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Da tragédia ao sucesso no campo: conheça Márcia Piati

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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#souagro: Foi de uma tragédia que a agricultora Márcia Piati Bordignon tirou forças para começar a vida trabalhando no campo. Moradora de Céu Azul no Paraná, Márcia é produtora rural de grãos e sócia proprietária da Fazenda 4 Filhas.

VEJA O VÍDEO E CONHEÇA A HISTÓRIA DE MÁRCIA:

COMO TUDO COMEÇOU:

Na família sempre teve a cultura de que o filho homem seguiria os passos no pai, mas na casa de Márcia nasceram quatro mulheres, e desde cedo foram criadas para estudar e seguir rumos fora da propriedade, todas foram morar na cidade para estudar e trabalhar. Márcia se formou em matemática, e lecionava. Mas foi em 24 de abril de 2008 que uma tragédia marcou a história da família. O pai de Márcia foi assassinado quando tinha 54 anos, por um funcionário da fazenda, no mesmo dia ela abandonou a vida de dar aula e prometeu que se dedicaria ao negócio da família.

 

Marcia tinha 27 anos na época e assumiu junto com a mãe a gestão da fazenda: “Ele era o gerente de tudo, tinha os funcionários, mas era ele quem cuidava de tudo e eu não estava lá, foi muito difícil porque peguei um bonde andando, mas ele não podia parar e eu nem sabia como ligar esse bonde. Então foi muito árduo, tivemos muita dedicação minha, da minha mãe e das  minhas irmãs que mesmo não administrando nos apoiaram para atingir esse resultado positivo e de sucesso da propriedade”, conta Márcia.

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DIFICULDADES E RESULTADOS

No começo não foi nada fácil, a família tinha uma dívida alta e precisava produzir bem para pagar. Márcia enfrentava dificuldade para contratar funcionários que não aceitavam comando de uma mulher e também não acreditavam que a propriedade ia para frente, aliás poucas pessoas acreditavam no potencial daquela família com cinco mulheres.  Márcia foi perseverante e se aplicou em estudar e entender tudo para conseguir tocar o negócio. Fez cursos de máquinas, mecânica, plantio direto, insumos  e administração rural. Durante este período chegou a sofrer muito preconceito  por ser mulher, mas nunca desistiu.

 

Márcia conta que chorou muitas vezes durante este processo, mas que cada pedra no caminho serviu como aprendizado, afinal todas as dívidas foram pagas e a propriedade aumentou em mais de 40% em todos esses anos, tanto em equipamentos e máquinas quanto em terras. Na safra 2019/2020, foram plantados 430 hectares com soja no verão. A segunda safra costuma ser de milho e trigo. A produção é custeada com recursos próprios e financiamento.

CARGO DE RESPONSABILIDADE

A empresária rural também é conselheira administrativa da Cooperativa Sicredi e para ela essa posição é ótima e ela pode colaborar com outras famílias: “A nossa região é muito cooperativista e essas cooperativas foram minhas parceiras desde o começo e aí quando você recebe muito, você quer devolver, eu quis devolver tudo isso e contribuir com a cooperativa. Então eu tive essa oportunidade como associada. Faço parte do grupo há 7 anos, já são dois mandados como conselheira, me sinto feliz. Não vejo diferença por ser mulher, meus companheiros me tratam como igual e eu só falo que a gente precisa de mais mulheres, a gente observa detalhes que os homens não. Então só temos a ganhar com mulheres na liderança”, conta Márcia.

OS PRÊMIOS

Desde 2010 Marcia tem recebido diversos prêmios em concursos de produtividade. Em 2018, foi terceiro lugar na primeira edição do Prêmio Mulheres do Agro – Categoria: Grandes Propriedades.

“A gente sempre almejou altas  produtividades, a gente está na região oeste, onde o valor agregado da terra é muito alto, então a gente tem que pensar mais em produtividade do que em áreas agricultáveis. Buscamos muita técnica e muito conhecimento… A gente  buscou sempre o melhor, com isso vieram os altos resultados e com altos resultados começamos a se inscrever para concursos e tivemos muitos prêmios no milho e soja que é o que a nossa propriedade produz. Em 2018 eu participei do primeiro prêmio nacional de mulheres do agro, fiquei entre as finalistas, fui uma das vencedoras do concurso” detalha Márcia.

 

Márcia participou do evento Le Donne Dell’Agro | A presença da mulher no Agro, em Foz

 

O IPÊ

Márcia conta com muito carinho sobre um pé de ipê que fica próximo a sua propriedade. A árvore foi plantada quando ela era bem pequena, o plantio foi feito pelo pai para fazer sombra e ela se esconder do sol forte enquanto esperava o ônibus para ir até a escola. O ipê se tornou um verdadeiro símbolo da propriedade e todos os anos embeleza a paisagem quando floresce.

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CORAGEM E DETERMINAÇÃO 

Márcia começou no agronegócio em um momento de tragédia familiar,  mas fez disso um grande incentivo para fazer o negócio da família crescer e hoje é uma grande empresária de sucesso no meio rural. Para finalizar, Marcia deixa um recado para as mulheres: “Eu sempre falo que pedra nós sempre vamos encontrar no caminho, mas temos que arregaçar as mangas e ir com força e com vontade. Nós temos capacidade, nós mulheres  administramos nossas casas, nosso filhos, nós podemos administrar o que quisermos, mas isso requer muita determinação, coragem e vontade e vocês são capazes.”

(Débora Damasceno/ Sou Agro)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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