Aumento da lotação
A Fazenda Guerra, de Sergio Luiz Guerra, tem 193 hectares de pastagem perene, 240 matrizes e sete touros. A taxa de lotação é de 1,3 UA (Unidade Animal) por hectare. De acordo com Endrigo de Carvalho, num prazo de três a cinco anos o rebanho deve estar estabilizado em 350 matrizes e 10 touros, com uma lotação de 2,0 UA/ha. “Esse tempo decorre pelo fato de se tratar de um projeto piloto. Vamos começar com 25 hectares e a validação dos resultados irá direcionar a técnica para o restante da área”, explicou o zootecnista.

Para que as áreas declivosas suportem o aumento da lotação de animais, será feita a análise e correção do solo, a recuperação da pastagem, além de um ajuste na adubação de manutenção dessas áreas. O zootecnista do IDR-Paraná informou também que os piquetes serão redimensionados e será feito o controle de ervas competidoras. O produtor ainda será orientado a fazer o melhoramento genético do rebanho, bem como o manejo sanitário e nutricional dos animais.

No futuro, os técnicos e o pecuarista vão discutir a possibilidade do uso de terras mecanizadas para a produção de forragens conservadas e a produção de pastagem no inverno. “Isso nos possibilitaria, num cenário intermediário de clima e mercado, trabalhar com 3,5 UA por hectare. Hoje no Paraná, a lotação média é de 1,4 UA/ha, considerando áreas declivosas ou não”, explicou Carvalho. O trabalho será feito em várias etapas, com visitas mensais e o estabelecimento de metas e desafios a serem cumpridos. Todos os técnicos envolvidos no projeto foram qualificados pelo IDR-Paraná para que possam orientar os pecuaristas interessados em aproveitar áreas declivosas para a produção de bezerros.

Uma parte dos animais criados na Fazenda Guerra será destinada à recria e terminação numa outra propriedade do pecuarista Sergio Luis Guerra. O restante será comercializado com recriadores do estado que buscam bezerros para a reposição e que participam das seis cooperativas de carne de qualidade do estado.

 

Fonte: IDR-Paraná

 

(Sirlei Benetti/Sou Agro)

Entre em um
dos grupos!

Mais Lidas

Notícias Relacionadas