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OPINIÃO | A força do agronegócio brasileiro

Sirlei Benetti
Sirlei Benetti
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O agronegócio é um dos setores que mais movimentam a economia no país: pelo aumento da produtividade ao longo do tempo, pelo nível de investimentos realizados ou, até mesmo, pela quantidade de empregos que o setor gera, o que mostra o quão importante é a sua contribuição para o crescimento do cenário econômico nacional.

Segundo a Confederação Nacional de Agricultura (CNA), em 2019, a soma de bens e serviços gerados no agronegócio correspondeu a R$ 1,55 trilhão – ou 21,4% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Dentre os segmentos que mais contribuíram para tal desempenho, a maior parcela é do ramo agrícola, que corresponde a 68% desse valor (R$ 1,06 trilhão). Já a pecuária corresponde a 32% (R$ 494,8 bilhões).

Em 2020, o PIB brasileiro despencou 4,1% no acumulado dos quatro trimestres do ano. Segundo a série histórica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), iniciada em 1996, trata-se da maior queda no crescimento desde os anos 1990. Quando se analisa o PIB por setor de atividades, vê-se que a indústria amargou queda de 3,5% e o setor de serviços teve um recuo ainda maior, de 4,5%. O setor de serviços acabou sendo o mais afetado em decorrência do fechamento de algumas atividades como medida para conter a propagação da Covid-19 e seu consequente colapso no sistema de saúde.

Na contramão da indústria e do setor de serviços, o PIB do setor agropecuário cresceu 2% em relação a 2019. Esse resultado se deve ao aumento da produtividade das culturas de soja e de café, que em 2020 tiveram um incremento de 7,1% e 24,4% na produção, respectivamente.

No caso da soja, alguns fatores foram responsáveis pelo bom desempenho, que obteve uma safra recorde em 2019/2020, como clima favorável, aumento da demanda no comércio internacional – principalmente por parte da China –, queda na produtividade da soja americana e, principalmente, a disparada do dólar, que favoreceu as exportações dessa commodity e estimulou os produtores a incorporarem novas áreas para a cultura do produto, na busca por replicar o excelente resultado de 2019/2020.

De acordo com a Carta de Conjuntura n° 49 de 2020 do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), o crescimento da safra recorde 2019/2020 conferiu ao Brasil o primeiro lugar no ranking de maior produtor mundial, com 126 milhões de toneladas produzidas do grão. O lugar até então era ocupado pelos Estados Unidos, que passou para a segunda posição. A China, por sua vez, segue sendo a maior compradora do produto.

Do ponto de vista da demanda, o desempenho do setor primário da economia frente aos demais se deve, principalmente, à necessidade de ofertar suprimentos para os mercados externo e interno, vez que são itens de primeira necessidade, considerados essenciais no contexto da pandemia. Nesse caso, ao contrário de alguns setores de serviços, que tiveram redução de atividades, o consumo de alimentos continua ocorrendo, independentemente da situação socioeconômica. As pessoas tendem a economizar e buscar substitutos para alguns itens, mas parar de consumir, jamais!

O Brasil é hoje o maior exportador de açúcar, café, suco de laranja, soja em grãos e carnes bovina e de frango. Isso mostra que o país tem sido um dos principais responsáveis no fornecimento de suprimentos tanto para o mercado externo quanto para o interno. Para além do seu impacto no PIB, a participação do setor tem sido crucial para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.

 

Edinéia Souza é economista, mestre em Desenvolvimento Regional e Agronegócio e professora do curso Gestão Integrada de Agronegócios da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) – Câmpus Toledo.

 

Foto: Antonio Costa

(Sirlei Benetti/Sou Agro)

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