Milho argentino para suprir demanda interna

Sirlei Benetti
Sirlei Benetti

 

No berço 206 do Porto de Paranaguá, o navio Aurora SB está atracado para descarregar 35.279 toneladas de milho. Importado da Argentina, o cereal, que costuma ser exportado pelos terminais paranaenses, vai abastecer o mercado interno, em especial a indústria de amidos, base para alguns produtos alimentícios humanos.

Este é o primeiro de quatro navios já esperados com milho para desembarque no porto do Paraná nos próximos meses. Com previsão de quebra na segunda safra do produto, outras importações devem acontecer até o final do ano.

Segundo o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia, pelos relatórios e divulgações oficiais sobre o desenvolvimento da lavoura de milho, existe uma frustração em relação à safra para o segundo semestre, o que deve ainda reduzir a oferta de milho para exportação.

“Em paralelo, a demanda interna aumenta e, por isso, as indústrias acabam tendo que importar. Devemos receber ainda mais milho importado para esse fim, considerando a quebra esperado para essa safrinha”, diz Garcia.

Segundo o diretor de Operações da Portos do Paraná, Luiz Teixeira da Silva Júnior, esta não é a primeira vez que o Porto de Paranaguá recebe milho de importação. “Toda vez que o consumo interno necessitar, essa operação vai ocorrer e o Porto de Paranaguá estará apto a receber o produto e descarregar com a mesma eficiência que operamos o produto para exportação”, garante.

Ainda de acordo com Teixeira, o produto é descarregado da mesma forma como os demais granéis de importação, como o malte, trigo, cevada e até a soja, o que foi realizado no ano passado.

Com o auxílio de guindaste, de bordo ou de cais (MHCs), equipado com uma espécie de concha (grab), o produto é retirado do porão do navio e, por um funil, é despejado na caçamba dos caminhões. “Parte da carga segue direto para o interior e o restante fica armazenado nos terminais de retaguarda do Porto de Paranaguá”, afirma Teixeira.

Como pontua o secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, o Brasil é um grande produtor de milho, inclusive com duas safras do produto, o que poucos lugares do mundo têm condição de fazer.

Porém, segundo Ortigara, a segunda safra (safrinha 2021) sofreu problemas no Paraná, assim como em alguns dos principais estados produtores (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás). “Ela está em risco porque foi instalada tardiamente, em função do atraso da colheita da soja. É uma safra que tem perdas elevadas em decorrência da estiagem”, comenta.

Apesar dos relatórios da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já apontarem para uma perda significativa, o País segue sendo grande exportador, mantendo a perspectiva de vender 35 milhões de toneladas de milho este ano.

“Só que com a desvalorização do real e com o crescimento dos preços no mercado mundial, o milho ficou um insumo caro para a produção de frango, porco, peixe, leite, que trabalham no limite, com muita dificuldade”, comenta o secretário.

Diante desse quadro, segundo ele, muitas agroindústrias já estão importando milho, muitos com benefícios fiscais, porque o produto, além de escasso, está caro demais. “Devemos ter grandes importações do produto para sustentar o nível de produção, em especial de frango e de porco”, diz Ortigara

Segundo ele, o problema é ainda mais grave nos estados vizinhos. Santa Catarina e Rio Grande do Sul não têm uma segunda safra de milho, como o Paraná.

 

(Sirlei Benetti/Sou Agro)

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