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Suínos: média mensal de preço é considerada baixa

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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Mesmo com a recuperação das vendas na segunda quinzena de novembro – e com a consequente reação dos preços no setor suinícola –, as médias mensais do animal vivo e da carne ficaram abaixo das registradas em outubro e bastante inferiores às de novembro/20, em termos reais. Inclusive, em um ano, as desvalorizações do animal vivo e da carne chegaram a 30% em algumas regiões acompanhadas pelo Cepea. Para o vivo, o início do mês foi marcado pela baixa demanda da agroindústria por novos lotes de animais no mercado independente, o que resultou em aumento no número de suínos represados nas granjas.

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Com o passar dos dias e a proximidade do fim do ano, a procura por suínos para abate voltou a crescer, tendo em vista que parte dos agentes buscou aumentar os estoques. Esse cenário, por sua vez, elevou os preços do animal na segunda quinzena de novembro. Apesar dessa valorização dos suínos na segunda metade do mês, o preço médio do vivo em novembro foi o mais baixo em quatro meses. Na região de SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba), o suíno teve média de R$ 7,00/kg em novembro, quedas de 3,2% frente a outubro e de 19,8% na comparação com novembro/20, em termos reais (deflacionados pelo IGP-DI de out/21).

 

No Oeste Catarinense, o recuo mensal de suínos foi de 3,6%, e o anual, de expressivos 31%, com a média de novembro a R$ 6,47/kg. No Norte do Paraná, o valor médio do suíno vivo foi de R$ 6,64/kg em novembro, 3,9% inferior ao de outubro/21 e 22,6% abaixo do de novembro/20, em termos reais. Para a carne, a movimentação foi similar, com pressão vinda da fraca demanda doméstica e dos recuos nas cotações da carne bovina no início do mês. No atacado da Grande São Paulo, a carcaça especial suína se desvalorizou 2,8% de outubro para novembro, com média de R$ 10,08/kg no último mês.

Em um ano, a queda no preço  médio é de 29,6%, em termos reais (neste caso, os valores foram deflacionados pelo IPCA de out/21). Trata-se, também, do menor patamar real desde julho/20. No mercado de cortes do estado de São Paulo, a paleta desossada teve a maior desvalorização mensal dentre os produtos acompanhados pelo Cepea, de 4,2%, passando para R$ 11,28/kg em novembro. Essa média está 29,9% abaixo da registrada pelo Cepea em novembro de 2020, no comparativo real, e é também a menor desde julho/20.

 

 

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Preços e exportações

As exportações brasileiras da carne dos suínos recuaram com certa força em novembro, registrando o menor volume em 10 meses. A diminuição esteve atrelada à falta de contêineres e, sobretudo, à redução nos envios aos dois principais destinos da suinocultura nacional, China e Hong Kong. Segundo dados da Secex compilados por pesquisadores do Cepea, em novembro, 78 mil toneladas de carne suína foram exportadas, volume 20,1% inferior ao de outubro/21 e o menor desde janeiro/21. Em relação a novembro de 2020, houve queda de 9,8%.

Para a China, foram 21,9 mil toneladas enviadas no último mês, diminuição de 41,3% frente ao volume de outubro. Para Hong Kong, foram exportadas 9,7 mil toneladas em novembro, recuo de 26,5% frente ao mês anterior. De janeiro a novembro, China e Hong Kong, juntos, corresponderam por 59,7% das exportações totais de carne suína brasileira, sendo destino de 616,9 mil toneladas, segundo dados da Secex.

 

Em novembro, especificamente, a participação dos dois destinos caiu para 40,6%. Os embarques brasileiros a outros destinos importantes, como Vietnã e Singapura, também caíram de outubro para novembro, 33,8% e 6%, respectivamente, somando 5,7 mil toneladas e 3,3 mil toneladas, ainda conforme dados da Secex. Em termos financeiros, os embarques de carne suína geraram R$ 939,4 milhões em novembro, montante 21,6% abaixo do de outubro e também o menor desde janeiro/21. Neste caso, como os preços médios e do dólar se mantiveram estáveis, a queda foi resultado do menor volume.

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Relação de troca e insumos

As desvalorizações do suíno vivo no mercado independente no início de novembro superaram os recuos verificados para as cotações do farelo de soja. Diante disso, o poder de compra dos suinocultores frente a este insumo caiu de outubro para novembro, interrompendo, portanto, o movimento de recuperação que vinha sendo observado. Já em relação ao milho, na mesma comparação, houve melhora no poder de compra dos suinocultores.

