Foto: reprodução internet

Na entressafra produtor pode se prevenir contra cigarrinha do milho

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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#souagro| Cigarrinha do milho, este é o assunto que não sai da cabeça dos produtores do grão. Essa praga está cada vez mais incidente nas lavouras e a cada safra o receio aumenta por conta das perdas que ela causa na produção.

Com o começo do plantio da soja, é importante que os produtores se atentem ao que pode ser feito no período da entressafra para tentar pelo menos diminuir a chegada de cigarrinha no milho. Para ajudar os agricultores, conversamos com o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Ivênio Rubens de Oliveira.

 

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“Em termos de controle dessa cigarrinha. Nós temos algumas dificuldades a serem ressaltadas. Como todo inseto vetor é muito difícil estabelecer um nível de controle, então eu não tenho essa ferramenta que me permita fazer um nível de controle e tomar a decisão de quando é que eu vou iniciar. Um controle da cigarrinha quase que funciona com a presença e ausência do inseto. Se eu tenho a presença do inseto, eu tenho risco de enfezamento, então, eu entraria com o controle e isso fortalece a minha necessidade de medidas mais preventivas. Quais são essas medidas preventivas? Primeiro, a cigarrinha precisa do milho para completar o seu ciclo reprodutivo. Então, eu preciso de ter cuidado para não deixar milho na área e isso implica uma eliminação de todo o milho tiguera, aquele milho espontâneo que nasce. Uma colheita bem feita para que não haja rebrota ou germinação de milho nos períodos de entressafra. Então, todas as formas que eu tiver disponíveis para não deixar a planta de milho na lavoura durante o período de entressafra seriam muito bem vindas”, detalha o pesquisador.

 

Além das medidas citadas pelo pesquisados, há também o trabalho das empresas para as cultivares que são mais tolerantes ao ataque da cigarrinha.
“Outra medida preventiva está na parte genética, na escolha de cultivares. Hoje, todas as empresas, elas têm a possibilidade de posicionar os seus cultivares de forma a estabelecer aqueles que sejam mais tolerantes ao ataque. Não ao ataque da cigarrinha, mas sim a ocorrência de um enfezamento, que é a doença que ela transmite. Então, buscar aqueles milhos que são conhecidamente tolerantes aos enfezamento, o pálido vermelho. Dessa forma, eu estaria previamente ajudando a controlar a ocorrência de doenças dentro da lavoura”, diz Ivênio.

 

Mas a pergunta que o produtor sempre faz é: e se nenhum desses métodos funcionar? Bom aí Ivênio também dá alguns detalhes e explica que o produtor precisa sempre se manter em alerta para tentar ao máximo fazer as prevenções necessárias.

“Uma vez que mesmo eu adotando essas medidas mais preventivas iniciais, eu ainda tenha problemas porque é um cigarrinha, hoje ela é endêmica. Então há a possibilidade de ela estar presente em todas as lavouras existe e é significativa. Eu posso lançar mão de alguns controles. O primeiro é o tratamento de sementes, que, embora cada vez mais a gente considera que o tempo é reduzido, hoje, em tom de cigarrinha, nós falamos dez dias, em média, que tem esse período residual do tratamento de sementes sob a ocorrência da praga. Então, a gente tem que estar preparado para uma segunda medida preventiva, se a cigarrinha prevalecer no campo, então eu posso lançar mão de pulverizações. Nesse caso de pulverizações, eu tenho tanto produtos químicos quanto produtos biológicos registrados. O problema nessa parte é que muitos produtores em muitas áreas, muitas regiões do Brasil, acaba colocando um excesso de pulverizações na lavoura. Nós temos notícias, às vezes até mais de dez pulverizações, e isso não é bom. Então a gente chama atenção aqui para o posicionamento. O tempo certo de entrar com essa questão do produto, principalmente se eu fizer a opção com produto biológico mais sustentável, eu tenho que estar ali no início da plantação. Até o V4 seria um limite muito bom para que eu pudesse entrar com essas pulverizações e estabelecer esse controle. Eu tenho que antever o problema”

As pesquisas estão focadas em trazer cada vez melhores resultados aos produtores para tentar diminuir a incidência da cigarrinha e como consequência as destruições na produção.

“Dentro das nossas pesquisas, nos nossos trabalhos, um número grande de pulverizações, principalmente com químicos, não tem surtido efeito. Nós observamos efeito significativo até a terceira pulverização, a partir da quarta pulverização já não tem um efeito que compensasse tanto a entrada desse tratamento. Dependendo do produto, é caro e o produtor pode aumentar o seu custo de produção em função disso, desse número maior de pulverizações. Nós temos trabalhado agora dentro de uma possibilidade de melhorar o diagnóstico. Seria ideal se a gente tivesse uma ferramenta que permitisse capturar uma cigarrinha e saber se ela está contaminada ou não, porque se eu tivesse isso, eu poderia entrar com o controle no momento certo e eliminar a cigarrinha no momento que ela fosse mais problemática. Então a gente está caminhando nesse sentido, continuamos trabalhando também na questão de posicionamento das pulverizações para achar o momento cada vez mais ideal para que esse controle seja estabelecido. E as empresas, ao mesmo tempo, têm trabalhado muito nessa parte da genética para trazer cultivares cada vez mais tolerantes aos enfezamentos e a gente espera que todo esse esforço conjunto resulte em resultados muito positivos para os produtores, que é o nosso objetivo”, finaliza Ivênio.

PROBLEMAS DA CIGARRINHA PARA O MILHO

Os enfezamentos do milho são causados por bactérias pertencentes à classe dos Mollicutes, que são transmitidas pela cigarrinha-do-milho. O espiroplasma causa o enfezamento pálido, enquanto o fitoplasma causa o enfezamento vermelho. As doenças são vasculares e sistêmicas: os mollicutes se concentram no floema da planta, estrutura responsável pela circulação da seiva elaborada (composta por nutrientes), obstruindo-o e causando desordens fisiológicas, nutricionais e bioquímicas nas plantas de milho.

Os sintomas das doenças são mais severos na fase de produção, polinização e formação dos grãos, quando o metabolismo da planta se intensifica. O momento exato da ocorrência vai depender da época em que a planta foi infectada, da cultivar de milho utilizada e das condições ambientais (em períodos mais quentes, o metabolismo da planta é mais intenso).

(Débora Damasceno/Sou Agro)

(Foto: CNA)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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