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Espumante produzido no Rio Grande do Sul é reconhecido como Indicação Geográfica

Tatiane Bertolino
Tatiane Bertolino
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O espumante natural da região de Altos de Pinto Bandeira (RS) foi reconhecido como Indicação Geográfica de Denominação de Origem (DO). Para receber esse reconhecimento, os produtos agrícolas devem ter o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, determinando que o produto ou serviço cujas qualidades ou características sejam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos. O registro foi publicado na Revista da Propriedade Industrial (RPI) nº 2.708, do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), órgão responsável por conceder o registro.

Com aspectos identificados por meio de avaliações sensoriais, o espumante de Altos de Pinto Bandeira tem características especiais, como acidez equilibrada, ataque adocicado, complexo, fino, harmônico, refrescante, aveludado, cremoso, notas de torrefação, nozes, café, amêndoas, boa persistência, final de boca agradável, retrogosto cítrico/levedura/mel.

O produto é fabricado nos municípios de Pinto Bandeira, Farroupilha e Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, o equivalente a uma área de 65 quilômetros quadrados. A altitude média dessa área é de 632 metros, com terrenos de relevo ondulado até montanhoso. As temperaturas são mais amenas, enquanto a exposição solar é favorecida pela localização da região na margem esquerda do Vale do Rio das Antas e pela boa circulação horizontal do ar devido à localização no alto de um dos patamares do planalto basáltico da Serra Gaúcha.

Todos os fatores influenciam na escolha de técnicas de cultivo e manejo dos vinhedos e, por consequência, na qualidade do vinho produzido. Segundo a documentação apresentada ao INPI, existe uma vinculação das características e qualidades do espumante produzido em Altos de Pinto Bandeira com os elementos do meio geográfico.

“Em todo o processo da cadeia de produção, o diferencial dos espumantes produzidos na região está vinculado à produção vitícola e ao processamento enológico dentro da área delimitada da DO – que possui identidade única, bem como está associado ao saber-fazer local historicamente desenvolvido e assimilado pelos produtores locais”, diz o documento do INPI.

As variedades de uvas que se adaptam ao clima e ao solo da região, utilizadas no espumante, são Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálico. A interação “clima-solo-videira” confere características particulares às uvas produzidas em Altos de Pinto Bandeira para a elaboração do “vinho base”, destinado ao espumante natural, condicionando uma maturação moderada das uvas, com composição equilibrada entre açúcares e ácidos orgânicos, bem como de precursores aromáticos, que resultam em qualidades e características de cor, aroma, paladar e estrutura do espumante natural, que são determinadas essencialmente por esse meio geográfico.

Além das condições homogêneas do meio geográfico, ressalta-se a interação com fatores humanos, resultantes do saber-fazer agrícola e vitícola dos produtores. Eles buscam selecionar as uvas com grau de maturação adequado, especificamente, para elaborar os melhores “vinhos base” para espumantes, que requerem um menor teor alcoólico e uma acidez mais acentuada que aquela de “vinhos tranquilos”, garantindo o frescor necessário nos espumantes da DO Altos de Pinto Bandeira.

Com esta concessão, o Brasil chega a 108 Indicações Geográficas registradas no INPI, sendo 33 Denominações de Origem e 75 Indicações de Procedência.

Com Mapa

(Tatiane Bertolino/Sou Agro)

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