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Alta no preço dos alimentos bate recorde mundial

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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O preço dos alimentos aumentou, no mês passado, batendo todos os recordes. A informação é da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, que divulga o Índice do Preço dos Alimentos para o mundo. A alta foi puxada pelos óleos vegetais e derivados do leite.

Girassol

A subida foi de 3,9% em fevereiro com a marca de 140,7 pontos. São 24,1% acima do nível do ano anterior, e 3,1 pontos a mais que em fevereiro de 2011. O Índice mapeia as mudanças de mês a mês dos preços internacionais dos alimentos básicos.

O óleo vegetal subiu 8,5% em comparação a janeiro. A alta foi provocada pelos preços do óleo de palma, soja e do óleo de girassol. Mas o aumento mais acentuado nessa categoria foi a demanda global por importação, que coincidiu com alguns fatores laterais de oferta incluindo a queda da exportação do óleo de palma da Indonésia, que é o maior exportador global, as baixas previsões para a soja da América do Sul e as preocupações com a redução da exportação do óleo de girassol por interrupções na região do Mar Negro.

 

Leite e cereais

Já o preço dos derivados do leite aumentou 6,4% em fevereiro se comparado a janeiro. Neste caso, o fornecimento mais baixo que o esperado do produto na Europa Ocidental e na Oceania, assim como a demanda de importação no norte da Ásia e do Oriente Médio, foram apontados como motivo.

O índice de cereais da FAO está 3% mais caro que em janeiro puxado pelo aumento nos grãos duros, com os valores internacionais do milho subindo 5,1% devido a uma combinação de fatores como as condições das plantações na América do Sul, incertezas sobre as exportações da Ucrânia, além de uma alta no preço de exportação do trigo. O produto está 2,1% mais caro devido à incerteza do fornecimento global de portos do Mar Negro.

 

Ásia e arroz

Outra alta foi a do arroz, que está 1,1% mais caro por causa da forte demanda por arroz perfumado do leste da Ásia e da valorização das moedas de alguns países exportadores frente ao dólar americano.

Quem consome carne também notou uma diferença para cima no preço, de 1,1%, em comparação a janeiro com cotações da carne bovina alcançando um novo recorde entre a forte demanda global, ofertas restritas do gado para abate no Brasil e à alta demanda para reconstrução dos rebanhos na Austrália.

Enquanto os preços da carne suína subiram, os da bovina e de aves diminuíram, em parte devido, respectivamente, aos altos suprimentos exportáveis na Oceania e à redução das importações pela China após o fim do Festival da Primavera.

 

Brasil

Já o açúcar caiu 1,9% por causa das perspectivas de produção em grandes produtores mundiais como Índia e Tailândia, assim como melhorias das condições no Brasil. Segundo a FAO, as preocupações com as condições das plantações e exportações são apenas uma parte da razão do aumento global do preço dos alimentos.

Um impulso ainda maior para a inflação do preço da comida vem da produção de alimentos especialmente energia, fertilizantes e ração dos animais. Com a alta desses produtos, muitos agricultores podem desistir de produzir.

 

Boa notícia

A boa notícia é a expectativa no aumento da produção de trigo e milho este ano. No Boletim sobre Oferta e Procura de Cereal, a FAO espera a produção global de trigo aumentar para 790 milhões de toneladas com aumento nos campos e uma expansão das plantações na América do Norte e na Ásia levando a cabo uma pequena redução na União Europeia, além dos impactos adversos da seca em alguns países norte-africanos.

Em breve, será tempo de colheita no Hemisfério Sul com a produção do Brasil devendo alcançar um recorde. Argentina e África do Sul também aguardam níveis mais altos que o normal.

 

Ucrânia

A previsão global para a produção de cereal no ano passado é agora de 2,796 milhões de toneladas, um aumento de 0,7% em relação a 2019. A FAO elevou a previsão do comércio mundial de cereais para 484 milhões de toneladas, uma alta de 0.9% dos níveis de 2020 e 2021. Mas esta previsão não está levando em conta os impactos possíveis da crise na Ucrânia.

A agência da ONU, no entanto, alerta para alguns problemas em países considerado vulneráveis. Nas 47 nações de déficit alimentar de baixa renda, Lifdcs na sigla em inglês, a queda na produção dos grãos deve chegar a 5,2% entre 2021 e 2022, se comparado ao biênio anterior por causa de conflitos e de eventos climáticos extremos.

E a FAO lembra que a ofensiva à Ucrânia terá um forte impacto na produção global de cereais, o que quase não foi sentido na medição de fevereiro. A agência irá emitir atualizações sempre que necessário.

 

(Fonte: ONU)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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