AVICULTURA: 1º semestre será bem complicado, prevê Irineo
#souagro | Um dos principais nomes da cadeia de proteína animal relacionada às aves, o presidente do Sindiavipar (Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná), Irineo da Costa Rodrigues, concedeu uma entrevista exclusiva ao jornalista Vandré Dubiela, do Portal Sou Agro. Ele aproveitou para realizar um balanço do setor em 2021 e as perspectivas para 2022. “Teremos um primeiro semestre bem complicado”, disse em um dos trechos da entrevista. Confira abaixo a reportagem completa:
Sou Agro – A seca registrada no Paraná afetará em qual proporção a produção de milho, um dos principais insumos da avicultura?
Sr. Irineo – Os problemas climáticos que ocorreram e estão ocorrendo este ano, como a escassez de chuvas e depois as severas geadas no outono, frustraram a segunda safra do milho, e agora a seca está frustrando a safra de verão no Sul do País, diminuindo muito a já escassa oferta de milho para a avicultura do País e outras atividades, como a suinocultura, a atividade leiteira e a produção de ovos.
Sou Agro – Existe um risco de desabastecimento?
Sr. Irineo – Desabastecimento corre, sim, um certo risco para as empresas com pouco capital, vez que é preciso importar, seja de estados do Centro Oeste, ou países do Mercosul. O milho existe, mas não está nas regiões de consumo.
Sou Agro – Em relação à alimentação animal, qual será a alternativa para a escassez do alimento para as aves?
Sr. Irineo – No momento a alternativa ao milho é o próprio milho, mas “caro”. Tudo pode se normalizar com 2 alternativas:
A – Como se plantou o soja mais cedo, o milho segunda de safra será plantado numa boa janela de plantio, com colheitas previstas para o período de junho a agosto.
B – Banha enorme importância o Programa de Incentivo ao Cultivo de Cereais de Inverno e 2ª Safra, como o trigo, sorgo, triticale, aveias, cevada, entre outros. Só o PR tem 2.730.000 ha que podem ser plantados com estas culturas, num período em que não é produtivo plantar milho.
Sou Agro – O custo de produção tem prejudicado o produtor de aves? Quais são os principais produtos que estão encarecendo a atividade?
Sr. Irineo – Sim, o custo de produção está tirando completamente as margens de ganho do setor, e os preços ao consumidor subiram muito e podem ainda subirem.
Tudo está com custo muito alto, como as matérias primas (milho, farelo de soja, trigo), vitaminados, embalagens, frete, energia elétrica, construções, materiais metal/mecânicas, manutenções etc.
Sou Agro – Essa é uma das piores estiagens já enfrentadas pelo Paraná nos últimos anos?
Seguramente é uma das principais secas no Sul do País em décadas, sem precedentes.
Sou Agro – Qual a sua avaliação em relação ao momento vivido pela avicultura paranaense diante de tantos desafios?
Sr. Irineo – A avicultura do Paraná tem se mostrado resiliente, forte, moderna, combativa, mas está no limite. Além de problemas climáticos, temos a pandemia da Covid-19, que ainda onera o setor, como trabalhadores que não voltam ao trabalho por excesso de zelo do Poder Público, cadeias de abastecimento e logística desarticuladas, greves do Setor Público, aumento de taxas e impostos. Por isso não crescemos, mas abastecemos o mercado interno. Ainda assim, a avaliação é positiva.
Sou Agro – Quais as perspectivas para a atividade em 2022?
Sr. Irineo – Teremos um 1º semestre bem complicado, precisando de ajuda, ou que o Setor Público não complique. Se não conseguir ajudar, que não prejudique. Precisamos reconhecer que o governo federal ajudou na medida que prorrogou a Desoneração da Folha. Mas cabe mais. Precisa melhorar a logística. Disponibilizar ferrovias no Sul do País é fundamental.
(Vandré Dubiela/Sou Agro)
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