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Professores da UEM debatem impactos no agro por causa da guerra

Ageiel Machado
Ageiel Machado
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#souagro | Durante debate na Expoingá, quinta-feira (05), professores da Universidade Estadual de Maringá (UEM), analisam os reflexos da guerra entre Rússia e a Ucrânia. Os principais setores são o de fertilizantes e de grãos. Caso a guerra continue, podem faltar itens nas prateleiras dos supermercados.

“O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos, fibras e combustíveis renováveis do mundo, mas esta produção está alicerçada em recursos em que parte é importada, por exemplo da Rússia”, analisa o professor Silas Maciel de Oliveira.

 

 

Devido a essa dependência internacional, e em face de restrições impostas ao comércio exterior, o professor diz que surge a escassez de commodities (como os insumos agrícolas), com consequente elevação de preços e do custo da produção agrícola. “Dentro deste cenário pode haver safra fora das condições normais, o que vai demandar manejos diferentes, práticas alternativas e estratégias para que o produtor minimize tais impactos”, afirmou.

Promovido pela UEM, em parceria com a Sociedade Rural do Paraná, o evento teve a participação de professores da universidade e lideranças do agronegócio regional e reuniu cerca de 200 pessoas. Segundo Oliveira, se os profissionais de Agrárias precisam se adaptar, isso também vale ao consumidor, que se depara com o pãozinho, o milho, as carnes e outros alimentos mais caros.

“Se essa instabilidade político-econômica permanecer, talvez haja restrição de algum produto, ou seja, uma consequência mais drástica seria que itens comecem a sumir das prateleiras dos supermercados”, disse. De acordo com dados apresentados no encontro, a Rússia é o sexto maior fornecedor de insumos agrícolas para o Brasil.

O Governo do Estado já lançou notas técnicas sobre importação de fertilizantes pelo Brasil. Os documentos propõem estratégias de curto, médio e longo prazo para aumentar a eficiência no uso. Primeiramente, destaca algumas práticas aconselháveis para determinados tipos de solo. Uma delas é a calagem, técnica de preparo de solo com adição de calcário para neutralizar a acidez, ou a gessagem, que consiste no uso de gesso agrícola, rico em cálcio e sulfato, que melhora a exploração do solo pelas raízes. Com isso, aumenta a absorção de água e nutrientes pela planta.

Também ganha menção o manejo conservacionista do solo e da água, com uso de resíduos culturais e plantas de cobertura depositados na superfície para posterior incorporação biológica.

 

 

AGRAVAMENTO

Outros dois palestrantes foram Paulo Henrique Martarello, gerente comercial da Cocamar Cooperativa Agroindustrial, e o professor Julyerme Matheus Tonin, do Departamento de Economia (DCO) da UEM. “Os impactos da guerra são visíveis, principalmente nos setores de fertilizantes e de grãos. Já existia uma série de variáveis que estavam afetando o custo de adubos e a crise entre a Rússia e a Ucrânia agravou esse problema”, disse Tonin. “Mesmo se esse conflito bélico se encerasse hoje, ainda há um lapso de tempo necessário para amortizar os efeitos”.

Martorello lembrou que o Brasil é o 4º maior consumidor de fertilizantes do mundo e que depende de outros países para suprir a necessidade do insumo. “Existe um plano do governo federal, que tem se acelerado nos últimos meses para aumentar a produção dos insumos nacionais, mas é um projeto que deverá surtir resultados a longo prazo. Precisamos pensar em medidas imediatas para não sofrermos tanto nesse período”, relatou.

De acordo com o professor Gilberto Joaquim, a guerra dificulta o intercâmbio comercial entre os países do leste europeu, principalmente da Rússia, de onde é importada a maior quantidade de fertilizantes para o Brasil, e esse impasse pode prejudicar a próxima safra. “Entendemos que esse seria o momento apropriado para discutirmos e pensarmos em alternativas para minimizarmos o problema”, explicou.

 

(Fonte: Ageiél Machado com AEN)

 

 

(Foto: Reuters)

(Ageiel Machado/Sou Agro)

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