Ferroeste

Nova Ferroeste: projeto atrai muitos investidores

Débora Damasceno
Débora Damasceno
Ferroeste

O Grupo de Trabalho do Plano Estadual Ferroviário dedicou seis dias de reuniões com os investidores na sondagem de mercado da Nova Ferroeste. Ao todo 26 empresas, sendo 11 estrangeiras, tiveram encontros virtuais e presenciais no Palácio das Araucárias com o Governo, nos quais puderam conhecer em detalhes e características do projeto da nova estrada de ferro que ligará o Paraná ao Mato Grosso do Sul.

Entre os estrangeiros, árabes e chineses foram maioria. Para o coordenador do Plano Estadual, Luiz Henrique Fagundes, a sondagem de mercado serviu como um termômetro do nível de atratividade do empreendimento. “Boa parte desses investidores tem experiência na área ferroviária, e tanto os europeus quanto chineses e árabes gostaram do projeto”, destacou.

 

A Nova Ferroeste terá 1.304 quilômetros entre Maracaju (MS) e Paranaguá (PR), além de um ramal entre Cascavel e Foz do Iguaçu. Os estudos do projeto apontam que no primeiro ano de operação devem ser transportados cerca de 38 milhões de toneladas, a maior parte grãos e proteína animal.

Os três fundos árabes contatados durante a Expo Dubai retomaram as conversas com o Estado. Foi o caso da Mubadala Investment Company, da Abu Dhabi Fund Development (ADFD) e da Abu Dhabi Investment Authority (ADIA). Das empresas chinesas, compareceram a CCCC/Concremat, a CITIC Construções do Brasil e a China Railway Construction Corporation Limmited (CRCC).

 

Durante a sondagem, uma equipe da CRCC foi recebida pela China Merchants Port, coirmã chinesa que administra o Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP). No mesmo encontro no Litoral, o grupo esteve na Portos do Paraná e viu de perto como a estrutura portuária se prepara para atender a demanda do novo empreendimento.

Entre os estrangeiros participaram ainda a Calter (OHL), da Espanha, a Sumitomo, do Japão, a UK Export Finance, do Reino Unido, a Webuild, da Itália, e a RZD, da Rússia. As empresas brasileiras inscritas na sondagem foram MRS, Rumo, CCR S.A, Ecorodovias, Pátria, Santander, BTG Pactual, Itaú BBA, NDB, Caixa Econômica Federal, BNDES, Marsh, Abifer, Douracoop, e Pullin e Campano.

 

João André Sarolli, responsável pela modelagem financeira do projeto, destaca que esse primeiro contato com o mercado atraiu operadores ferroviários nacionais e internacionais, grandes construtoras e financiadores, como bancos nacionais e fundos internacionais. “Além de elogios aos resultados apresentados, os participantes destacaram que a maneira como o projeto foi concebido demonstra profissionalismo e seriedade por parte do governo estadual”, avaliou. “Essa foi uma experiência muito rica para ver o que ainda precisa ser melhorado antes do Road Show”.

PROJETO É APRESENTADO A DEPUTADOS FEDERAIS DO PARANÁ

O maior projeto logístico do Paraná para os próximos anos reuniu parte da bancada paranaense na Câmara dos Deputados, em Brasília. No encontro, o coordenador do Plano Estadual Ferroviário, Luiz Henrique Fagundes, e o diretor-presidente da Ferroeste, André Gonçalves, mostraram detalhes da nova estrada de ferro para os parlamentares. A oportunidade surgiu a partir de um convite do deputado federal Toninho Wandscheer.

A Nova Ferroeste surgiu a partir da necessidade de ampliar o traçado da atual Ferroeste, entre Cascavel e Guarapuava. O projeto do Governo do Paraná vai ligar por trilhos o município de Maracaju, no Mato Grosso do Sul, e Paranaguá, no Litoral do Estado. Um ramal entre Foz do Iguaçu e Cascavel também está previsto para escoar parte da produção agrícola do Paraguai e Argentina pelo Porto de Paranaguá. No total, são 1.304 quilômetros de extensão. Estudos recentes apontaram soja e proteína animal como as principais cargas a serem transportadas: “Apesar de ser um projeto com DNA paranaense, ele é uma solução nacional para a logística do Brasil. Hoje não há outra opção para os estados do Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e o Paraguai e a Argentina como a Nova Ferroeste”, explicou Fagundes.

 

Ele detalhou a relevância da Nova Ferroeste para o desenvolvimento do País. Todas as etapas de elaboração do projeto e avaliação do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) e do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) tiveram a participação dos ministérios da Infraestrutura e da Economia, além dos órgãos licenciadores: “Esse é um projeto de interesse nacional, e a demonstração disso é a participação do governo federal nesse encontro, representado pelo Ministério da Infraestrutura e do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do Ministério da Economia. Estes são atores ativos no processo de construção de uma solução logística sustentável como é a Nova Ferroeste”, afirmou.

A apresentação reuniu os deputados federais Pedro Lupion, Christiane Yared, Luizão Goulat, Evandro Roman, Rubens Bueno, Luiza Canziani e Aline Sleutjes, além de Maryane da Silva Figueiredo Araújo, assessora especial SEPPI/ME, Rose Hofmann, secretária especial adjunta do SEPPI/ME, e Marcos Felix, assessor especial do ministro da Infraestrutura.

DÚVIDAS

O pedido de Licença Prévia (LP) ambiental esteve entre as questões apontadas. O cuidado diz respeito ao fato do empreendimento atravessar parte da Serra do Mar. A LP foi solicitada em novembro ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), e, segundo Fagundes, deve ser emitida no primeiro trimestre de 2022.

 

O contrato jurídico que será levado a leilão, ainda em fase de elaboração, também esteve no centro das conversas. “Essa é sempre uma questão sensível, em especial quando falamos com investidores internacionais, mas estamos construindo um processo robusto do ponto de vista do ordenamento jurídico”, reforçou o coordenador

O volume de carga transportada pelos trilhos da Nova Ferroeste foi destaque em todos os encontros. Para o responsável pelos estudos econômicos do projeto, Roberto Carlos da Silva, a sondagem permitiu destacar a expansão da demanda prevista para cada uma das etapas do projeto.

 

“Os resultados indicam volumes expressivos de graneis sólidos agrícolas e contêineres com origem principalmente na região Oeste do Paraná e do Mato Grosso do Sul que vão utilizar da Nova Ferroeste para chegar aos Portos do Paraná”, avaliou.

“A Nova Ferroeste ainda apresenta grande potencial para levar as cargas de fertilizantes e combustíveis dos Portos do Paraná para as regiões consumidoras no Paraná e Mato Grosso do Sul, o que contribui para a geração de receita da ferrovia, aumentando a atratividade do projeto”, disse.

 

PRÓXIMAS ETAPAS

Com da finalização do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambientla (EVTEA) e do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) serão agendadas as audiências públicas de traçado e de meio ambiente. Cada tema será abordado em datas e locais distintos nos primeiros meses de 2022. Neste período, o projeto será apresentado novamente para o mercado no Road Show.

O projeto vai ser levado a leilão na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) no segundo trimestre do ano que vem. A empresa ou consórcio vencedor vai construir a estrada de ferro e explorar o trecho por 70 anos. O valor do investimento é de R$ 29,4 bilhões.

 

(FONTE: Agência de notícias do Paraná)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

Entre em um
dos grupos!

Mais Lidas

Notícias Relacionadas