Conheça as novidades para o mercado da soja
#souagro| Termina nesta quinta-feira (19) em Foz do Iguaçu a 9ª edição do Congresso Brasileiro de Soja (CBSoja) e Mercosoja 2022. Desde segunda-feira (16) a soja foi o destaque em vários debates no encontro. Muitas tecnologias e novidades foram apresentadas para alavancar ainda mais o mercado da soja.
Um dos assuntos foi o equilíbrio entre preservação e produção. Com 66% de seu território preservado, o Brasil tem um grande trunfo no mercado internacional de commodities, entre elas a soja. A constatação foi feita por Gustavo Spadotti, chefe-geral da Embrapa Territorial, na palestra “Sustentabilidade da produção de soja no Mercosul: fatos e rumores”, ministrada nesta quarta-feira durante o IX Congresso Brasileiro de Soja e Mercosoja 2022, em Foz do Iguaçu (PR).
De acordo com dados apresentados e baseados nos registros do CAR, as áreas preservadas pelos produtores, as unidades de conservação, as terras indígenas e parques somam 66% do território nacional. A produção agropecuária, por sua vez, é feita em 30% do território, sendo 21% com pastagens, 8% com agricultura e 1,2% com florestas plantadas.
“Vejam que nossa balança de produzir e preservar anda bem equilibrada. Mas existe um enorme desafio de gestão dessas áreas preservadas. Como gerir para que elas sigam preservadas, mas que também possam participar dos processos de capitalização do produtor rural brasileiro? Ou seja, como ele vai ser pago por esse benefício ecossistêmico prestado para toda a sociedade planetária”, afirma Spadotti.
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Segundo o palestrante, há diferentes formas de se fazer esse pagamento pelos serviços ambientais, mas o que ele acredita que seja mais factível é o pagamento pelo mercado. Para que isso ocorra é preciso mostrar por meio de números concretos e de dados públicos oficiais e abertos a área destinada a preservação.
“Acredito que isso seja o fiel da balança no comércio externo. Mostrando que se o importador deseja uma soja com uma pegada de sustentabilidade ele não vai encontrar nos Estados Unidos e em nenhum concorrente. Ele vai encontrar aqui no Brasil. Porque cada hectare de soja e cada saca de soja produzida no nosso território tem uma pegada ambiental muito forte”, disse Gustavo Spadotti.
A sustentabilidade da soja brasileira passa também pela competitividade dentro e fora da porteira. Para isso, o palestrante ressaltou a necessidade de aumento da produtividade com melhor uso das tecnologias disponíveis. Segundo ele, é preciso reduzir a distância entre a produtividade dos produtores mais eficientes e aqueles que ainda obtém menor eficiência. Isso contribuiria para um ganho de produtividade geral e incremento da produção.
Esse aumento da produção traz a luz gargalos que o Brasil precisa enfrentar para reduzir os custos fora da porteira, como armazenamento e transporte.
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“Temos que eliminar o custo Brasil, principalmente os custos logísticos de escoamento da nossa safra. Isso para que ela chegue primeiro no nosso mercado interno a preços competitivos, a fim de mitigar os problemas da inflação nacional. Mas que também chegue a todos os portos do mundo a preços competitivos”, disse.
Moderadora da conferência, Paula Tagliani, da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), lembrou que recentemente foi lançado o Plano Nacional de Logística, que busca identificar as oportunidades e necessidades no que se trata da logísitica de transporte brasileira. “São simulações que nos levam ao cenário de 2035 e indicam o que a gente precisa implementar na infraestrutura de transportes para atender a demanda de transporte de cargas e passageiros”, explica.
De acordo com ela, esse plano prevê aumento em 61% da extensão da malha ferroviária, em 93% da capacidade de escoamento por rodovias, aumento de 53% no número de aeroportos operando voos regulares e os portos processando de 42% a 104% mais cargas, sendo que no arco Norte esse percentual é de 73% a 125%.
Ainda considerando a temática da sustentabilidade da produção brasileira, Paula afirmou que um dos focos do Plano Nacional de Logística é o da redução da pegada de carbono no transporte, seja pela substituição por meios que emitem menos gases de efeito estufa, pela melhoria da eficiência de sistemas de transporte ou também pela compensação por meio do plantio de árvores.
