Produção de sorgo sobe quase 40% no Brasil
#souagro| Você sabia que o sorgo tem ganhado cada vez mais espaço na produção agrícola brasileira? Pois é, segundo o último levantamento de safras da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgado no começo do mês, o Brasil produziu 2,85 milhões de toneladas de sorgo na última safra (36,9% a mais que no período anterior), em uma área plantada de 1,03 milhão de hectares (incremento de 19,4%). A produtividade, está em 2.763 quilos por hectare, com variação positiva de 14,6% em relação à safra 2020/2021.
“Temos um horizonte promissor para o sorgo. Com a expectativa de acréscimo das exportações de milho do Brasil para a China, os preços devem continuar valorizados e o sorgo deve ser mais procurado pelas agroindústrias”, prevê Felipe Fabbri, coordenador da divisão de mercado de proteínas alternativas e de custo de produção da Scot Consultoria.
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No Sul do país, a previsão é de que o crescimento seja de 78,7% na área plantada até 2027 no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, chegando a 124 mil hectares em 2027. Com visão de uturo para o desenvolvimento de híbridos para a região, que serão eficientes e de alta estabilidade para plantio de verão, adaptados para áreas encharcadas (rotação com a cultura do arroz, promovendo a redução da planta daninha conhecida como arroz vermelho). Além da geração de grãos de alta qualidade para a indústria da carne e para a alimentação bovina.
“Ano a ano, temos visto incrementos na área e na produção, índices que vêm sendo puxados por agroindústrias de produção animal, que querem reduzir os custos na produção de rações, e por quebras na produção de milho em função do clima. O cenário para 2022/2023 é de forte evolução, com mais investimento em tecnologia. Devemos ter mais um ano sob a influência do La Niña e os produtores podem optar mais pelo sorgo, caso a janela se encurtar no plantio da safra de verão”, descreve Fabbri.
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Segundo o coordenador há, por parte da indústria, alta procura pelos grãos no período da colheita. “É uma opção de fácil acesso com menor custo”, resume. Totalmente voltado ao consumo doméstico, a cadeia produtiva do sorgo tem se profissionalizado com medidas adotadas pelas agroindústrias no processo de comercialização.
Goiás, Minas e São Paulo lideram a produção de sorgo no País. Mas o eixo de produção está mudando, segundo dados apresentados por Urubatan Klink, gerente comercial da América do Sul da Innovative Seed Solutions. “Matopiba e Sealba, além dos estados de Mato Grosso e Rondônia, são movimentações importantes em termos de territórios de produção, o que nos traz uma série de esforços pensando em cada uma dessas regiões”, avalia. Segundo ele, as regiões de Sorriso e Primavera do Leste, em Mato Grosso, têm ainda oportunidades de expansão na carona do crescimento da produção de etanol.
Particularidades da cultura
“Nos últimos 10 anos, houve uma evolução muito grande do potencial produtivo dos híbridos, saindo de um potencial de 80 para 150 sacas, além do aperfeiçoamento de atributos importantes, como tolerância à seca, qualidade nutricional e redutores de nematoides. É importante continuar a evolução desses híbridos para que possam garantir o incremento das áreas plantadas nas regiões de expansão, além de oferecer ao mercado cultivares tolerantes ao pulgão”, comenta o gerente comercial da América do Sul da Innovative Seed Solutions. Entre os híbridos citados, de alto potencial produtivo, está o BRS 373, desenvolvido pela Embrapa.
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Etanol e alimentação humana
Atualmente, cerca de 12% da safra de sorgo dos Estados Unidos, principal país produtor da cultura, é usada para a produção de biocombustíveis. “Além disso, a cultura é adequada para diferentes tipos de produção de etanol, sendo que o grão de sorgo produz a mesma quantidade de etanol por tonelada que o milho, mas usa um terço a menos de água em sua produção”, expõe Urubatan .
Em relação ao potencial de uso do sorgo na alimentação humana, Klink é enfático. “Temos usado muito pouco esse grão de sorgo. Sabemos que outros países têm usado muito mais e explorado esse potencial, como Japão, Estados Unidos e União Europeia. Traz essa tremenda vantagem da intolerância ao glúten”, finaliza o gerente.
(Débora Damasceno/Sou Agro com Embrapa)
(Foto: Embrapa)