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Guerra gera preocupação nos portos brasileiros

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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#souagro| A gente vem acompanhando que a guerra entre Rússia e Ucrânia reflete em todo mundo. No Brasil não é diferente e no agronegócio os impactos causam preocupação, seja por conta dos fertilizantes, combustíveis, alimentos, no câmbio e até nos portos.

Mas afinal como o conflito começa a gerar apreensão no setor portuário? É justamente isso que vamos esclarecer. Os portos do Paraná possuem as principais portas de entrada de fertilizantes no país, por isso a administração tem acompanhado as questões da guerra com muita atenção.

 

A maior preocupação é com reflexos do conflito que podem atingir o mercado e a produção brasileira, principalmente o segmento dos granéis de importação, especialmente dos adubos: “Para se ter uma ideia, das quase 11,5 milhões de toneladas importadas de fertilizante no ano passado, cerca de 2,35 milhões, mais de 20%, vêm da Rússia. A preocupação realmente é com a Rússia que, guerra, tende a suspender as atividades portuárias e o comércio com os países, principalmente ocidentais”, afirma o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia.

Tanto a Rússia como o país vizinho, Belarus (ou Bielorrússia), são grandes produtores de fertilizantes, principalmente o cloreto de potássio. O gerente executivo do Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas no Estado do Paraná (Sindiadubos), Décio Luiz Gomes, fala sobre a preocupação com a logística: “A apreensão é quanto os problemas logísticos para escoar esses produtos. A invasão da Rússia à Ucrânia complica ainda mais a situação que já estava delicada com a Belarus, outro importante mercado.”

 

Décio também afirma que o mercado e a indústria dos fertilizantes no Brasil e no mundo já estavam sentido reflexos há algum tempo, quando a Rússia suspendeu as exportações dos produtos. Além disso, o impedimento imposto pela Lituânia para circulação de produtos da Belarus também já gerava preocupação.

É que o país é outra opção, além da Rússia, para o escoamento da produção de cloreto de potássio para o mundo: “Uma alternativa para o mercado brasileiro, na importação do produto, seria o Canadá, também grande produtor e exportador do cloreto”, completa Décio.

Nos dois países, Rússia e Belarus (ou Bielorrússia) quase todas as empresas que produzem os fertilizantes são estatais: “Ou seja, as decisões dessas empresas vão a reboque do que decidem os respectivos governos em relação ao mercado internacional”, diz Décio.

 

A falta de produto e o aumento de preço, serão os principais efeitos do conflito que gera impacto, também, nas demais atividades, incluindo a agricultura e o consumo final no país, segundo Décio: “A redução da oferta mundial de fertilizantes certamente vai nos afetar.”

Os portos do Paraná não recebem navios com bandeiras da Rússia, Ucrânia ou Belarus com muita frequência, por isso, segundo o presidente do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado do Paraná (Sindapar), Argyris Ikonomou, a preocupação não é tanto com a mão-de-obra, no caso, das tripulações, mas sim com o preço do frete: “A possibilidade de impacto negativo que eu consigo enxergar, no momento, seria a dificuldade, alto risco e o aumento do valor dos fretes para navios que, a partir de agora, vão escalar em portos da Rússia para carregamento de fertilizantes, por exemplo”, detalha Argyris.

O fato é que diariamente as preocupações se intensificam com relação aos reflexos da guerra entre Rússia e Ucrânia no Brasil. Ontem (28) teve reunião entre autoridades ucranianas e russas para discutir um possível cessar-fogo, mas o encontro terminou sem avanços.

 

(Débora Damasceno/ Sou Agro com Portos do Paraná)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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