PÓS-GEADA: Qual o rumo para o mercado de milho?  

Sirlei Benetti
Sirlei Benetti

 

#souagro | A pergunta que não quer calar no mundo agro é a seguinte: para onde vai o mercado de milho? Todos os prognósticos do momento não passam de mera especulação e estimativa. Ainda é muito precoce qualquer análise mais precisa, mas o que se sabe até então, é que a saca do milho já subiu 17% do fim do mês passado (antes da geada) até hoje.

A valorização da commodity, na B3, a bolsa de valores brasileira, é atribuída a geada que atingiu boa parte das regiões produtores do País e por conta disso, a estimativa de redução da qualidade do grão, principalmente na região Sul. A demanda aquecida também é outro fator responsável pela alta dos preços da saca do milho.

O analista de mercado da Granoeste, Camilo Motter, disse nesta segunda-feira (05), em entrevista ao jornalista do Portal Sou Agro, Vandré Dubiela, que a saca do milho oscilou entre R$ 95 e R$ 97 hoje. “Esses valores relativos ao mercado de lotes e não ao preço de balcão”, salienta. Motter não descarta a possibilidade do milho voltar aos patamares de R$ 100, apesar de considerar muito cedo para dar a certeza de confirmação dessa informação. “O produtor está com os dois olhos no campo e um no mercado”, sintetiza.

Enquanto não se estabelecer um parâmetro real de negociação, não há como saber o rumo que o grão tomará. Números preliminares dão conta de que a onda de geada registrada no Paraná afetou ao menos 70% das áreas suscetíveis. “Para onde vai o mercado? Tudo é ‘chutômetro’, pois não há uma base real de direcionamento”, comenta Camilo Motter.

 

Panorama mudou

O que se sabe é que o mercado agora é outro, a partir dos reflexos provocados pelas geadas. “O mercado vinha se ajustando para uma realidade de quebra na safra por conta da escassez hídrica, porém, com uma produção suficiente para atender o mercado interno. “Agora, depois dessas geadas, o panorama é outro, com o Brasil obrigado a importar o insumo para suprir a carência de algumas regiões”, explica. Para Motter, haverá uma redução do consumo do grão e escalas de alojamentos mais alongadas, principalmente nas cadeias de suínos e aves.

O cenário indica ainda uma redução do volume de exportação de grãos. Hoje, o Brasil exporta 30 milhões de toneladas. Países exportadores como os Estados Unidos (60 milhões de toneladas), Argentina (35 milhões de toneladas) e Ucrânia (30 milhões de tonelada), vão sentir mais a pressão.

 (Vandré Dubiela/Sou Agro)

 

Foto: Almir Trevisan

 

(Sirlei Benetti/Sou Agro)

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