pecuária
PECUÁRIA

Lucro da pecuária no oeste e sudoeste do Paraná recua 15%

pecuária
Vandre Dubiela
Vandre Dubiela

 

#souagro | O lucro da pecuária das regiões oeste e sudoeste do Paraná recuou 15% neste primeiro trimestre de 2022, ou seja, mais que o dobro da estimativa nacional apresentada pelo CEPEA, que apontou uma retração de 7%. Quem aponta é o presidente da Padrão Beef, pecuarista Lindonez Rizzotto.

Uma das principais causas é a guerra travada entre Rússia e Ucrânia, muito próxima de completar três meses. A tensão geopolítica elevou ainda mais o custo dos insumos, que já vinha em uma ascendente por conta dos reflexos provocados pelas sanções atribuídas à pandemia do novo coronavírus.

A arroba do boi gordo no oeste paranaense gira em torno atualmente dos R$ 300. Vale ressaltar que uma arroba é equivalente a quase 15 quilos. Por sua vez, a arroba da novilha ou a vaca custa atualmente R$ 285. A carne premium gira em torno da mesma faixa etária do boi gordo, além da bonificação aos frigoríficos dedicados à produção de carnes mais nobres. “Esses valores da arroba estão estagnados há mais de um mês e percebemos uma tendência de queda, diante do consumo tímido da carne bovina por conta da alta dos preços ao consumidor, levando as pessoas a optar por outras proteínas”, enfatiza Rizzotto. Para o presidente da Padrão Beef, até o momento, o preço da carne pago pelo consumidor não deverá sofrer reajustes, diante da tendência de queda no consumo.

Conforme a Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos), as exportações de carne bovina alcançaram em abril 186.674 toneladas. Os dados são compilados da Secretaria de Comércio Exterior (Semex), do Ministério da Economia. No primeiro trimestre deste ano, foram abatidos 6,91 milhões de bovinos. A informação consta na Pesquisa Trimestral do Abate de Animais, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Comparando com o mesmo período do ano passado, o aumento chega a 4,9% na quantidade de bovinos abatidos e na comparação como o trimestre anterior, 0,1%.

Com o embargo de grandes indústrias e a dificuldade logística, o bovino jovem que atende ao padrão exportação também recuou. Já no Sudeste de Mato Grosso, a boa oferta de boiadas resultou em queda para todas as categorias de bovinos destinados ao abate na pecuária. Por fim, a chegada de uma frente fria é mais um fator relevante de pressão de baixa sobre a arroba do boi gordo, uma vez que deve acelerar a deterioração das pastagens, principalmente em Mato Grosso do Sul e resultar em menor capacidade de retenção por parte do pecuarista.

 

GARRA INTERNACIONAL

Para o CEO da Garra Internacional, Frederico Kaefer, chama a atenção para a alta demanda de consumo internacional, fazendo com que o preço da arroba se mantenha nos patamares atuais na pecuária. Ele também identifica a redução do hábito de consumo de carne vermelha por parte do brasileiro, apontando como principal fator o custo elevado. “Para se ter uma ideia, o consumo per capita de carne por parte do brasileiro em 2018 era de 32 quilos ano. No ano passado, fechou em 24 quilos per capita”.

O ciclo da pecuária é longo, a cada cinco anos. Ele explica a redução dos abates. “É um fenômeno de mudança de ciclo que vem desde 2009 para cá. O Brasil, até 2009, abateu bastante bovino, aumentou bem e isso provocou uma escassez de animais. Aumentou bastante a produção, com abate de muita vaca, muita fêmea até 2019. De lá para cá, começou um processo de retenção das fêmeas para produção de bezerros. Ou seja, o número de cabeças no Brasil até aumentou, mas o abate diminuiu, porque, é fêmea no pasto e não nos frigoríficos”. Por conta disso, começamos a sentir esse reflexo em 2022.

(Vandré Dubiela/Sou Agro)

(Vandre Dubiela/Sou Agro)