Mulheres: força e protagonismo no campo

Relação do agrotóxico com o aumento de câncer de mama em mulheres

Amanda Guedes
Amanda Guedes
Mulheres: força e protagonismo no campo

SOUAGRO | O câncer de mama é a primeira causa de morte por câncer na população feminina em todas as regiões do Brasil, exceto na região Norte, onde o câncer do colo do útero ocupa o primeiro lugar. E a necessidade de prevenção é o foco da campanha Outubro Rosa.

No sudoeste paranaense, região produtora de alimentos, a incidência e letalidade desse câncer são maiores que a média nacional. Pesquisadores da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), em Francisco Beltrão (PR), observaram a relação entre o agrotóxico e o câncer de mama em mulheres rurais, nos últimos seis anos.

Em entrevista ao Portal Sou Agro, a médica e pesquisadora Carolina Panis explicou que um estudo foi iniciado e atualmente tem a contribuição de 700 mulheres. ‘’O que a gente observou, primeiramente, que a exposição dessas mulheres é no preparo das substâncias e principalmente na hora da descontaminação dos utensílios, da bomba de aplicação ou nas lavagens de roupas. E o pior é que mais 90% delas não usam nenhum tipo de proteção durante a descontaminação das roupas, ou seja, elas lavam aquelas roupas com agrotóxicos sem luva’’, aponta.

Mulheres: força e protagonismo no campo

A pesquisadora ainda diz de qual forma o agrotóxico reage no corpo. ‘’As pessoas têm a impressão de que a contaminação acontece pela inalação. Mas a contaminação também acontece pela pele. Essa via que a gente chama de contaminação transdérmica é bastante importante, já que a pele é um tecido vivo, tem uma capacidade gigantesca de absorver essas substâncias. Então, toda vez que uma mulher entra em contato com pesticida e não está usando luvas, ela se contamina. Então, é importante que a mulher se proteja’’.

Durante o estudo, os pesquisadores compararam os tumores de mulheres que moram na cidade com os tumores de mulheres que vivem na área rural. ‘’A gente viu uma seria de alterações relacionadas a exposição aos agrotóxicos. Identificamos que essas mulheres (do campo) tem uma dificuldade maior em responder ao tratamento. Essas mulheres têm alguns defeitos no sistema bastante importante chamado de ‘sistema imune’, que é a nossa defesa. E essa defesa dessas mulheres está enfraquecida e por isso não conseguem combater a doença com muita eficiência. E o grande ponto é a falta da proteção, a falta de equipamentos de proteção individual’’, alerta.

VEJA A EXPLICAÇÃO COMPLETA DA MÉDICA

 

Diagnósticos

Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam que foram realizadas 2,5 milhões de mamografias em 2020, sendo 300 mil de mamografias diagnósticas, nos casos em que o médico identifica um caroço no seio da paciente e encaminha para realizar o exame; e 2,2 milhões de mamografias de rastreio, exame realizado em caráter preventivo. Nesse último caso, o exame é indicado uma vez a cada dois anos em mulheres entre 50 e 69 anos, mesmo que a paciente não tenha nenhuma suspeita. Isso se faz necessário, pois é nessa faixa etária que o desenvolvimento da doença se apresenta de forma mais agressiva.

Ainda de acordo com o Inca, em 2020, 49.692 casos de câncer de mama foram identificados. Para os casos em que as mulheres precisam de quimioterapia ou radioterapia, todos os procedimentos são oferecidos pelo SUS. Em 2021, até agosto, mais de 108,8 mil pacientes passaram por esses tratamentos. Ao todo, foram mais de 4,2 milhões de procedimentos deste tipo.

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Um levantamento do Instituto Nacional do Câncer revela que, até 2022, 66.280 casos novos de câncer de mama podem surgir na população brasileira. Esse valor corresponde a um risco estimado de 61,61 casos novos a cada 100 mil mulheres.

A doença geralmente se manifesta através de um nódulo irregular, duro e indolor. Às vezes, com consistência branda, globosos e até bem definidos. Mas não importa o formato. Ambos são sinais de alerta e demandam cuidados. Com um leve toque na mama é possível identificá-lo e, quanto mais cedo isso ocorrer, mais chances a pessoa tem de cura. Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, apontam que em 2019, 18.295 brasileiros vieram a óbito, sendo 18.068 mulheres e 227 homens. Apesar de raro, a doença também acomete o sexo masculino.

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(AMANDA GUEDES / SOU AGRO)

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