Bioinsumos impulsionam produtividade e economia

Um dos segredos por trรกs da lideranรงa brasileira na produรงรฃo mundial de soja estรก debaixo da terra โ e nรฃo รฉ figura de linguagem. Trata-se do uso crescente de bioinsumos, microrganismos que convivem com as raรญzes das plantas e ajudam no aproveitamento de nutrientes do solo. O resultado รฉ mais produtividade na lavoura e menos dependรชncia de fertilizantes quรญmicos, o que representa uma economia estimada em cerca de US$ 15 bilhรตes por ano para o agronegรณcio brasileiro.
Entre os bioinsumos mais usados estรก o Bradyrhizobium spp., uma bactรฉria conhecida por sua capacidade de fixar o nitrogรชnio atmosfรฉrico e entregรก-lo ร s plantas. Esse trabalho silencioso substitui em boa parte a adubaรงรฃo nitrogenada, ajudando o produtor a cortar custos sem abrir mรฃo de rendimento. Mas o Brasil nรฃo para por aรญ: pesquisas mais recentes vรชm testando a combinaรงรฃo de diferentes microrganismos, e os resultados sรฃo animadores.
Setor de bioinsumos aguarda definiรงรตes para avanรงar
Uma dessas novidades รฉ o uso do Bacillus thuringiensis RZ2MS9, uma bactรฉria isolada na rizosfera do guaranรก da Amazรดnia, que mostrou efeitos promissores em plantaรงรตes de soja e milho. Em testes de campo, o uso combinado com outras bactรฉrias jรก consagradas aumentou o nรบmero de vagens por planta e acelerou o crescimento. Ou seja: mais produtividade por hectare, sem pesar no bolso.
Outro ponto positivo รฉ que esses microrganismos trabalham em harmonia com a biodiversidade do solo. Diferente de certos defensivos ou adubos quรญmicos, o uso da bactรฉria amazรดnica nรฃo desestrutura a comunidade microbiana natural. Mesmo nos casos em que hรก alguma alteraรงรฃo no inรญcio do ciclo, o solo volta ao equilรญbrio rapidamente ao fim da safra.
Esses estudos vรชm sendo conduzidos por cientistas da Esalq/USP, com apoio da Fapesp, e fazem parte de uma revoluรงรฃo silenciosa no campo: a agricultura biolรณgica, que alia ciรชncia, sustentabilidade e rentabilidade. E quem ganha com isso รฉ o produtor rural, que vรช na prรกtica os resultados no talhรฃo e na conta final.
A aplicaรงรฃo de bioinsumos nรฃo รฉ nenhuma novidade para quem acompanha de perto a evoluรงรฃo da soja brasileira. Mas o que estรก ficando claro, com esses novos testes, รฉ que a diversidade de bactรฉrias pode ser uma nova fronteira tecnolรณgica no campo. Alรฉm de fixar nitrogรชnio, esses microrganismos tambรฉm ajudam a solubilizar o fรณsforo e atรฉ a produzir substรขncias que estimulam o crescimento das plantas.
O uso combinado, conhecido como coinoculaรงรฃo, vem sendo estudado com rigor para garantir que seja seguro e eficiente. A nova linhagem testada pertence ร coleรงรฃo da Esalq e, junto com outras jรก disponรญveis no mercado, pode representar um salto no desempenho das lavouras nos prรณximos anos.
Alรฉm disso, essa estratรฉgia biolรณgica se encaixa perfeitamente nas demandas atuais por prรกticas mais sustentรกveis. Com menos dependรชncia de adubos importados e mais autonomia tecnolรณgica, o Brasil fortalece ainda mais sua posiรงรฃo como potรชncia agrรญcola e lรญder em inovaรงรฃo verde no campo.
O produtor rural que adota essas prรกticas nรฃo apenas economiza e produz mais โ ele se antecipa ร s exigรชncias do mercado e das novas geraรงรตes, que valorizam cada vez mais a produรงรฃo com responsabilidade ambiental.
(Com Feagro)