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Exportação de suínos cresce, mas custo de produção é alto

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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Após melhora nas vendas tanto dos suínos vivos quanto da carne no final de novembro, as negociações do animal voltaram a ser pressionadas pela menor liquidez na maioria das regiões em dezembro. De acordo com colaboradores do Cepea, a oferta de animais para abate no mercado independente ficou acima da demanda por novos lotes, devido à baixa liquidez da carne no mercado interno.

Assim, em dezembro, os suínos desvalorizaram 1,5% na região SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba), passando de R$ 7,00/kg em novembro para R$ 6,89/kg em dezembro. Em São José do Rio Preto (SP), na mesma comparação, o animal passou de R$ 6,83/kg para R$ 6,74/kg, queda de 1,3% no mês. Segundo agentes de São Paulo e de Minas Gerais consultados pelo Cepea, além da elevação da disponibilidade local de animais vivos, o aumento de cargas do Sul do País reforçou a pressão sobre as cotações no Sudeste.

 

No Sul, as quedas nos suínos foram mais intensas. Em Braço do Norte (SC), a baixa no preço foi de 4,6% de novembro para dezembro, com o preço do quilo do vivo indo para R$ 5,91 no encerramento de 2021. Em Arapoti (PR), a desvalorização chegou a 4,8%, com média de R$ 6,27/kg em dezembro.

Quanto à carne, houve avanço de apenas 0,7% no preço da carcaça especial suína comercializada no atacado da Grande São Paulo, a R$ 10,15/kg em dezembro. Os preços da maioria dos cortes, na média das regiões do estado de São Paulo, por sua vez, recuaram. A queda mais expressiva dentre os produtos acompanhados foi registrada para a costela, de 1,6%, comercializada a R$ 15,05/kg em dezembro.

 

 

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Preços e exportações

As exportações brasileiras de carne suína encerraram 2021 em volumes elevados, mesmo diante do recuo dos envios à China, o maior parceiro comercial do setor suinícola nacional. A quantidade embarcada pelo Brasil em dezembro, inclusive, foi a maior da história para esse mês.

De acordo com dados da Secex, compilados por pesquisadores do Cepea, em dezembro, foram escoadas 88,3 mil toneladas de carne suína, incluindo produtos in natura e processados, volume 13,2% superior ao de novembro/21 e 7,3% acima do registrado em dezembro/20.

 

Apesar do resultado, os envios à China, que segue sendo o principal destino da carne suína brasileira, recuaram, somando o menor patamar para dezembro em três anos. No último mês, 29,8 mil toneladas foram exportadas à China, quantidade 33,6% menor que a do mesmo mês de 2020 e ainda 3,8% abaixo do volume de dezembro/19, segundo dados da Secex.

O país asiático vem, há alguns anos, buscando atingir a autossuficiência em carne suína, elevando o rebanho e a produção, que, vale lembrar, foram duramente prejudicados após surtos de Peste Suína Africana (PSA). Para 2022, o governo chinês anunciou elevação na tarifa de importação para a carne suína, o que colocou o setor brasileiro em alerta.

 

Para compensar o recuo dos envios à China em dezembro, os embarques brasileiros da carne para outros destinos, como Vietnã e Cingapura, tiveram forte incremento. As exportações para estes dois últimos países somaram 9,3 mil toneladas em dezembro, o dobro do volume observado para ambos no mesmo mês de 2020, ainda de acordo com a Secex.

Neste começo de 2022, os embarques seguem em bom ritmo. Conforme relatório parcial da Secex, nos cinco primeiros dias úteis de janeiro, a média diária de embarques de carne suína in natura está em 4 mil toneladas, 13,7% superior à observada em dezembro/21 e ainda 41,9% acima da de janeiro/21.

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Relação de troca e insumos

As quedas nas cotações do suíno vivo e a alta nos preços dos principais insumos da atividade, milho e farelo de soja, reduziram o poder de compra de suinocultores paulistas e catarinenses em dezembro. A pressão sobre os preços do animal veio da maior oferta de suínos e do enfraquecimento da procura por novos lotes para abate. Em dezembro, o valor do suíno vivo negociado na região de SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba) recuou 1,6% em relação ao mês anterior, com a média a R$ 6,89/kg. No Oeste Catarinense, a desvalorização do animal vivo no mês foi ainda maior, de 2,9%, passando de R$ 6,47/kg em novembro para R$ 6,28/kg em dezembro.

No mercado de milho, segundo levantamento da Equipe Grãos/Cepea, apesar de boa parte dos compradores se mostrar abastecida, os preços seguiram firmes, devido à postura retraída de vendedores. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa do milho (Campinas – SP) teve média de R$ 88,03/saca de 60 kg em dezembro, alta de 4,6% frente à de novembro. Em Chapecó (SC), no mesmo período, o avanço na média foi de 2%, a R$ 90,09/sc em dezembro.

 

Para o farelo de soja, ainda segundo a Equipe de Grãos/Cepea, a valorização do dólar frente ao Real elevou o interesse de compradores externos pela soja brasileira, aumentando a disputa entre agentes dos mercados doméstico e internacional e, consequentemente, os preços internos. Na região de Campinas, o derivado se valorizou 0,5% em dezembro, com a média atingindo R$ 2.348,16/tonelada. Em Chapecó, a alta foi de 4,4%, com a tonelada comercializada a R$ 2.246,89.

Dessa forma, considerando-se o Indicador ESALQ/BM&FBovespa do milho, em dezembro, foi possível ao produtor de suínos paulista a compra de 4,7 quilos do cereal com a venda de um quilo de suíno, quantidade 5,9% menor do que era possível de se adquirir em novembro. No mesmo período, frente ao farelo de soja comercializado no mercado de lotes de Campinas, o recuo no poder de compra do suinocultor foi de 1,7%, sendo possível a aquisição de apenas 2,94 quilos do derivado com a venda de um quilo de suíno.

 

Para o produtor de suínos do Oeste Catarinense, na comparação com o farelo de soja, foi possível ao produtor, em dezembro, a compra de 2,80 quilos do derivado com a venda de um quilo do animal vivo, queda de 6,8% no mês. No caso do milho, foi possível ao produtor catarinense a aquisição de 4,2 quilos de cereal com a venda de um quilo de suíno, 4,6% a menos do que no mês anterior.

Carnes concorrentes

O leve aumento no preço da carne suína no mercado interno e a valorização mais intensa da carne bovina resultaram em aumento da competitividade da proteína suinícola em dezembro. Na comparação com o frango, porém, o cenário foi de perda de competitividade para a carne suína, tendo em vista o forte recuo nos preços do frango.

 

(FONTE: Cepea  – FOTO: AEN)

 

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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