Em uma semana, acidentes aeroagrícolas matam 2 pilotos
Em uma semana, dois pilotos aeroagrícolas já morreram neste ano vítimas de acidentes com modelos Ipanema, da Embraer. Descaso com a vida dos pilotos e com todo o setor aeroagrícola. É assim que o presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), Thiago Magalhães Silva, classificou a postura da Embraer, após uma videoconferência no início desta semana com diretores da fabricante de aeronaves.
VEJA O ACIDENTE ENVOLVENDO MODELO IPANEMA QUE QUEBROU AS ASAS EM PLENO VOO
No dia 5 de dezembro, em Lagoa da Confusão, Tocantins, o piloto de um Ipanema EMB 202A estava fazendo um voo de teste, lançando água sobre a pista. O objetivo era avaliar o comportamento da aeronave com sua carga normal, já que ela tinha recém voltado de uma revisão. Logo após o lançamento, a asa esquerda do avião se partiu e ele caiu uma lavoura de arroz. O piloto foi logo socorrido e sobreviveu com algumas fraturas e luxações. O aparelho estava com toda a manutenção em dia, inclusive a verificação periódica das longarinas das asas. Possíveis quebra de asas são associadas também a outros dois acidentes posteriores, desta vez com mortes. Um deles em 8 de janeiro, em Sorriso/MT, resultou na morte do piloto. O outro acidente fatal com um Ipanema foi na última sexta-feira (dia 14), em Cafelândia/SP.
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O encontro, que resultou na terça (18) uma notificação extrajudicial à fabricante, envolveu o Conselho Administrativo do Sindag e buscou soluções efetivas para o risco de quebra das asas em voo do avião agrícola Ipanema – frente a uma série de acidentes ocorridos nos últimos meses com o modelo, inclusive matando pilotos.
Diante do que os dirigentes aeroagrícolas classificaram como desdém por parte da fabricante frente à preocupação do setor, o sindicato aeroagrícola enviou a notificação extrajudicial ao Conselho de Administração da Embraer e ao Comitê de Auditoria, Riscos e Ética da fabricante de aeronaves. O documento pede que a empresa se manifeste em até 15 dias sobre as sete propostas apresentadas pelo sindicato aeroagrícola.
A lista engloba desde a criação de um canal direto com a fábrica para os operadores de aeronaves Ipanema até um trabalho de engenharia para propor uma solução definitiva para o problema, entre outros pontos. O objetivo é chamar a atenção da empresa para a gravidade da situação referente a seu próprio produto. E cobrar de maneira mais firme uma postura proativa pela segurança de pilotos e pessoal de apoio.
Com 206 associadas, o Sindag abrange cerca de 90% das empresas aeroagrícolas em atividade no País. O modelo Ipanema é fabricado desde os anos 1970 pela Embraer, está atualmente em sua sétima geração – versões EMB 200 até a EMB 203, e representa mais de 50% da frota aeroagrícola nacional (que é a segunda maior do mundo). Porém, uma nova série de acidentes com indício de perda da asa em pleno voo desde o final de 2021 abalou a confiança do setor no modelo.
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O dirigente destaca que os empresários aeroagrícolas saíram decepcionados do encontro via web. Por parte da Embraer, a reunião envolveu os diretores das áreas de Relações Governamentais, da Unidade Botucatu (onde é fabricado o Ipanema) e de Produto. “Vínhamos tentando uma reunião de emergência desde dezembro, em contato direto com diretores da Embraer. Aviões caindo, gente morrendo e a única resposta era de que eles que eles estavam em férias e tratado sobre o assunto mais tarde. Somente depois que acessarmos, via Linkedin, o presidente da empresa, Francisco Gomes Neto, é que se conseguiu o encontro”, desabafa Magalhães.
Desde 2013, os aviões Ipanema fabricados nos anos 1970 (EMB-200, EMB-200A, EMB-201 e EMB-201A) já tinham que passar por inspeção periódicas da longarina das asas e na sua fixação com a fuselagem, garantindo ausência de corrosão ou trincas. Em 2015, a própria Anac publicou uma Diretriz de Aeronavegabilidade (DA) incluindo na lista de revisões também os modelos EMB-202 e EMB-202A (fabricados, respectivamente, a partir de 1991 e 2004). Isso devido a seis acidentes onde se comprovou com sendo a causa a perda da asa em voo.
(Sindag)