Foto: Natália Cheung

Pesquisa mostra crescimento da busca por alimentos orgânicos na pandemia

Tatiane Bertolino
Tatiane Bertolino
Foto: Natália Cheung

Pesquisa mostra crescimento da busca por alimentos orgânicos na pandemia. O projeto, realizado com agricultores e consumidores de alimentos agroecológicos na cidade de São Paulo, durante a pandemia da Covid19, mostrou que houve mudanças na relação entre consumidores e seus fornecedores e nos valores compartilhados entre eles, no contexto das redes alimentares alternativas da cidade, que passaram a buscar alimentos mais saudáveis e a valorizar a proximidade com os produtores, em contraposição à impessoalidade que existe na relação com supermercados.

A avaliação, que contou com a contribuição de uma cooperativa de agricultores orgânicos sediada em São Paulo, evidenciou a urgência da transformação dos sistemas alimentares em direção a práticas mais sustentáveis na agricultura.

A pesquisa buscou compreender se a pandemia provocou mudanças qualitativas na relação de proximidade e nos valores compartilhados entre agricultores e consumidores nas redes de alimentos orgânicos da cidade. Além disso, analisou os impactos sociais e os caminhos escolhidos para o estabelecimento dessa proximidade, obtendo o perfil dos que buscam esses alimentos por meio de redes alternativas, as mudanças dos hábitos alimentares durante esse período e as motivações que os fazem optar por esse tipo de consumo.

Do total de entrevistados, 67% afirmaram ter iniciado o consumo de alimentos orgânicos na idade adulta e 24% o fizeram em um passado recente, motivados pelo contexto da pandemia.

Quase um quarto dos respondentes mudou seus hábitos alimentares com a chegada da pandemia. Não somente devido às medidas de isolamento social, mas também por outras razões, sendo a maior parte das respostas (84%) concentrada em quatro motivos: preocupação com a saúde (32%), maior conscientização ambiental, social e política sobre os impactos dos agrotóxicos (24%), apoio e valorização da agroecologia e de práticas sustentáveis (14%) e aumento da oferta de estabelecimentos que vendem orgânicos (14%).

As demais respostas (16%) abordaram questões diversas, como a praticidade de iniciativas on-line que entregam orgânicos em casa, percepção de que os preços praticados pelas redes de alimentos orgânicos são mais acessíveis se comparados aos dos supermercados e maior disponibilidade de tempo para organizar a rotina diária de alimentação.

Para aqueles cuja motivação é a preocupação com a saúde (32%), os alimentos orgânicos representam uma forma de cuidado com a família. Alguns respondentes afirmaram seguir dietas alimentares por motivos médicos, enquanto  outros afirmaram “não desejar ingerir veneno” e buscar “consumir menos agrotóxico”.

O segundo tema mais abordado (24%) refere-se à demanda por mais acesso a informações sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde humana, meio ambiente, clima e, consequentemente, maior conscientização sobre o assunto.

Ainda que em menor quantidade (14%), cabe destacar o grupo de pessoas que começou a incluir orgânicos na alimentação por terem vontade de apoiar e valorizar as “redes agroecológicas”, a “agricultura em pequena escala” e “práticas mais sustentáveis”, além de outras preocupações em suas escolhas de consumo, como a proximidade (geográfica ou relacional), além da possibilidade de conhecer e estar próximo de agricultores.

Todos afirmaram que não se alimentam exclusivamente de orgânicos. Um percentual significativo (91%) já era habituado a cozinhar e comer em casa antes da Covid-19, e mantem esse costume. Dos respondentes que não comiam em casa antes da pandemia (9%), todos relataram que passaram a fazer as refeições em casa. Nesse sentido, a procura por alimentos orgânicos com serviço de entrega a domicílio cresceu significativamente, assim como agricultores que começaram a comercializar desse modo.

Com Embrapa

(Tatiane Bertolino/Sou Agro)

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