Congresso de Soja debate estratégias para descarbonizar a agricultura brasileira
A questão do carbono também foi debate no evento. O programa nacional sobre cadeias produtivas descarbonizadas está sendo finalizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que concluiu consulta pública sobre o tema no dia 13 de maio de 2022. A caracterização de produtos dessas cadeias está sendo organizada em eixos, de acordo com Alexandre de Oliveira Barcellos, da Secretaria e Desenvolvimento Sustentável de Irrigação e Inovação do Mapa, que apresentou palestra no painel Descarbonização dos sistemas de produção de soja: avanços e perspectivas.
O Mapa está buscando desenvolver um modelo de comércio voluntário de carbono, a partir do estabelecimento de diretrizes mínimas para mitigar a emissão de gases de efeito estufa (GEEs) e acumular esse carbono. ”Nosso papel é criar protocolos para mensurar as melhorias no sistema produtivo – com base em conhecimento científico – confirmando se o carbono foi mitigado ou acumulado no sistema”, destaca.
Os três eixos da proposta estão focados em incentivar estratégias de mitigação da emissão de GEEs. “Neste caso, são produtos que adotam componentes de produção que mitigam a emissão como por exemplo, a semeadura de soja em plantio direto, sistema que reduz a pegada de carbono, portanto, diminui as emissões”, explica Barcellos. Outro eixo está ancorado no favorecimento de acúmulo de carbono no solo, por meio de práticas conservacionistas como Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta.
Segundo Barcellos, há ainda as ações que favorecem o estoque de carbono no solo, modelo que passa pela agricultura, mas está mais focado no processo industrial. Neste caso, a proposta é converter, por exemplo, CO2 da biomassa da produção de etanol de milho em líquido para ser injetado em camadas profundas do subsolo. “É o que denominamos de despetrolização do processo, porque estaremos estocando carbono em profundidade”, explica Barcellos.
Tecnologias para mitigar GEEs em soja
Durante o painel, Marcela Paranhos, da IDH -The sustainable Trade Initiative – abordou as oportunidades de agregação de valor a produtos baixo carbono/carbono neutro. Por outro lado, o professor Cimélio Bayer, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, enfatizou o uso de tecnologias de manejo do solo para mitigação de GEEs em sistemas de produção de soja.
Mesmo com as probabilidades de aumento do aquecimento global e de mudanças na distribuição de água, o professor entende que a agricultura pode minimizar os impactos negativos das mudanças climáticas adotando práticas sustentáveis. As alternativas passam pela redução nas emissões de dióxido de carbono, óxido nitroso e metano e aumento na fixação de carbono no solo. “As estratégias de mitigação devem estar ancoradas na máxima eficiência no uso de insumos – fertilizantes e defensivos para tratamento fitossanitário – e racionalização nas operações agrícolas”, defende. “É preciso buscar equilíbrio entre as emissões e o sequestro de carbono deixando positivo o balanço no processo produtivo”, explica.
Bayer defende que quanto maior a quantidade de resíduo adicionado, maior o carbono acumulado no solo. Neste sentido, a diversificação de culturas e o plantio direto são práticas que favorecem o acúmulo de carbono, ao contrário do solo que é deixado em pousio. Na palestra, o professor compartilhou ainda resultados de pesquisa, realizados no Paraná e em Mato Grosso, em que as práticas conservacionistas, além de favorecer o sequestro de carbono, aumentam a produtividade da soja e melhoram a qualidade dos solos ao longo do tempo. “O foco do produtor é a produtividade, mas ao adotar o sistema de plantio direto e não o convencional, por exemplo, está atuando também na redução da pegada de carbono na cultura da soja, o que é muito positivo”, enfatiza.
CB Soja e Mercosoja
O IX Congresso Brasileiro de Soja e Mercosoja são promovidos pela Embrapa Soja e têm como tema “Os desafios para a produção sustentável no Mercosul”.
A programação conta com seis conferências e 18 painéis, totalizando 50 palestras. Também estão sendo apresentados 287 trabalhos técnicos em formato de pôster ou oralmente.
O evento conta ainda com a Arena de Inovação Soja, onde participantes do ecossistema brasileiro de inovação podem se integrar, e uma feira de expositores, na qual 35 empresas apresentam as mais recentes tecnologias desenvolvidas para a cadeia de produção de soja.
Tudo o que foi debatido você encontra AQUI.
(Débora Damasceno/Sou Agro com Embrapa Soja)