Dia da mulher: atuação feminina no agro muda as propriedades
#souagro| 8 de março é o dia internacional da mulher, uma data que é lembrada todos os anos para celebrar as conquistas e a força feminina. As mulheres são vencedoras em muitas áreas de atuação e vem conquistando cada vez mais espaço. Existe um ditado que diz: “Lugar de mulher é onde ela quiser” e isso se encaixa perfeitamente no mundo agro.
A cada ano as mulheres estão cada vez mais atuantes no agronegócio, são anos de luta para conquistar um lugar em um setor sempre dominado pelos homens. A caminhada não é fácil e até hoje tem muita mulher que não consegue ultrapassar essa barreira para participar das atividades rurais. Mesmo assim, há muitas histórias inspiradoras para contar. Uma delas é a da Maria Angélica Linhares, produtora rural, administradora, advogada, mãe, esposa, filha e tudo mais que ela conseguir abraçar. A trajetória dela é um exemplo a ser seguido por aquelas que ainda tem medo de começar a atuar na propriedade da família.
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COMO TUDO COMEÇOU:
Tudo começou há anos, quando o convite para ajudar na propriedade chegou justamente de quem geralmente não dá muito apoio para a participação feminina: do marido. Agassiz Linhares chamou Maria Angélica para atuar ao lado dele nos negócios da família, eles estão juntos há quase 32 anos e hoje os dois trabalham lado a lado para o melhor resultado na propriedade: “Ele me fez o convite e aquilo me despertou uma curiosidade muito grande e eu digo que eu conheci um pouco da lavoura e da pecuária pelo papel. As coisas foram crescendo e o agro sempre exigindo mais e mais e isso foi muito bom, ele foi me ensinando eu também fui buscando cursos, foi algo que foi crescendo dentro de mim. Eu estou por trás dos papéis e há sempre uma parceria sobre as decisões”, detalha Maria Angélica.
Ter começado fez com que Maria tivesse conhecimento sobre tudo na propriedade da família: “Isso me fez conhecer, o que temos, o que devemos e o que o nosso caixa está positivo. Eu vejo que muitas mulheres não tem acesso a isso, os maridos não abrem a concorrente. Eu vejo o quão privilegiados nós somos de termos essa parceria no nosso trabalho e o engrandecimento no casamento”, explica Maria Angélica.
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A MUDANÇA FEMININA NO AGRO
Para Agassiz a participação da esposa mudou completamente a maneira como os negócios acontecem: “É muito gratificante, hoje a gente ver o estágio que a gente está. Sempre fui de conversar com ela, mas como ela não participava, muitas vezes ficava abstrato para ela. Um exemplo é a venda de grãos e gado. Há mais de 10 anos que nós partilhamos essa decisão de venda ou não venda, porque antigamente eu vendia o soja e aí o soja subia, ou não vendia o boi e a arroba caía. Hoje ela tem um informativo diário de mercado e muitas vezes me leva as informações dos preços que eu nem tinha visto, então a participação dela é integral nisso. Nós temos uma conta conjunta desde que casamos e dentro da propriedade hoje ela sabe o que nós temos, para quem nós devemos, se vamos fazer ou não investimentos. E essa parceria é muito importante, essa parceria faz com que a gente tenha mais sucesso, a mulher tem sensibilidade, coisa que o homem não tem. Então é um conjunto, eu tomo a decisão mais técnica, mas na questão financeira e investimentos tudo ela tem participação. A gente vê o quanto a gente cresceu junto, evoluímos tecnicamente e nessa questão das decisões conjuntas”, detalha Agassiz.
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DICAS VALIOSAS DE UM CASAL QUE CRESCE JUNTO NO AGRO
Para as mulheres que estão lendo essa reportagem, perguntamos a Maria Angélica e Agassiz, dicas importantes para acabar com esse pensamento de que as mulheres não podem participar dos negócios dentro do agro. Pois quando há atuação feminina os resultados em união são sempre satisfatórios.
“É uma caminhada. Então como a gente tem avaliado os últimos anos, a presença da mulher, então não tenha medo você que está aí na sua propriedade em participar, mas para participar a gente tem que conhecer um pouquinho. Então temos que ser um pouco curiosas, já é da nossa natureza, mas busque o seu sindicato, busque as alternativas, as opções que eles nos dão em cursos, em simpósios, temos lives, participem e isso tudo nos engrandece. E outra coisa, a leitura, seja curiosa também nas revistas informativas, as próprias cooperativas também podem dar o suporte,
os técnicos, por exemplo, para pequena produtora”, detalha Maria Angélica.
Sobre a falta de apoio dos maridos também tem dica: “Se o marido ainda não permite é uma questão de jeitinho e você mulher, nós mulheres temos essa habilidade. Se é do seu interesse, venha, participe dessa luta diária dentro da sua propriedade. E outro grande ponto, incentive seus filhos, suas filhas, seus genros, sua nora a valorizar o que o campo tem de melhor”, finaliza Maria Angélica.
“Eles estão perdendo muito. A verdade é que tem muitos colegas, muitos agricultores como a gente que eles justamente tem uma resistência grande em dividir a participação, administração, contar aquilo que tá acontecendo na propriedade. Agricultura não é só coisas boas, estamos vivendo um ano de coisas muito ruins e hoje é dividido isso. Então esses homens na verdade que não deixam a esposa participar que acham que a esposa não pode ajudar, só tem a perder. Eu diria a todos os homens que larguem mão de quererem dominar e ser o dono da conta, ser o dono da decisão, eles só estão perdendo com isso”, detalha Agassiz.
(Texto: Débora Damasceno/ Sou Agro | Reportagem em vídeo: Sirlei Benetti)