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Dificuldade na produção de silagem reflete no setor leiteiro

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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#souagro| A silagem de milho é muito utilizada na alimentação do gado leiteiro no Brasil. Como os alimentos representam o maior gasto para a produção de leite, a silagem acaba se tornando uma aliada do setor.

A silagem é produzida pela fermentação controlada de uma forragem. O milho representa uma das principais espécies de forrageiras utilizadas para ensilagem, por conta do alto valor nutritivo, elevado teor de açúcar solúvel e, principalmente, elevada produtividade.

 

Por conta disso, se as lavouras estiverem sendo prejudicadas por conta das mudanças climáticas, automaticamente isso também afeta a qualidade da produção de silagem. Fernando Bracht é Médico Veterinário da B&M Consultoria Agropecuária e diz que as ótimas silagens de milho chegam a ter de 36 até 40 de amido, mas a média atual tem ficado perto de 34, 35. Só que os casos mais preocupantes estão com amido abaixo de 20.

“Os prejuízos foram grandes em relação a essa parte de capacidade nutricional da silagem. A gente teve com essas estiagens algumas que ficaram abaixo de 20, algumas melhores com 23 de amido. Algumas regiões pegaram geadas, então a falta de chuva fez a gente ter um desenvolvimento menor da planta, com menor capacidade de produção de volume de massa e comprometimento do grão, capacidade de produção de energia e amido que é fornecido pela espiga de milho. Então as safras já foram assim e algumas agora de safrinha que estavam próximas a serem feitas, algumas tiveram pegaram geada. Então isso aí vem comprometendo o resultado de capacidade de produção de volumoso”, disse Fernando.

 

REFLEXOS NA PRODUÇÃO LEITEIRA

Como a silagem é utilizada na alimentação do gado leiteiro, essa dificuldade na produção vai refletir diretamente nos custos de produção do setor de leite: “Isso reflete diretamente na produção de leite, porque uma silagem que menor capacidade nutricional em relação a amido, vai precisar ser recomposta com concentrado, que é o milho que já está caro ou alguma outra fonte de amido. E no aspecto nutricional, na digestibilidade dessa própria planta. Porque o desenvolvimento dela já passou por situação de estresse e a característica nutricional dela é mais baixa”, detalhou Fernando.

Com todas essas dificuldades para obter resultados positivos na silagem do milho, toda qualidade do que foi produzido acabou sendo prejudicada e como isso gera custos além do esperado, automaticamente a produção leiteira fica mais cara e complicada.

 

“A gente vem confrontando essa silagem sendo de baixa digestibilidade e de baixo teor nutricional. E com isso, o custo de produção aumenta, porque eu preciso tentar equilibrar essa dieta total para a vaca, atendendo a necessidade dela de mantença de produção, de reprodução com concentrado, que não é barato. Mesmo que eu chegue a uma determinada utilização de concentrado, não posso extrapolar muito se não eu saio do ponto de equilíbrio de saúde e a vaca começa a ter acidose em digestão e reflete em outros produtos e em outros resultados, comprometendo os processos e os números.  Então, de qualquer maneira, mesmo que eu tente corrigir isso como a maior parte da dieta é volumoso, a média de produção fica mais baixa. É bem marcante isso e isso faz com que o custo do leite aumente”, finaliza Fernando

 

(Débora Damasceno/Sou Agro)

 

(Foto: Rehagro)

 

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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