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Plano safra é comemorado, mas taxa de juros ainda preocupa entidades 

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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#souagro| Nesta quarta-feira (29) o Governo Federal lançou o tão esperado Plano Safra 2022/2023 com valor de R$ 340,88 bilhões. O plano vale até junho do próximo ano. O aumento é de 36% em relação ao plano anterior.

Do total, R$ 246,28 bilhões serão destinados ao custeio e à comercialização, alta de 39% em relação ao ano anterior. Outros R$ 94,6 bilhões serão para investimentos, um crescimento de 29%. Segundo o Governo Federal, os recursos com juros controlados somam R$ 195,7 bilhões e com juros livres R$ 145,18 bilhões. O montante de recursos equalizados cresceu 31%, chegando a R$ 115,8 bilhões na próxima safra.

 

O portal Sou Agro foi saber como as entidades receberam essa liberação e qual a visão deles sobre o valor disponibilizado e a taxa de juros é o que mais preocupa (foto abaixo). Para ver a publicação com todos os dados detalhados do Plano Safra, clique AQUI.

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Taxa de juros do novo Plano Safra – Foto: Mapa

 

Começando pelo Sistema FAEP/SENAR-PR, o presidente, Ágide Meneguette, avaliou positivamente o volume de recursos, porém atentou para as altas taxas de juros. “Produtividade se constrói com planejamento e previsibilidade. Se o setor agropecuário sabe o quanto terá à disposição para contratar crédito, fazer o seguro rural, pode se dedicar ao seu trabalho de alimentar o mundo. Esse plano superou nossas expectativas, com a previsão de valores mais robustos do que aqueles disponibilizados nos anos anteriores. O que chamou nossa atenção, porém, foi o aumento nas taxas de juros. A FAEP já esperava esse aumento, mas não imaginava que ultrapassaria os dois dígitos, como no caso dos programas Moderfrota, Procamp Agro, Moderagro e Inovagro”, detalhou.

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Presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette – Foto: Faep

 

 

Luiz Eliezer Ferreira, é técnico do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP/SENAR-PR também pontuou pontos positivos e negativos no novo Plano Safra: “Avaliamos que é um plano bastante robusto do ponto de vista de volume de recursos. A gente teve uma alta no volume total de recursos, tanto para custeio e investimento, para custeio e comercialização, quanto também para os investimentos. O que pesou negativo foi a forte alta na taxa de juros, as linhas de investimento, a gente viu taxas de juros ultrapassando os dois dígitos,  principalmente no que tange a por exemplo Inovagro que permite o financiamento de energias. Os produtores têm investido em energia renovável fugindo ali um pouco do custo, da alta do custo da energia. Lembrando que o Paraná é o maior produtor  de proteína animal do país. Então a energia é um custo bastante alto e essa é uma linha de investimento que ficou mais cara para realizar esse investimento”, explicou Luiz.

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Luiz Eliezer Ferreira, técnico do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP/SENAR-PR – Foto: Faep

Mas mesmo com alguns pontos negativos, o plano chegou em momento importante para o agronegócio na visão da Faep: “Ele vem no momento importante. A gente acabando o Plano Safra 2021/22, a gente teve dificuldade, teve falta de recursos principalmente no último semestre, na reta final do plano então tem muito pedido de recursos nos bancos parados. Então isso deve  normalizar na próxima semana. É um plano também que a gente entende essa alta taxa de juros em função do contexto econômico atual, mas deverá ser uma safra mais cara do ponto de vista de crédito ao produtor rural paranaense, principalmente por conta dessa alta dos juros. Estão abaixo ainda da taxa Selic que é a referência de juros no país. Mas acima de dois dígitos encarece bastante o financiamento da lavoura”, finalizou.

 

O sistema Ocepar também avalia os pontos positivos do novo Plano Safra: “O montante de R$ 340,88 bilhões, maior que na safra passada, reflete aumento de custo e produção, mas o setor mesmo tinha pedido em torno de R$ 330 bilhões no início do ano. Depois tiveram alguns outros fatores que influenciaram esse aumento de custos. Então nesse ponto de montante de recursos acho que está bem interessante, o produtor vai poder plantar uma safra adequada com recurso. Outra questão importante para analisar é recurso para os pequenos e médios produtores que é dentro do programa PRONAF e PRONAMP. O aumento de juros foi num percentual que a gente acredita que vai poder fazer a conta lá e pagar os financiamentos, aumentou de 1 a 2 pontos percentuais”, disse o superintendente da Ocepar, Robson Mafioletti.

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Superintendente da Ocepar, Robson Mafioletti – Foto: Ocepar

 

Mas a taxa de juros também é uma preocupação da entidade: “Para os produtores um pouco maiores e as cooperativas, realmente os juros ficaram um pouco acima do que nós esperávamos. Subiu aí de 7,5% a 8% para próximo de 12%, alguns programas 10 a 12% por cento, então realmente isso acaba impactando”, detalha Robson.

“Foi um ano um Plano Safra construído meio a toque de caixa, porque até dez dias atrás, nós estamos trabalhando com o plano Safra anterior que temos investimentos sendo realizados e o governo fez esforço para apoiar o agronegócio e o cooperativismo. Há um porém que a gente ainda vai avaliar que é essa questão do programa de construção e ampliação de armazéns que não tinha limite de financiamento por cooperativa e agora ficou limitado a R$ 50 milhões. Isso realmente preocupa, mas vamos avaliar com mais tranquilidade, ver as resoluções, se é isso mesmo”, finaliza Robson.

(Débora Damasceno/Sou Agro)

 

(Foto capa: Envato)

 

 

 

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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