 

Considerando-se o suíno vivo negociado na região de SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba) e o Indicador ESALQ/BM&FBovespa do milho em Campinas (SP), foi possível ao produtor a compra de 4,99 quilos do cereal com a venda de um quilo de animal em novembro, quantidade 3,5% maior que a registrada em outubro, mas 30,2% abaixo da de novembro de 2020. De farelo de soja – negociado no mercado de lotes de Campinas –, o suinocultor pôde adquirir 2,99 quilos com a venda de um quilo de suíno, 1,6% a menos que em outubro/21 e 15,3% abaixo do volume possível de ser adquirido em novembro/20.

Na comparação do suíno comercializado no Oeste Catarinense com os insumos no mercado de lotes de Chapecó (SC), foi possível ao suinocultor a compra de 4,40 quilos de milho com a venda de um quilo de animal em novembro, quantidade 0,9% acima da média do mês anterior, mas ainda 36,7% inferior à de novembro/20. De farelo de soja, o produtor pôde adquirir 3,01 quilos, queda mensal de 1,5% e anual de 17,8%. Segundo levantamento da Equipe Grãos/Cepea, o bom ritmo da semeadura da safra de verão e as exportações desaquecidas pressionaram as cotações do milho em novembro. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa recuou 6,4% frente a outubro, para a média de R$ 84,19/saca de 60 kg no último mês.

 

Em um ano, contudo, observa-se alta de 5,8% no preço médio do cereal. No mercado de lotes de Chapecó, a movimentação foi similar, com baixa de 4,4% no comparativo mensal, mas elevação de 5,5% no anual, indo a R$ 88,35/sc em novembro/21. Ainda segundo a Equipe Grãos/Cepea, os valores do farelo de soja iniciaram novembro em queda, mas registraram recuperação na segunda quinzena. Mesmo assim, frente a outubro, o derivado se desvalorizou 1,8% no mercado de Campinas e 2,1% no de Chapecó, a R$ 2.337,55/tonelada na praça paulista e a R$ 2.153,16/t na catarinense – frente às médias de novembro/20, as diminuições foram de 13,1% e de 18,8%, na mesma ordem.

 

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Carnes concorrentes

Os preços das carnes dos suínos e de frango recuaram em novembro, enquanto os da proteína bovina subiram. Dessa forma, a competitividade da carne suína avançou frente à bovina, mas caiu em relação à de frango, cuja desvalorização foi mais intensa. Apesar do aumento dos preços da carne de suínos nas últimas semanas de novembro, devido à maior demanda das agroindústrias por novos lotes de animais para abate e carcaças – uma vez que o setor começa a preparar estoques para as vendas de final de ano –, as cotações da proteína recuaram com mais força no início do mês, o que acabou pressionando a média mensal. Com isso, na região da capital paulista, a carcaça especial suína negociada no atacado se desvalorizou 2,8% em novembro, a R$ 10,08/kg na média do mês.

Para a carne de frango, a forte queda no preço em novembro (8%) refletiu o fraco ritmo de vendas no mercado doméstico. Agentes consultados pelo Cepea indicam que vendedores reajustaram negativamente as cotações, no intuito de elevar a liquidez e evitar aumento de estoques. A proximidade do período de festas de final de ano, que tende a diminuir a demanda por carne de frango, principalmente no mercado atacadista, também tem levado agentes a diminuírem os valores de negociação, buscando garantir as vendas.

 

Já para a carne bovina, apesar da baixa demanda doméstica, devido ao poder de compra enfraquecido da maior parte da população, a menor oferta de animais para abate tem elevado os preços da carne. Em novembro, a carcaça casada bovina negociada no atacado da Grande São Paulo se valorizou 1,8%, cotada a R$ 19,40/kg na média do mês. Dessa forma, o preço da caraça suína ficou 2,75 Reais/kg acima do valor do frango inteiro resfriado em novembro, diferença 14,6% superior à observada em outubro, resultando na perda de competividade da proteína suína frente à avícola. Na comparação com a carcaça casada bovina, o valor do produto suíno foi 9,33 Reais/kg menor em novembro, diferença 7,3% maior que a registrada no mês anterior, refletindo em ganho de competitividade para a carne suína.

 

(FONTE: Cepea)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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